Cadeiras: apenas opiniões
O bom colunista Juliano Ribas opinou a favor da colocação de cadeiras na Arena. Além de bom colunista, ele é um profissional coerente, pois, como publicitário, contribuiu com a criação da campanha “Atlético Total” e não poderia pensar de outra forma. É graças ao sucesso dessa campanha que hoje somos campeões brasileiros, temos o melhor estádio da América Latina e nossa diretoria é bastante influente no Clube dos 13.
Foi pensando assim, “pra frente”, que chegamos aonde chegamos. Apesar disso, considero a opinião de Juliano boa, fundada, mas um pouco diferente da minha. Tenho um certo receio com relação a essa idéia brasileira de focar a evolução do futebol nos moldes europeus. Somos melhores e mais criativos que eles no campo e somos mais vibrantes e criativos que eles nas arquibancadas. A verdade é que perdemos feio fora do estádio, pois também os dirigentes brasileiros são mais criativos que os europeus, mas infelizmente costumam atuar em favor próprio e não conforme os interesses dos clubes que dirigem (leiam-se aqui Flamengo, Vasco, Fluminense e Botafogo, Corinthians e Palmeiras, Grêmio e Internacional).
O futebol europeu não é pura e simplesmente mais organizado que o nosso. Lá no Velho Continente existe mais dinheiro e menos impunidade, dois fatores avessos ao que temos no Brasil. A organização do nosso Atlético é fruto da criatividade administrativa e, acredito eu, da honestidade da geração Petralia, que fez parcerias com empresários, com instituições e com o Estado para montar times vencedores, para fazer o melhor dos estádios brasileiros, para formar jogadores e para vendê-los à Europa, onde, segundo nosso próprio presidente Deliberativo, “ainda pagam absurdos” por um atleta.
É bom para nós, torcedores brasileiros, que temos no mercado europeu a maior e mais plausível fonte de renda para nossos clubes. Nosso Atlético evoluiu em função dessas boas formações e boas vendas de jogadores. Não consigo crer que, no contexto curitibano, o Atlético consiga pôr 20 mil abastados nas novas cadeiras da Arena. Não põe nem por “quinzão”! Minha intenção não é expulsar da Arena os novos ricos e trazer de volta os maloqueiros da Baixada. Nada disso. Quero que o Atlético continue aquele time para todos. Só quero que nosso Furacão seja cada vez mais o “Clube Atlético dos Paranaenses”. Aí sim vamos vender cada vez mais camisas, santinhos, canecas, bolas, chaveiros, imagens, jogadores e até ingressos.
Minha posição com relação às cadeiras é em pé. Só em casa eu consigo assistir sentado aos jogos do Furacão. Na Arena, eu vibro com o time. Sei que a colocação das cadeiras é inevitável, pois trata-se de uma adaptação ao Estatuto do Torcedor e um critério para a realização de jogos internacionais. Tenho um medo sincero de que nossa torcida sente e esfrie ou tenha suas coreografias atrapalhadas pela presença das cadeiras. Da minha parte, torço para que elas deixem nosso estádio ainda mais bonito e respeitado, mas que sejam bem pequenas e nem dêem vontade de sentar, pois a razão de ser Furacão do nosso time é a honra que a nossa torcida presta às vibrantes cores da camisa do Atlético: o vermelho e o negro.
P.S.: Sugiro cadeiras de pedra, aço ou qualquer material indestrutível no espaço reservado à torcida adversária: na primeira chance que tiverem, os coxas (sabemos disso) vão tentar quebrar tudo.