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22 jun 2004 - 12h44

Ilan, o injustiçado?

Tradicionalmente técnicos e jornalistas esportivos gostam de copiar o futebol e a fórmula que rege o futebol europeu, infelizmente nem sempre copiamos o que há de melhor, e repetidamente copiamos o que há de pior. Um bom exemplo do que há de melhor é a flexibilidade tática e a inteligência de alguns treinadores europeus que é esquecida por nós. Porém existem alguns mitos que o tempo vai tratando de quebrar aos poucos, o futebol europeu vai demonstrando a sua fragilidade, e em todos os aspectos.

O almejado campeonato por pontos corridos(que existe a anos na Europa), que nós jornalistas e torcedores, sempre levantamos a bandeira como: “o mais justo” já dá sinais de que pode não durar muito. No Brasil, o primeiro campeonato em sua estréia foi um sucesso, mas começam a surgir as “viúvas” das finais. Há quem ache que um campeonato sem finais não tem graça, apenas um primeiro sinal de que tudo pode mudar, e de que o campeonato dos sonhos pode não ser o ideal. Na Europa os tradicionais campeonatos de pontos corridos a cada campeonato que passa tem um desgaste e esvaziamento de público, sinais do que algo deve ser mudado.

A administração dos clubes europeus também não é muito diferente do que é feito aqui no Brasil. Clubes tradicionais como os italianos Lazio e Roma, todo início de campeonato sofre uma grande pressão pela falta de dinheiro promovem uma verdadeira “correria” para levantar dinheiro em bancos e com sócios para poder iniciar o campeonato sem sofrer nenhuma penalidade, e não por acaso o time da Roma esse ano começou a se desfazer de seus campeões(zagueiro argentino Samuel, o brasileiro Emerson e o próximo deve ser o italiano Totti). E esses não são os únicos casos de clubes endividados na Itália e na Europa, nesse “seleto” clube muitos outros fazem parte. E ainda existe jogador brasileiro sonhando com o “el dorado” europeu. Sonho esse que pode se tornar um pesadelo. Europa a qualquer custo, mesmo que seja para um clube pouco tradicional do Continente, ou ainda para um país onde o campeonato nacional não tenha muita visibilidade como a Rússia, Turquia, Escócia, Suíça,etc, pode não ser mais uma garantia de futuro.

Os times grandes investidores do momento no mundo da bola Real Madrid(Espanha) e Chelsea(Inglaterra) faziam parte dos endividados, mas ao contrário do que muitos pensam não foi a boa administração que os salvou da falência. O Real Madrid por exemplo vendeu seu badalado centro de treinamentos para poder pagar o salário de seus jogadores e a partir daí começar a investir na contratação dos seus grandes craques(Zidane, Figo, Ronaldo, Becham). Com o Chelsea não foi muito diferente, o tradicional clube de londrino só conseguiu ressurgir das cinzas quando foi vendido para o milionário russo Roman Abramovich.

Mas na parte tática eles ainda dão show, lá os craques aprendem a marcar, e lá os melhores jogadores jogam. Muito parecido com o que se fazia no Brasil em outros tempos, ou como diria o Felipão: “no tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça”, onde sempre havia espaço para um craque. Era muito mais lógico e fácil ensinar um craque a marcar do que ensinar um “cabeça de bagre”, com o perdão da expressão, ser criativo. Lá os jogadores de criatividade podem e jogam como segundo volante, e não o inverso. Zidane no Real Madrid por exemplo tem a função de dar combate ao adversário, assim como o habilidoso meia italiano Francesco Totti faz na Roma, Kaká no Milan, etc. E na Europa não é incomum jogadores habilidosos jogarem fora de sua função, tudo em prol do bom futebol onde os melhores jogadores do time jogam independentemente da função que terão de exercer. No Atlético cada vez mais acho que existe um jogador em especial que não pode ficar de fora do time. Entre muitos craques como: Jadson, Fenandinho, Dagoberto(Maradona da Baixada), etc; esse jogador é Ilan. Ilan não pode ficar de fora. Não como centroavante, mas na mesma função que o brasileiro Kaká exerce no Milan, um meia-atacante que municia os atacantes e faz gols vindo de trás. Sem a obrigação de marcar gols, e sim a função de criar o espaço para o time jogar. Ilan é um jogador inteligente que sabe carregar bem a bola, enxerga bem os companheiros e supriria muito bem essa função. Deixem o Ilan jogar nessa função e depois me digam se estou errado, já imaginaram o meio campo do Furacão com Alan Bahia, Adriano, Fernandinho e Ilan? E o ataque com Washington e Dagoberto… Sonhar não custa nada.



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