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17 jul 2006 - 16h20

Assim falou Givanildo

Assisti ao jogo pela televisão, com a horrível cobertura jornalística de sempre. Não tinha escolha. Encarar o estádio do Severiano para ver pernas-de-pau em campo é uma aventura que perdeu sentido há uns dez anos, pelo menos. Dispenso o passado. Na tela sem esperança, nenhuma surpresa. O bando desgovernado cometeu os erros de praxe. E foi derrotado. A vida continua, embora cada vez mais azeda (não sei por que a cabeça ainda fica inchada, o corpo dói e a solidão passa a ser tão desejada).

Antes de desligar o domingo triste, liguei o rádio, busquei uma outra realidade, uma notícia, um suspiro de vida. Nada. Veio o mestre Giva, que proferiu a sentença antológica: “Jogamos melhor do que na quarta-feira, ninguém pode negar”. Ele falou isso! Acácio falou para milhares de pessoas: jogamos melhor! Como se o desastre diante do Fortaleza pudesse perdoar a ruindade do domingo. Como se jogar melhor do que naquele outro dia, naquele dia para esquecer, significasse algo de importante. Como se a mediocridade fosse a meta, mais do que o consolo. Como se aquele dia, um dia para esquecer, pudesse servir de referência para o progresso. Givanildo assim falou. O Givanildo que não sorri, como Nietzsche.

Sou insistente, e permaneci com o ouvido colado no aparelho que parecia, ele mesmo, cansado de tanta repetição. Os chiados, a pilha fraca, tudo sugeria uma basta. Mas sou teimoso. Veio o mandatário-fantoche. Trabalhamos com denodo, responsabilidade, dedicação, competência, modernidade, ciência, informática, parcimônia, isso, aquilo e mais aquilo. Os bons jogadores, data venia, estão sendo carreados (!) para clubes do exterior, mas a alta tecnologia dos métodos aplicados em nosso CT nos indicará o caminho das luzes. Não precisamos nos preocupar. Foi o que disse.

Fechei os olhos. Vi Givanildo à beira do gramado. Vi Moreno, imóvel à Roberto Carlos, no primeiro gol deles. Vi Erandir (será que era ele?) não sair do chão no segundo. Vi o campeonato chegar perto da metade. Vi a completa ausência de perspectiva. Vi meu amor à beira da tragédia. E arremessei para longe o velho rádio de pilha, que se fez em pedaços contra a parede do quarto.

Minha paciência foi carreada para não sei onde. Despedaçou-se, como o meu velho amigo de ondas médias.



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