Contradições
O Rei do marketing esportivo, Sr. Petraglia, juntamente com seu obreiro, Sr. Fleury, parecem que não entendem de mercado. Primeiramente, partamos do princípio que estes senhores agora não consideram os atleticanos como torcedores e sim, consumidores, de acordo com as suas últimas declarações.
Eu não preciso ser economista para entender que um produto para ter sucesso de venda necessita de demanda. Não adianta fabricar Ferrari e montar uma concessionária na Etiópia ou no Burundi para fazer sua comercialização. É inviável economicamente.
Outro exemplo: quem nunca observou em shopings centers algumas lojas chiques, quase sempre sóbrias e vazias e que disponibilizam pequena variedade de roupas? Geralmente são roupas exclusivas e caríssimas por causa da marca e do status que garantem a um número reduzido de pessoas que consomem esses produtos. Em contrapartida, outras lojas não demonstram o mesmo requinte tosco, mas as roupas têm boa qualidade e um preço acessível, por isso vende bastante. Neste caso, o problema pode ocorrer quando você vai a uma festa, pois a probabilidade de alguém estar vestindo a mesma roupa do que você é muito grande. (para os homens, isso não é tão constrangedor!)
Agora, realizemos um paralelo disso com o futebol: você se sentiria constrangido ao ir a um local onde estivessem várias pessoas com a camisa do Atlético? É óbvio que não! Em se tratando de torcida de futebol, a análise é contrária.
Dificultando o acesso dos torcedores ao estádio, com um preço de ingresso inacessível, estaremos reduzindo a probabilidade de crianças recém-nascidas virem a se tornar torcedoras do Atlético.
Se realmente somos consumidores, vai ter um monte de torcedores potenciais que irão optar pelo Coritiba, pois ele oferece um produto simples, barato e eficiente. Simples, porque o time é limitado, barato porque o Couto Pereira é um estádio antigo e ultrapassado e, eficiente, porque mesmo com tudo isso, sagrou-se campeão sobre o nosso querido Atlético, dentro da nossa portentosa Arena (e eles não tiveram a dita da pré-temporada!). Isso é uma constatação.
Agora, existem aqueles empresários inteligentíssimos, os quais começaram o negócio com uma pequena mercearia e hoje faturam bilhões com seus hiper-mercados, pois perceberam que é possível e viável economicamente vender um ótimo produto, a preço acessível e tratando cordialmente seu cliente. A diretoria do Atlético está vendendo um ótimo produto, mas o preço é absurdo e ela está sendo extremamente deselegante com seu cliente, quando o denomina de bandido, drogado e bêbado. Suponhamos que seja, mas mesmo assim, não cabe ao Fleury o julgamento, pois nossa sociedade dispõe de meios legais para isso. E se eles quebraram as cadeiras, foi porque mais uma vez essa sociedade podre os cerceou de um direito básico: o lazer. E quem não se sente pertencente a algo tende a se revoltar contra ele. Eles quebraram as cadeiras, mas 40 mil reais cobrem o prejuízo (valor meio alto, não acham?). E a diretoria que quebrou nosso orgulho e o nosso sentimento quando nos discriminou e delegou extrapoderes a esse sujeito desequilibrado chamado Mario Sérgio Pontes de Paiva, não é responsabilizada?
Entendo que no esporte, se perde ou se ganha e que o futebol tem que adquirir fundamentos empresariais para sobreviver. Mas da maneira com que tudo está acontecendo, não podemos concordar.
Tenho que ser sincero em admitir que a vitória do Coritiba foi a vitória da humildade contra a pretensão dos engravatados que tomaram conta dos destinos do Atlético. Mas como eles disseram: os 100 sócios do clube votaram a favor dessa linha de atuação. Nós pobres mortais que não temos condições de sermos associados resignemo-nos.
Então porque a Diretoria não tenta montar um outro time com 100 sócios-torcedores?Viram, como isso envolve uma questão de direito coletivo? Eles não são donos do Atlético!
Com fiascos, como o ocorrido nas finais deste Paranaense 2004, não há nenhuma Clear Channel que faça milagres de marketing. A melhor forma de marketing no futebol, é a faixa de campeão no peito e isso o Coritiba construiu sem nenhuma empresa estrangeira por trás, literalmente.