Um atleticano argentino em Buenos Aires
Você está num táxi, fora do Brasil, num dia de trabalho. Olha para a calçada e vê alguém numa camisa rubro-negra. O que te lembraria isso?
Pois é, essa era minha situação na quinta-feira dia 2 de fevereiro. Minha primeira visão foi das costas, na altura dos ombros e o rubro-negro da camisa imediatamente chamou minha atenção e com o movimento dos carros na rua (que me impediam de ver o restante das costas) não demorou muito a ver o restante da camisa. Aos poucos foi sendo possível ler no alto da camisa a expressão “OS FANÁTICOS”, e logo abaixo veio a característica caveira símbolo da gloriosa torcida organizada. O Bairro era o de Caballito, próximo do local onde recolhem os trens do metrô; a cidade: Buenos Aires, República Argentina.
Era um argentino típico levando em suas mãos coisas de seu trabalho. Não tinha cara nem jeito de brasileiro. Não pude evitar, pedi para o táxi parar, afinal de contas estava prestes a obter resposta para algumas de minhas dúvidas. Perguntas como por exemplo “o marketing do Atlético dará certo?” ou “é possível o Atlético ter torcedores tão longe?”, estavam a um passo de poder conseguir alguma resposta.
O taxista confessou depois de meu retorno que ficou um tanto assustado com minha atitude de parar o carro no meio de uma corrida para abordar alguém com uma camisa cujo símbolo era uma caveira nas costas, mas depois de explicar o ocorrido ele acabou até pedindo mais sobre o nosso glorioso Atlético, e eu, obviamente, fiz minha propaganda. Ele acabou por lembrar da final da libertadores que havia assistido.
Pois bem, abordei o indivíduo como se fosse pedir uma informação, falando em português (foi a primeira coisa que me veio à cabeça), ao que me respondeu em um espanhol porteño típico meu interlocutor (minha primeira dúvida estava sanada, não era um paranaense, ou um brasileiro, perdido em Buenos Aires); falei com ele que era torcedor do Atlético e pedi onde poderia conseguir uma daquelas camisas em Buenos Aires, ao que me foi dito que havia recebido a camisa em troca da sua com um membro da torcida organizada, e que apesar de torcer para para o Boca Juniors era um sincero simpatizante do nosso Atlético. Lamentou não poder informar onde eu poderia conseguir uma para mim.
Meu táxi estava esperando, e havia um almoço marcado para o qual estava atrasado. Não pude explorar mais sobre meu interlocutor, o que gostaria, afinal de contas era um amante do bom futebol e um atleticano de muito longe, mas me dei por feliz em obter as respostas que buscava.
Daquele breve momento tirei algumas conclusões.
Penso ser inevitável que o Atlético acabe por ter torcedores e/ou simpatizantes onde quer que sua imagem de clube sério, organizado e com fama de brigador vá. A mim pouco importa o que falem os marqueteiros da globo por exemplo (quem sabe a globo um dia também vá para a segunda divisão das emissoras), eu já tive minha prova, eu já vi!
Mas também ficou uma importante lição para o marketing do atlético. Em nenhuma loja que fui achei a camisa do atlético, e a única camisa que vi estava sendo usada, com gosto, por um argentino que recebeu um símbolo (certo que não oficial, mas um símbolo sim) de nosso time de um outro torcedor anônimo membro da organizada.
Já fui à Arena ver muita briga da torcida com a diretoria por causa de uma bateria ou das bandeiras. Coisas locais e importantes para ambos os lados. Tais disputas locais acabam por criar diferenças que impedem outros trabalhos que poderiam ser feitos em comum entre a diretoria e as torcidas organizadas. E dentre estes está a divulgação do atlético em locais onde as torcidas organizadas vão e as emissoras de televisão não vão. Vi um exemplo vivo disso em Buenos Aires. Não foi o marketing oficial do atlético, ou a televisão que vestiram de rubro-negro um nosso simpatizante atleticano. Foi um desconhecido torcedor, de uma organizada, que fez a maior divulgação do atlético nas ruas de Buenos Aires no dia 02 de fevereiro de 2006.
Fica aí um meu registro positivo para que se possa conseguir uma expoloração conjunta e mais produtiva da imagem do Atlético pela união de esforços dos torcedores anônimos, da direção das torcidas organizadas e a direção do CAP.
O texto hoje é mais curto por causa da concentração, hoje é dia da estréia do alemão e isso não perco por nada!!