A verdade sobre Dagoberto
Ontem o jogador mais odiado do Rubro-negro, outrora o mais querido, deu entrevista à Radio Transamérica. De um lado, um Dago acuado pelas perguntas, muitas sem respostas satisfatórias; de outro, um Fernando Gomes tendencioso, a serviço da diretoria atleticana.
Dagoberto não é santo. Cem mil por mês e 30% dos direitos federativos não é bom? Aí está o grande indício de que ele não quer nada com o Atlético, desde o começo do quiprocó. Quer é jogar em outro time, seja lá qual for. Nunca quis prorrogar o contrato e jogar pelo Furacão depois da recuperação. É por isto que a torcida tem o direito de odiá-lo, por não amar o Furacão, e nada mais.
Mas também não é o diabo. É certo que a diretoria do Atlético deve rever alguns dos seus conceitos sobre justiça e previdência. Quem errou ao não montar a arquibancada improvisada desde o começo da segunda fase da Libertadores? Quem errou na demora ao fazer valer os direitos do CAP sobre Marcos Aurélio? Quem errou na confusa transferência de Aloísio? Hoje, somos apenas vice. Hoje, o Marcos Aurélio dá alegrias ao Santos. Hoje, o Atlético disputa com Aloísio na Justiça e no processo apresentou documentos falsos. Muitas coisas são mal explicadas e outras são mal interpretadas pelos dirigentes do clube.
E a torcida? Não contribuiu para a displicência de Dago com o time? Vi o jogador ser hostilizado quando se machucou pela segunda vez, logo depois do período de recuperação da cirurgia. E olha que naquele jogo, ele foi a única luz. Vi mais, vi tantos outros momentos em que a torcida não tinha razão.
Com efeito, não quero diminuir Dago. Não nos enganemos, ele é craque. Tampouco quero despeitar a mais competente diretoria de toda a história do clube. Também não quero culpar a torcida pelos momentos emocionais. Em verdade, quero dizer que jogador, clube, torcida, todos erramos. E a verdade, é que agora é tarde.