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18 mar 2006 - 15h17

Ditadura rubro-negra

A história nos mostra que ao longo do processo de desenvolvimento social do homem, muitos foram os casos em que se estabeleceram, nos mais diversos Estados, formas de governo autoritárias, comumente denominadas ditaduras. Esses governos absolutistas, embora com características próprias no espaço e no tempo, possuem alguns pontos em comum. Alguns exemplos são o continuísmo de um mesmo grupo no poder por tempo indeterminado, a repressão a qualquer tipo de oposição, o controle dos meios de comunicação e a conseqüente centralização das informações, uma maciça propaganda ufanista que exalte o Estado, etc. Foi assim, por exemplo, nos tempos de Getúlio Vargas, conhecido como “pai do povo”, mas que impôs no Brasil uma das mais cruéis e severas ditaduras que já existiram no mundo, onde qualquer ato contrário aos interesses do Estado condenava o seu autor à pena de morte.

Faço essa pequena introdução para dizer que o que se observa hoje no Atlético, pelo menos do meu ponto de vista, é uma certa forma de totalitarismo. Os homens que estão no poder estão lá há mais de dez anos e sem previsão de fim. Não existe nenhuma oposição interna, a torcida é tratada como objeto de interesses maiores, sendo colocada de lado para dar lugar a apreciadores e consumidores. Os pronunciamentos da diretoria são raridade e as informações sobre o time rareiam a cada dia, em medida inversa à propaganda sobre a estrutura e grandeza do clube, que não param de crescer. Deixo claro, no entanto, que nenhuma objeção tenho aos dirigentes do Furacão. O que eu questiono é apenas o método de trabalho adotado.

O Atlético cresceu nos últimos anos como nenhum outro time brasileiro. Foi o que mais investiu em infra-estrutura. Disputou e ganhou títulos. Hoje a “marca” (não gosto dessa denominação) Atlético é conhecida por muito mais pessoas do que há dez anos. E tudo isso é certamente muito bom. A diretoria fez um trabalho sensacional, sem dúvida. Mas será que não poderia essa gestão ser um pouco mais democrática? Será que os torcedores (o fim de um clube de futebol não é o seu torcedor?) não seriam mais felizes com uma gestão mais aberta? Mas será que os diretores se importam em ter torcedores mais felizes? Será que a os interesses da torcida fazem parte das pautas de discussão da diretoria rubro-negra? Ou será a massa atleticana apenas uma massa de manobra para interesses outros, típicos de uma ditadura? Juro que não sei, só sei que essas dúvidas têm me incomodado.



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