Fomos longe
É óbvio que estamos chateados com a perda do título. Principalmente como ele foi perdido, de forma desastrosa. O time jogou a pior partida de sua vida, justamente na partida da vida do clube.
Sejamos otimistas. Mesmo na derrota. Afinal, vamos ver o que fizemos até aqui. Fomos os vice-campeões da Taça Libertadores, dentre 38 equipes que disputaram a competição (contando com a fase classificatória). Assim como já tínhamos chegado ao vice-campeonato brasileiro em 2004, que nos credenciou para esta disputa. E entre um e outro torneio, fomos campeões paranaenses. Ou seja, disputamos o título em todas as últimas competições que participamos.
Sejamos otimistas, sim. O Clube Atlético Paranaense demonstrou que tem estrutura e que sua estrutura sempre o levará a grandes vôos. O CT do Caju e toda infraestrutura que ele tem, com um trabalho sério nas divisões de base, continuam a revelar talentos a cada nova competição. A Arena da Baixada é o melhor estádio do País e um verdadeiro caldeirão que fez falta na final.
Sejamos realistas também. Apesar deste potencial e da organização, o CAP não tinha uma equipe melhor que o São Paulo. O time apresentou muita irregularidade ao longo da competição. Chegou a perder na Arena, para um Indepiendente de Medelin, por iguais 4 x 0. Não conseguimos uma única vitória nas últimas 03 partidas da competição.
Fomos longe com o time que temos. Com muita garra. Com muita vontade chegamos à final. É quase uma unanimidade considerarmos esta equipe inferior à do ano passado, por exemplo. E realmente, ela é. Ah, se estivéssemos com Washington em campo. Dagoberto. Dennys Marques. Jadson. Sem desmerecer Fernandinho (que fez parte daquele time) ou Evandro (que é uma jovem promessa), ou mesmo Aloysio e Lima, que em determinados momentos lembraram as grandes duplas de atacantes que este clube tradicionalmente produz, fomos longe sim.
A defesa com Durval falhou muito. Foram 23 gols em 14 jogos. Só em 03 partidas não sofremos gols, mas todos os adversários sentiram o gostinho de balançar nossas redes. Todos. Diego é um goleiro de seleção, mas a defesa é muito vulnerável, convenhamos. Durval falhou feio em várias oportunidades. Principalmente nos dois jogos da final. Lopes, o grande estrategista e responsável pela bela campanha (por ter trazido o Atlético até aqui) escalou mal André Rocha no lugar de Alan Bahia. A defesa ficou vulnerável e não se criou nada. E o ataque marcou 22 gols. 01 a menos do que sofremos.
O meio de campo não é criativo. Fabrício é o seu expoente máximo. E já disse tudo. Este garoto apenas esforçado já chegou a ser execrado pela torcida. Se redimiu por causa de gols de falta ou de chutes potentes fora da área. Mas continua a ser o Fabrício de sempre. Num momento decisivo da partida, em vez de chutar forte (sua característica) quis inventar e foi colocar a bola…na trave.
Se o ataque não chegava, quando se precisava de um gol, era quase impossível ser campeão. Parecia o Atlético do campeonato brasileiro em campo. Faltou a garra que levou este time até onde estava? Talvez sim. Ou talvez, convenhamos, foi a qualidade do São Paulo, que jogou com muita vontade, que impediu o rubro-negro participar da partida. Afinal, Rogério Ceni praticamente não tocou na bola. Nem mesmo para cobrar uma falta, é verdade. Mas não fez nenhuma defesa que deixasse o torcedor atleticano menos chateado. Nem mesmo no pênalti.
De qualquer sorte, fica a experiência. E o título honroso de vice-campeão da Libertadores. Assim como é uma honra ter chegado a uma final com uma equipe limitada, mas com muita determinação.
Parabéns furacão. Nesta era da Arena, o Brasil passou a conhecer e respeitar o Atlético. Começamos a fazer o continente nos conhecer. Perdemos, é verdade, mas para um grande São Paulo. Um clube tradicionalíssmo em Libertadores. Que usou de todas as armas possíveis, inclusive sua superioridade técnica. Se nós tínhamos Diego, eles tinham Rogério Ceni. Mas o SPFC tinha mais. Tinha Cicinho e Junior. Tinha Lugano e Fabão. Danilo e, principalmente Amoroso e Luisão (uma dupla que joga junta desde os tempos do Guarani). Merecido título. Assim como foi merecido o vice-campeonato. Parabéns São Paulo. Parabéns Atlético.
Agora é voltar à atenções para mais um campeonato brasileiro. Praticamente impossível de se ganhar a esta altura. Mas dá para conquistar uma vaga que esta mesma competição proporciona. Vaga para uma outra disputa, que já estamos nos acostumando: A Taça Libertadores da América.