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23 dez 2006 - 13h12

Cinco anos depois…

Aceitei o desafio de tentar colocar os cinco anos que nos separam de nosso maior título, e agradeço por ele. Muitas vezes nos vemos obrigados a fazer um balanço imediato, anual, que nem sempre reflete a realidade. Hoje, olhando para trás, vejo quanta coisa mudou…

23 de dezembro de 2001 para qualquer atleticano é tão (ou mais) emblemático como o 11 de setembro. Todo mundo lembra exatamente o que estava fazendo naquele dado instante.

Resolvi ver a final fatídica em casa, e sozinho. Tinha certeza que independente do resultado, teria um infarto (apesar dos poucos 29 anos) e decidi que morreria em casa. Assisti a todo o jogo deitado, com a coberta (apesar do calor) na altura dos olhos. Abdiquei até da cerveja, grande companheira, porque já que iria morrer, pretendia morrer sóbrio. Minha companheira na época passava as festas no interior, com os familiares.

Jogo morno, sem muitos sustos, e a cada minuto o imponderável se tornava real. Absorto em divagações, imaginava o que seria de mim depois daquela tarde. E o inevitável aconteceu, nos pés de Alex Mineiro. Do momento do gol, até o apito final, não pude fazer mais nada que não fosse derramar lágrimas. As mais sinceras lágrimas que já derramei, e melhor, de absurda alegria.

Desde quando me tornara atleticano em 83, no histórico jogo com o Flamengo, jamais meu amado rubro-negro me dera tanto em troca. Nossa paixão finalmente se fazia igual. E naquele momento me lembrei de Roberto Costa, de Marolla, de Dicão, de Ricardo Pinto, de Paulo Rink, de Reginaldo, de Alberto, de Kelly, Lucas e tantos outros, inumeráveis. Lembrei das vergonhas, das alegrias, das brigas de colégio pelas cores do time, do radinho de pilha onde ouvia os jogos, do tempo em que as vitórias valiam só dois pontos. Dezoito anos de atleticanismo passaram pelos meus olhos, como num filme. E não, não tinha morrido.

Hoje, cinco anos depois, ainda me emociono ao lembrar de tudo isso, e mais ainda de lembrar da nossa torcida, sempre inflamada.

Muita coisa mudou de lá pra cá. O que ficou (e é o que importa) foi meu amor incondicional pelo meu time, meu trabalho e a mesma alegria ao ver meus irmãos torcedores.

As peças que monto, as companheiras e os amigos mudam de nome.

Minha paixão, exacerbada, pelo Clube Atlético Paranaense, essa não mudará jamais.

E mais que prêmios e reconhecimento, almejo viver bastante, para continuar me alegrando e sofrendo junto com cada atleticano desse universo.



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