As sugestões apareceram
Os primeiros protestos da torcida do Atlético contra o valor fixado para os ingressos no Nacional atiçaram a ira da cúpula diretiva do clube. Pior para o atual presidente. Pelo que se sabe, o sr. Fleury tem uma considerável folha de serviços prestados à instituição. Em homenagem a esse histórico, ele poderia ter poupado os ouvidos dos torcedores. Ao não aceitar os gritos de quem não tem condições de pagar R$ 30 por jogo, foi grosseiro e arrogante. Numa pavorosa demonstração de preconceito, confundiu a plebe com delinqüentes, bêbados, drogados e irresponsáveis (será que não existem criminosos nas altas esferas freqüentadas pelos ilustres cartolas, com seus colarinhos brancos e engomados?). A gigantesca crise social que atinge o País não é responsabilidade da direção do Atlético. Nem se questiona isso. Ainda assim, nada autoriza que torcedores apaixonados a verdadeira alma do clube sejam tratados com desrespeito ou desprezo.
Mas a cartolagem não parece disposta a abandonar as suas convicções. No final do jogo com o União, o mandatário MCP, numa linguagem um pouco mais amena do que a utilizada por seu par, defendeu as razões do Conselho que preside. E se declarou disposto a “dialogar”, desde que fossem apresentadas alternativas viáveis para o clube. Pois bem. Quem se dedicar a ler as várias mensagens divulgadas pelos sites ligados ao Atlético vai constatar que as sugestões apareceram. E não foram poucas. Mesmo assim, os senhores da razão permanecem irredutíveis. Estão obcecados por um objetivo que os condenará ao fracasso. Eles querem afastar do estádio os “consumidores” de baixo ou médio poder aquisitivo. Para isso, contrariam a lógica, imaginam uma sociedade que não existe e se atribuem poderes absolutos. O que estão pretendendo fazer tem um nome: ditadura. Lutar contra ela é a tarefa que cabe aos milhares de torcedores que foram convidados a deixar de lado a sua enorme paixão.