Relembrando 1970
Parabéns a todos os atleticanos e colaboradores dos sites Furacao.com e Rubronegro.net, pela iniciativa de relembrar um dos títulos mais marcantes da história do Atlético. Não se trata de comemorar um título por si só, como faz aquele clube que a todo ano comemora o aniversario de um campeonato, conquistado com saldo de gols negativo e pontuação pífia. Resultado da bagunça do futebol brasileiro, na época das fórmulas mirabolantes. E que tem como único objetivo tentar através de um marketing barato, diminuir a distância que se torna cada vez maior em relação ao Atlético.
Trata-se de relembrar a paixão de um povo, que sofrido pelas décadas de administração conturbada, nunca desistiu. Do carisma de um clube, cuja torcida crescia com o sofrimento. Da dedicação de dirigentes e jogadores que honraram a tradição da raça.
Se hoje a vibração da torcida é muito superior a dos adversários, naquela época só a nossa vibrava, cantava, xingava, inventava trocadilhos, dava espetáculo. As outras se limitavam a levantar na hora do gol. Creio que é isto que mais irrita aos adversários, esta magia inexplicável que arrebata torcedores mesmo no sofrimento.
As lembranças da infância são mágicas, ainda mais quando fazem parte dela momentos como o título de 70. Devido a pouca idade, não me permitiram acompanhar os primos e amigos mais velhos até Paranaguá. Um grande rádio de 4 faixas de onda na sala para todos acompanharem. Uma bandeira que tinha o dobro do meu tamanho, e desde que acordei naquele dia não largava. A tensão inicial, e a festa final. Nem mesmo o cai cai feito pelo Grêmio de Maringá na outra partida, para beneficiar vocês sabem quem, assustou.
Pavilhão agitado na frente de casa para todos verem. Passeata na rua XV, bandeiras as centenas, muito pó de arroz(farinha), grande foguetório. No dia seguinte outra surpresa. Na hora do recreio do Colégio Santa Maria, dezenas de colegas de todos os anos deram a volta olímpica no pátio com as bandeiras que trouxeram escondidas dentro das malas. Como sempre acontece com a torcida rubro negra foi a primeira vez que tal fato ocorreu naquele estabelecimento de ensino. O passado pode ter sido amargo, mas teve momentos de grande magia que só o Atlético proporciona. Que o amor, dedicação e raça daqueles dirigentes e jogadores, desprovido de qualquer interesse sirva um pouquinho de exemplo aos atuais mandatários e atletas. Quanto a paixão da torcida, esta é eterna.
Mais uma vez parabéns e um grande abraço.