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29 out 2005 - 15h38

Histórias do Saloon “Pinga-Mijo”: era uma vez no oeste

O temido Kid Gionédis, O Desequilibrado, entrou no saloon “Pinga-Mijo” e deu de cara com o não menos temido Chefe (de torcida) Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada que acabara de tomar sua quinta dose de whisky puro, sempre num gole só. Aquele saloon, “Pinga-Mijo” era seu nome, era pequeno demais para os dois e para suas grandes cabeças inchadas de tanto levar pancadas e todo o povo que ali estava sabia bem disso.

Kid Gionédis, O Desequilibrado, caminhou até o balcão e pediu uma dose de whisky triplo e o fez sem tirar os olhos de cima do Chefe (de torcida) Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada que sustentava, em resposta, um olhar cheio de ódio.

Os homens, modo de falar, que estavam ali por perto, abriram caminho e eis que Kid Gionédis, O Desequilibrado, e o Chefe (de torcida) Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada se viram face a face. O clima era pesado e o menor movimento poderia deflagrar uma hecatombe.

– Está olhando o quê? _ provocou Kid Gionédis, O Desequilibrado, com sua voz ríspida como a casca de um abacaxi do Texas.

– Estou olhando a sua cara pálida e feia! _ replicou Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada num tom mais provocativo do que o rebolado da mulata mais bonita do oeste.

E aí o tempo fechou. Kid Gionédis, O Desequilibrado, cerrou os punhos e desferiu um duro golpe que acertou em cheio a boca de Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada. Imediatamente, um grosso jato de sangue esguichou da boca do Chefe de torcida (frise-se: Chefe da menor e mais chocha torcida do oeste).

Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada limpou a boca com as costas da mão direita, cuspiu o sangue que ainda lhe amargava a língua e olhando fixamente para os olhos de Kid Gionédis, O Desequilibrado, sentenciou:

– Bate, bate na cara desse que sempre te deu amor. Machuca o corpo que sempre te pertenceu.

E Kid Gionédis, O Desequilibrado, com olhos de fogo, mirou o meio da testa de Índio-Verde-e-Branco-Sentado-na-Jibóia-Esticada como se visse ali um alvo, rangeu os dentes como se quisesse fazer faísca e berrou para que todo o saloon, “Pinga-Mijo” era seu nome, ouvisse:

-Nuuuuuuuuncaaaaaaaaaa!!!!!!!!! Deus que me livre bater nesse corpo que é só meu!!!!!!!! Eu quero é te pedir perdão pelo mal que te fiz, boba!!!!!!!!! Me perdoa?

E depois do perdão do Chefe (de torcida), eles se abraçaram, se beijaram, subiram num pangaré (que, aliás, é a coisa que mais tem no saloon “Pinga-Mijo”), rumaram a galope para a segunda divisão e foram felizes para sempre!



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