O espanto
Quem estuda filosofia grega sabe da importância em se definir o sentido desta palavra: ela é que provoca a reação capaz de executar a mudança, ou seja, aquilo que é necessário. Distantes do Mediterrãneo, vivemos às cercanias de uma Arena onde não existem mais filósofos, portanto, não há mais espanto.
A tranquilidade estóica perdura no espírito de todos os seus imperadores, a julgar pelo tempo que já passou por todos nós este ano. Givanildo, um homem simples mas modesto treinador, tão explicitamente quanto um filme do Stanley Miranda, é destituído de todo e qualquer requisito que se faz minimamente obrigatório para exercer a função de técnico do Atlético: não tem fibra (pasmado à frente do banco diante do seu amontoado, a contemplar os erros, como se estivesse esperando a chuva impossível no sertão), não tem comando (deixa qualquer um bater o pênalti, como se estivesse goleando), não tem capacidade (destituição absoluta de qualquer esboço de esquema tático).
Mas ele não tem culpa. Ele é assim. Nós aprendemos que ele é assim. Mas será que a diretoria não aprendeu, que ele não serve? Deus, Alá, Buda, Padre Cícero, Iansã ou qualquer figura aí do alto, como pode os mesmos homens que revolucionaram nosso clube, ergueram aqui em baixo o melhor estádio do país, fizeram as melhores transações do mercado da bola (justificáveis enquanto olheiros criavam celeiros), agora encontrarem-se nesta situação? Há algo de estranho no ar: tiveram a copa inteira para mudar e não o fizeram. Já podíamos ter um técnico de verdade, com planejamento de jogo, mesmo com estes jogadores que aí estão (exceto os mencionados na sequência). O espanto, o novo, a mudança.
Mas nada disso: uma teimosia gionédica (ou giovânica) impede este fato que urge por si só. Isto é cientificamente bizarro…comprar pacotes? Pacotes de quê? Só se for de laranjas pôdres: Danilo, Evandro, Dagoberto, Herrera, Givanildo: todos estes já deviam estar longe daqui. Quem sabe atuando no cinema. Pois filme pornô é que nem time ruim: é uma merda, mas a gente assiste. Só que não queremos mais assisti-los.
Queremos sim, racional e cronologicamente falando: tragam o Geninho e não caiam pra 2ª este ano, terminem a Arena e promovam os juniores e tragam alguns da ADAP p/ 2007, cobrem 10 reais o ingresso e lotem todo jogo em 2008. Assim, é mais gente a testemunhar, a cobrar, a torcer, a empurrar, a viver dignamente o Atlético. Sem preocupações com marasmos, com Danilos, sem precisar causar espanto ou filosofar. Platônicos, desçam do mundo das idéias, olhem para trás e vejam onde eles foram parar! Até o Paraná tá indo bem! Olha O PERIGO: ano que vem ATLETICO X BONAMIGO! Reflitam…e AÇÃO!