Se perguntarmos pra cem atleticanos o principal motivo de sermos atleticanos, tenho certeza que a maioria absoluta, se não todos, vai responder que é pela força que a nossa torcida tem. Torcedor organizado ou não, velhos, crianças, jovens e mulheres são iguais, todos apaixonados pelo time, vivem o Atlético no dia a dia, somos considerados arrogantes por isso. A força da nossa torcida é reconhecida Brasil afora. Todo mundo sabe a encrenca que é jogar aqui, a pressão que a torcida faz. Vide os bambis que fizeram de tudo pra fugir daqui na final da Libertadores.

É lógico que títulos, estrutura, estádio moderno, tudo isso ajuda. Mas o principal é a força do torcedor. Não fosse assim, não seríamos a maior torcida, inclusive na faixa etária dos vinte aos cinqüenta anos, como comprovou a pesquisa divulgada pela Gazeta, justamente o pessoal que sofreu com um Atlético que não tinha a menor condição de fazer frente aos “grandes” do país e se contentava em ganhar um Estadual ou outro.

Fiz essa pequena introdução porque tem acontecido uns fatos na Baixada ultimamente que tem me deixado triste.

Existem alguns torcedores, se é que podemos chamá-los assim, que não estão nem aí pra nada. Vão ao campo com a pré-disposição de avacalhar o jogo inteiro. Xinga o goleiro, xinga o lateral, xinga o reserva, xinga o técnico, e pouco importa que o time esteja vencendo o jogo com sobras. O que importa é atrapalhar a mística da nossa torcida.

Alguns fatos, uns vistos por mim mesmo, outros que leio dos comentários de outros torcedores nos diversos fóruns de discussões dos nossos torcedores:
– Atlético com 5 minutos de jogo vence o Botafogo por 1×0. Mesmo assim, um passe errado do Jancarlos, que tem sido um dos melhores jogadores do time, vira motivo de vaias por meia dúzia de corneteiros. Com 15 minutos de jogo, total tranquilidade do time em campo, mas o coro vai engrossando. Xingamento é o que não falta. E assim vai até o final do jogo, mesmo que o Botafogo não tenha criado mais do que três chances de gol.
– Diego, machucado, vai na Baixada assistir o jogo contra o Atlético MG. Na primeira defesa do Thiago, meia dúzia de babacas que estão por perto começam a xingar o cara. E olha que ele nem estava jogando. Preferir um outro, vá lá, mas daí a xingar um jogador do time que nem no campo estava é demais.
– No mesmo jogo, absolutamente sob controle, depois de duas tentativas de drible do Dagoberto que deram errado já aparecem os primeiros coros xingando o jogador, que é o melhor do time e se não for o melhor jogador do campeonato, é com certeza um dos três melhores.

Esses caras estão em todos os locais do estádio. O que eu relatei acima aconteceu na GV inferior, MM inferior e BA superior, respectivamente, e são pequenos exemplos de comportamentos que vem acontencendo todo jogo.

Quero dizer que já passou da hora desse tipo de torcedor voltar a apoiar o time. Claro que a maioria absoluta não age assim e é isso que mantém a nossa mística. Mas esses corneteiros vem crescendo nos últimos jogos. E eu nem digo de jogos que estamos perdendo, com várias jogadas erradas, com o time jogando mal. Aí eu até entendo uma vaia. Mas em jogo no qual o time está vencendo tranqüilamente isso não tem como admitir.

Vejam o exemplo do Lima e do Fabrício. Não são cracaços, nem jogadores de primeiríssima linha. Mas jogam pela camisa e só precisou a torcida deixar de pegar no pé pra começarem a render o que qualquer um duvidava. Com esses chatos, como o Diego e o Dênis Marques, pra ficar nesses, vão voltar a jogar bem?

Torcedor, você não precisa ficar o jogo inteiro pulando e se esgoelando. Se não avacalhar, já vai estar contribuindo pra que o Atlético não perca o que tem de mais forte, que é o apoio incondicional do seu torcedor. Agora, se a tua idéia é ir pro campo pra passar o jogo inteiro reclamando, mesmo com o time vindo de uma série de vitórias e jogando muito mais que o adversário, faça um favor para sua paixão: Fique em casa. Acompanhe pelo rádio, xingue onde ninguém possa te ouvir.

Torcida corneta é coisa de coxinha. Não vamos perder o que temos de melhor.