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17 ago 2006 - 12h46

Lições coloradas

Era impossível não se emocionar, não se imaginar ali. Exatamente um ano após decidir uma final de Libertadores no Beira-Rio, o torcedor atleticano assitiu a outra final do torneio sul-americano no mesmo estádio, com o mesmo São Paulo. A diferença é que no lugar do rubro-negro, era a vez do colorado gaúcho tentar a sua primeira conquista continental.

É verdade que as circunstãncias eram outras: o time gaúcho detinha a vantagem de decidir em casa, e o ótimo resultado do primeiro jogo, fora, foi fundamental para o título. Talvez tenha sido igualmente fundamental o fato do Inter ter tido a possibilidade de jogar verdadeiramente em casa, e não de ter de enfrentar um estádio a mais de 700 km de sua cidade para lhe chamar de casa.

Mas acredito que a despeito destas particularidades, o que me pareceu mais decisivo para a terceira conquista gaúcha na Libertadores foi a postura dos dirigentes colorados. Lá se vai quase uma década da era Petraglia no Atlético, e acredito que já é o momento adequado do torcedor atleticano refletir com seriedade os rumos que o time está tomando, e principalmente, encarar de um modo mais crítico a gestão proposta por Mário Celso Petraglia. Não nego e não esqueço o salto que o Atlético experimentou nas mãos dele, e não aceito as críticas gratuitas que se espalham por aí. Mas será mesmo que o Furacão ainda conta com um comando efetivamente “à frente” dos demais clubes brasileiros?

O Internacional campeão da Libertadores é um clube que, assim como o Atlético, investe pesado em estrutura. O estádio Beira-Rio é, segundo a revista Placar, o segundo melhor do país, só perdendo para nossa Arena. Fernando Carvalho é, inquestionavelmente, um dirigente de visão, assim como é (ou já foi) Petraglia. O Inter chegou à final da Libertadores após ser vice campeão brasileiro, ao perder o título para um time paulista. Exatamente como o CAP de 2004, que após perder o título para o Santos, chegou à final da América em 2005.

Aqui, a meu ver, está a grande lição de Fernando Carvalho para Mário Celso Petraglia. Após perder o título nacional, o dirigente gaúcho manteve a base de uma equipe que se sabia vencedora. Fernandão, Jorge Wagner, Sóbis, Tinga, Clemer. Todos ainda estavam lá. Entrosados, confiantes, um grupo unido que seguiu acreditando num projeto que se reverteu numa conquista continental. O título do Inter não veio apenas pelas circusntâncias dos jogos finais. Ele nasceu lá no vice-campeonato brasileiro de 2005. Lá ele começou a ser construído.

E o título que não ganhamos em 2005 também não foi para o São Paulo somente porque não pudemos jogar na Arena. O título não veio porque a mentalidade de nossos dirigentes permitiu que nosso artilheiro Washington assistisse à final jogando já em outro time. Que Jadson não estivesse mais no nosso elenco. Esta mesma mentalidade que faz com que, a cada temporada, o torcedor atleticano fique apreensivo com as contratações de véspera. Esta mesma mentalidade que revela uma inescondível ganância por trás de cada uma das negociações envolvendo nossos craques.

O campeonato brasileiro de 2006 pode, seguramente, ser a maior das lições que o Atlético e seu comandante Mário Celso Petraglia sejam obrigados a aprender desde que saímos da nefasta 2ª divisão. Mas acredito que ainda há tempo para assimilar as lições coloradas antes que o pior aconteça.

Parabéns, Inter!



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