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15 maio 2005 - 23h20

Cotidiano n° 2

Já que não é para reclamar, vamos então nos acostumar com a situação. Aceitar as coisas que não podemos modificar. Quando o time deposita confiança em Diego, Marin, Baloy, Jancarlo, Fabrício, Etto, Durval, Danilo, Ticão, Cocito – meu Deus do céu! -, Aluisio e Maciel, fica muito difícil. Isso sem contar os Tavares, Netinho, Rodrigo Souto, e tantos outros que fizeram estágio no Atlético. Nunca vi uma safra tão ruim. Quando se erra uma vez, duas vezes, normal, mas errar sempre, pode nos levar à conclusão de que deve ter alguém no Atlético ganhando dinheiro indevidamente, sem merecer.

Nosso time pratica milagres. Cria “lazarentos”, ressuscita mortos como Lázaro. Retira-os das tumbas e dá-lhes vida. Todo mundo vai querer jogar conosco.

Enganam-se aqueles que dizem estar praticando uma política correta como esta que se está fazendo no Furacão. Para que a garimpagem dê certa, faz-se necessário ter, pelo menos, uma boa base, pois sem isso, nenhum garoto dará certo em qualquer time, nenhum deles sobreviverá ao caos.

Desmontaram a espinha dorsal, a cozinha, a sala e o banheiro do time. Agora, dizem que querem conquistar o mercado português. Sentem-se atraídos pelos lusitanos. É bom lembrar que Portugal nos trouxe a gonorréia, a sífilis, muita exploração, e a escravidão do povo negro. Salvaram-se das suas ações, apenas a unidade da língua portuguesa – graças ao Marquês de Pombal -, e a maravilhosa miscigenação do povo brasileiro.

Agora, o Marquês de Pombal – versão tupiniquim -, quer que voltemos ao passado e fiquemos aguardando os portugueses, entregando-lhes ouro, diamante, lindas cabrochas, e fiquemos em troca, com os “espelhinhos quebrados” que nos trazem: velhos e imprestáveis “trombolhos”.

O pior é que não podemos reclamar, pois se assim o fizermos, estaremos contra a política saudável do grupo hegemônico. Dizem-nos que há um grande projeto no Furacão: Só pode ser o projeto de ser campeão da segundona no ano de 2006.

Não tenho saudades do Farinhaqui, do Onaireves Rolim de Moura, mas tenho muitas saudades do tempo em que havia um só lado, uma só voz. Ela vinha da arquibancada, passava pela presidência, vinha como uma “ola” alucinante. Ela fazia parte de nós e nós fazíamos parte dela. Éramos um só.

Não vou perder a alegria de ser atleticano, isso ninguém me tirará, nem o Sr. Petraglia conseguirá fazer isso. Na verdade, ele manda no Atlético e os seus auxiliares não têm coragem de “peitá-lo”, não têm coragem de chamar a sua atenção quanto às coisas que ele está fazendo de errado. Acabei de ver o segundo gol do Paraná, feito pelo jovem Tiago Neves. Com tantos olheiros que o Atlético têm, como não o “olharam”?

Estou triste, estou desolado. Infelizmente estão tirando o Clube Atlético Paranaense das nossas mãos. Não posso reclamar, dizem que há um projeto. Não acredito em nada disso, acredito em incompetência e vontade descontrolada de ter lucro – sempre -, sem preocupação de manter a mínima qualidade desejável pela torcida, que passa a ter o verdadeiro papel de “otária” nessa história toda.

Como dizia Vinicius de Morais, em Cotidiano nº 2:

Às vezes quero crer, mas não consigo,
É tudo uma total insensatez,
Aí pergunto a deus, escute amigo,
Se foi pra desfazer, por que é que fez?
Nunca uma música foi tão bem feita para definir o atual momento.



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