15 ago 2005 - 0h11

Raça, Furacão

Nenhuma palavra combina melhor com o Atlético de 2005 do que irregularidade. Nesta temporada, o vice-campeão brasileiro iniciou o ano de modo titubeante, com dois grupos de jogadores trabalhando de forma separada para a Libertadores e o Campeonato Paranaense. Sob o comando do então desconhecido Casemiro Mior, o Rubro-negro teve uma surpreendente boa estréia na competição sul-americana e chegou a abrir 2 a 0 sobre o Independiente, em Medellín. Porém, nos minutos finais acabou cedendo o empate. Aquele jogo é uma boa síntese do Atlético no ano. Atravessando ciclos de altos e baixas, o time alterna partidas fantásticas com atuações ridículas. Quando a maior parte da torcida já havia perdido a esperança com a equipe, eis que o Furacão ressurge das cinzas e passa a jogar um bom futebol. Mas quando está tudo a favor, com bons jogos e confiança da galera, o time patina e volta a decepcionar. Afinal, qual é o verdadeiro Atlético?

Para tentar responder a essa pergunta, é bom relembrar de alguns jogos e fatos. De início, é bom destacar que este time jamais pode ser acusado de perdedor. Com uma garra fenomenal, os jogadores honraram a camisa rubro-negra e fizeram uma campanha na Libertadores digna de orgulho para a torcida. Jogos como as vitórias sobre o Santos, a goleada no Chivas e as classificações históricas conquistas no Paraguai e no México já fazem parte de um acervo precioso da atual geração de torcedores atleticanos. Quando jogou com raça, disposição e força de vontade, o time nunca decepcionou.

Não por casualidade, os piores momentos do Atlético em 2005 ocorreram quando o time esteve desacompanhado dessa característica fundamental: a raça. Foi assim no primeiro jogo da final do Campeonato Paranaense, repetiu-se na humilhante derrota para o Independiente da Arena e na final da Libertadores, no Morumbi, além da seqüência de primeiros jogos do Brasileiro.

Outra diferença fundamental está no rendimento da equipe quando conta com seus titulares e quando atua com um time reserva. Durante o Paranaense, no início do ano, os suplentes jamais foram capazes de realizar uma partida convincente. O aproveitamento foi tão negativo que resultou da própria extinção do projeto de dois grupos separados. Depois, no início do Brasileiro, o time também penou quando não pôde contar com os titulares. O único triunfo foi justamente na primeira vitória do Atlético no campeonato, contra o Coritiba. Neste jogo, porém, houve dois fatores fundamentais: o apoio da torcida e a raça dos jogadores, tão ausente nas partidas anteriores.

Depois da vitória no Atletiba, o Atlético embalou no Brasileirão. Voltando a jogar na Baixada, acumulou vitórias e empolgou a torcida em jogos históricos como os contra o Vasco e o Cruzeiro. A esperança foi resgatada e os atleticanos voltaram a sonhar com a classificação para a Sul-Americana ou até mesmo para a Libertadores. Entretanto, duas derrotas seguidas, para São Caetano e Paysandu, voltaram a colocar em cheque a identidade da equipe. A torcida voltou a ficar desconfiada e preocupada com a possibilidade de rebaixamento.

O segredo para retomar a boa fase passa por dois aspectos: a força do time titular e a raça dos jogadores. "Se o Atlético não tem uma equipe fantástica tecnicamente, pelo menos prima pela raça. Contra o Paysandu, nem raça teve", comentou Walter Xavier, do programa Mesa Redonda, apontando que o time não teve a tradicional força de vontade na última partida. "Quando tem o Cocito e o Marcão, o time tem liderança dentro de campo. Até pelo exemplo que esses jogadores representam", completou Valmir Gomes, citando dois jogadores experientes e apontados como os mais "raçudos" do elenco.

A resposta aos questionamentos da torcida terá de ser dada pelos atletas. Contra o São Paulo, motivação não faltará. Será a oportunidade de dar o troco pela derrota na final da Libertadores e certamente a Arena estará lotada de atleticanos fanáticos, que apoiarão a equipe do início ao fim do jogo. Por um lado, o time certamente terá desfalques – Lima cumprirá suspensão automática, Aloísio e Cocito são dúvidas. Portanto, já se sabe que Antonio Lopes não poderá contar com força máxima. É justamente por isso que se torna mais relevante o outro fator decisivo, a raça. No próximo sábado, contra o São Paulo, tudo o que a torcida atleticana espera é que os atletas honrem o hino do clube e provem que rubro-negro é quem tem raça.



Últimas Notícias

Brasileiro

Fazendo contas

Há pouco mais de um mês o Athletico tinha 31 pontos, estava há 5 da zona de rebaixamento e tinha ainda 12 partidas para fazer.…

Notícias

Em ritmo de finados

As mais de 40 mil vozes que acabaram batendo o novo recorde de público no eterno estádio Joaquim Américo não foram suficientes para fazer com…

Brasileiro

Maldito Pacto

Maldito pacto… Maldito pacto que nos conduz há mais de 100 anos. Maldito pacto que nos forjou na dificuldade, que nos fez superar grandes desafios,…

Opinião

O tempo é o senhor da razão

A famosa frase dita e repetida inúmeras vezes pelo mandatário mor do Athletico, como que numa profecia, se torna realidade. Nada como o tempo para…