Vivendo e aprendendo
Viver perigosamente, era o que eu mais fazia, nos tempos de colégio, no saudoso SEPAM, lá em Ponta Grossa, já se vão mais de 25 anos. Todo o ano era a mesma coisa: só me preocupava em estudar quando a água já tinha passado, e muito, do meu traseiro. Aí era o maior desespero para recuperar, mas acabava passando de ano. Na alegria por ter saído do sufoco, sempre vinha minha mãe, com a velha ladainha: aprendeu agora a lição? No ano que vem vai estudar desde o começo do ano?
Não. Por pior que fosse o sufoco no final do ano letivo, eu sempre parecia esquecer tudo nos meses de férias e, no recomeço no ano seguinte, a mesma estratégia suicida. No fundo eu achava que era difícil, virtualmente impossível, reprovar de ano. Assim, corria os mesmos riscos por anos e anos e dá-lhe missa e reza e macumba quando a coisa ficava preta.
Assim foi até o primeiro ano da faculdade, onde consegui a proeza de ficar para a final em todas as matérias, inclusive desenho. Mas o sofrimento foi tanto que finalmente aprendi a lição: do segundo ano para frente não mais arrisquei e tudo ficou muito mais fácil e simples.
Hoje eu vejo o quanto arrisquei naqueles anos, o quanto tudo poderia ter sido muito mais fácil. Mesmo sendo jovem e ingênuo, eu sabia, tinha perfeita noção dos riscos que corria, mas achava que valia a pena corrê-los, talvez por excesso de confiança e auto-suficiência.
Assim como eu, muitos amigos meus naquela época também passaram por esse tipo de apuro, companheiros de orações e aulas particulares de final de ano. Ainda hoje é possível identificar aquela mesma forma de pensar, que pode-se traduzir pelo famoso eu sei o que faço; ou isso não é de sua conta; ou quem sabe o mais contundente quem não é a favor é inimigo. Eu sei o que faço e dane-se quem não concorda. Tudo bem quando você diz isso pensando em sua vida, desde que não envolva mais ninguém, afinal você tem o direito de fazer o que bem entende.
Por tudo isso, para mim erros que se repetem indicam a certeza de que algo está sendo muito mal avaliado. E o mais importante, que é preciso muita humildade para reconhecer e corrigir e, infelizmente, são poucos os que têm essa grande capacidade. No quadro atual, não vejo ninguém com essa qualidade no nosso amado Atlético. E os erros se repetem e repetem e repetem…
Quem paga, sempre, somos nós torcedores. Os nossos castelos de sonhos aos poucos vão se desvanecendo no ar pesado que já ronda a Baixada e o CT há algum tempo. É triste ver quantos são os atleticanos que estão perdendo suas acalentadas ilusões, estão despertando para a sempre dura realidade.
O importante é nunca esquecer o que é o Clube Atlético Paranaense, cuja imagem deve transcender a qualquer culto a personalidade. Pois nunca se deve dar a ninguém o direito de destruir o que foi construído com tanto suor e luta por tantas pessoas apaixonadas.
Por mais que estejamos, há tempos, falando e falando, sem sermos ouvidos; por mais que sejamos desprezados e desconsiderados, não se desgoste, atleticano. Situações e pessoas passam; grandes instituições ficam.