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10 dez 2004 - 16h52

Esperando a segunda estrela

Faz 9 anos. Eu tinha 16. Não sabia nada da vida… só vi meu pai sentado ao lado do rádio. Me lembro como se fosse hoje a vibração dele quando acabou o jogo e eu perguntei o que havia acontecido. Ele me disse “O Furacão está Primeira Divisão”.

Depois disso vi tantas coisas. Meu primeiro jogo na Baixada Velha, em 96, contra o Palmeiras, show de Paulo Rink e Oséas, depois o Criciúma, quando rebaixamos o Fluminense.. aquele Pinheirão nojento.. a inauguração da Arena, Libertadores 2000, a Consagração de 2001, entre tantos momentos.

Chegou 2004…não lembro o dia exato, mas foi a primeira rodada do campeonato. Jogo contra o São Paulo no Morumbi. Ouvi no rádio só por ouvir, andava sem tempo de acompanhar futebol. Nem sequer pensava na possibilidade de acompanhar o Atlético em 2004. O trabalho me tomava o dia todo, inclusive os finais de semana. Lembro que foi 1×0 no finalzinho do jogo. Pensei que o ano, realmente, estava perdido após aquela triste volta olímpica que os ervilhas deram em nosso terreno sagrado.

Os dias foram passando, as rodadas também… me via com mais tempo, pelo menos sabia com quem era o jogo do final de semana, não precisava perguntar “pai, com quem o nosso time joga hoje?”.

Chegou aquele jogo contra o Internacional. Que lástima. Eu, num bar, cheio de gente, minha melhor amiga é uma ervilha, imaginem… quando saiu o sexto gol, ela bateu na mesa e gritou “truco”. Eu tive que rir para não chorar. E pensei “é, esse ano já era”. Mal podia imaginar o quanto estava enganada.

Tudo mudou naquele Atletiba no Chiqueiro. Eu, no mesmo bar, com a mesma amiga ervilha. “O castigo vem a cavalo. Quem ri por último, ri melhor”. Não é isso que dizem? Pois é, acho que isso é uma grande verdade. Nunca passou pela minha cabeça que a virada começava ali, em cima de nossos arqui-rivais, na casa deles. Mal podiam eles cogitar a hipótese que ali começaria nossa arrancada para uma possível glória. “Nuvem passageira”, “Ventinho”, “Brisa”, etc… vários apelidos sem sentido para nosso querido Furacão. As rodadas passaram e a nuvem não passou, e o vento continua soprando forte. Mais forte do que nunca.

Tropeços vieram, grandes vitórias também, a tristeza com a contusão do Dago, e muitas lições. Nessa altura do campeonato, minha falta de tempo era para as outras coisas. Quando se tratava de Atlético, eu me dedicava totalmente. Até que era chegada a hora de enfrentar o São Caetano. Cinco de dezembro de dois mil e quatro. Um dos dias mais emocionantes da minha vida. No intervalo eu era um corpo jogado em uma das cadeiras da Curva Madre Maria. Desanimada, só podia pensar “e agora?”. A resposta veio nos últimos 45 minutos. E agora nós temos Fernandinho, Jádson, Washington “Coração Valente -Artilheiro do Brasil”, e Denis Marques. Nós temos Alan Bahia, Marinho, Fabiano, Ivan, Marcão. Nós temos Pingo, Rogério Correa, Raulen. Nós temos Diego, nós temos Levir. Nós tínhamos ali, naquele domingo, 20 mil pessoas emocionadas gritando e empurrando um time à vitória. Nada nos seguraria naquela tarde. Absolutamente nada.

A ansiedade agora cresce. Nove anos depois de subir para a série A, estamos perto da segunda consagração. Há várias rodadas os que nos seguem estão torcendo por um tropeço nosso. Chegou a nossa hora. Torcer para o nosso Rubro-Negro fazer a parte dele, e também fazer uma coisa que nós não precisamos fazer até agora: torcer para que o Santos tropece, para acabar de uma vez com essa angústia e finalmente, ver essa segunda estrela nascer e começar a brilhar, para completar nossa felicidade e para calar a boca de muita gente que merece. Porque nós, Atleticanos de verdade, só merecemos essa abençoada estrela!



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