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16 jul 2005 - 19h30

O Sul somos nós, atleticanos

A decisão da Taça Libertadores transformou-se de ‘grande final brasileira’ em um ‘combate regional’, onde o ‘emergente’ time do Sul enfrentaria o ‘todo poderoso’ representante do eixo em busca do título mais cobiçado das Américas. Tudo estava expressamente demonstrado, sem meias palavras: ‘Paranaense versus São Paulo’. Um sentimento estranho tomou conta até dos menos avisados.

Quase acostumados às ofensas e desaforos proferidos pela imprensa especializada em rede nacional, aos olhos dos outros chegamos à final em frangalhos. Embora o semblante de nossos guerreiros demonstrasse otimismo e confiança, a ameaça em enfrentar a força demonstrada pelo São Paulo soberano, que ditava as regras do cerimonial de sua festa em seu próprio reino – o que infelizmente não pudemos fazer – deixava bem clara intimidação, com ares de absoluta naturalidade. O ‘estranho’ – volto a repetir – ‘aos olhos dos outros’, era a ambição do ‘emergente’ time do Sul em derrubar o rei em seu próprio trono.

O desenrolar dos fatos, despertou de forma natural um sentimento sulista inato e cultivado em meio à revolta com os atos de soberba, prepotência e falta de respeito absoluta de nossos adversários. A América Latina nos lembrou: somos o ‘Paranaense’.

Lá em Porto Alegre fechou-se a questão. Com exceção dos mais fanáticos colorados, que deixaram suas origens de lado em favor dos interesses de seu time do coração, o gaúcho pendeu para nosso lado, que em verdade nada mais era do que o lado deles. O Sul vestiu-se de vermelho e preto, e rubro-negro foi aquele futebol tipicamente sulista que praticamos com tanto orgulho: pegada, raça, marcação, velocidade. Ataques fulminantes e tiros certeiros. Trouxemos por vezes santos das nuvens para a terra, para o gramado, e aqui mostramos o que um time de homens deve fazer.

Hoje está tudo acabado. Perdemos o campeonato mas lutamos até o fim, como não poderia deixar de ser porque não negamos nossa origem. E de tudo isso, como homens e honrados, tiramos várias lições, muitas das quais ainda não foram completamente assimiladas.

Mas a principal, e que é a mais forte, é que inobstante o resultado desfavorável desta última partida nós demonstramos que somos melhores em tudo. Vitórias limpas nos campos, respeito e humildade. Trabalho e resultado. Grandeza de espírito. Orgulho de vestir vermelho e preto. De vencer e comemorar. De perder e chorar calado. De saber e poder levantar a cabeça.

Mostramos que como torcedores somos melhores do que os 50 mil bandidos mortos de fome, que misturados entre os 70 mil que lá estiveram, mesmo diante de uma grande alegria como a conquista de um título dessa magnitude depreda, saqueia e destrói sua própria cidade. Que nossos cartolas são melhores que os deles que admitem puxar saco de dirigentes de entidades organizadoras ‘por educação’ (nem isso eles sabem o que é). Nossos jogadores são melhores do que os deles, porque soberam passo a passo superar de forma assustadora seus próprios limites frente às estrelas da seleção que mal terminam um jogo vencedor chora lágrimas de crocodilo para poder virar as costas rumo ao dinheiro do exterior. Mostramos que somos fortes e honrados. Na vitória e na derrota. Cada torcedor, cada dirigente, e principalmente cada jogador está de parabéns.

Hoje cá estamos nós, na realidade do Campeonato Brasileiro. Como todo atleticano é claro que não considero que nossa atual posição reflita nossa realidade e capacidade. As rodadas que virão certamente demonstrarão isso a começar no próximo jogo de 6 pontos com o Mineiro. Porém esse mesmo campeonato, que quase levamos ano passado, hoje, para mim, tem outra cara. Rubro negro de essência, sulista de nascimento e formação, com exceção de um único representante dessa parte abençoada do Brasil que jamais dará pra engolir, em primeiro lugar meu amado Atlético, em segundo os demais clubes sulistas. O resto… é resto e quero que se dane.

Bola pra frente rubro-negro !



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