29 abr 2007 - 21h43

Cristian indica o caminho para o título da Copa do Brasil

O volante Cristian é um dos jogadores mais criticados pela torcida atleticana atualmente. Em alguns jogos, as vaias foram tão intensas que o técnico Vadão teve de sair em defesa do atleta, cobrando respeito e pedindo paciência. "Só quero justiça com o jogador. Gostaria que as qualidades do Cristian fossem enaltecidas quando ele jogar bem e quando ele for mal tem que criticar mesmo", pediu o treinador após a vitória sobre o Roma, em fevereiro. Mesmo com uma relação conturbada com os torcedores, o jogador nunca perdeu a cabeça. Em um jogo em que estava sendo vaiado, chegou a vibrar com maior intensidade após marcar um gol, mas fora isso evitou declarações e gestos polêmicos.

Apesar de ter perdido a posição de titular para Evandro, Cristian segue sendo um jogador importante no elenco atleticano. Está sempre entre as principais opções do técnico Vadão para compor o meio-campo e já demonstrou sua qualidade técnica em diversas partidas. Além disso, é o único jogador deste plantel a ter conquistado o título da Copa do Brasil, experiência que será útil para as pretensões atleticanas nesta reta final do torneio.

Por isso, a Furacao.com entrevistou Cristian na última semana no Slaviero Braz Hotel, logo após a classificação do Furacão para as quartas-de-final da Copa do Brasil. Na pauta, perguntas sobre as cobranças dos torcedores, o início de sua carreira e, obviamente, sobre a preparação da equipe para os jogos decisivos da Copa do Brasil. Tímido, o jogador revelou logo de cara que não está muito habituado a entrevistas. Sua postura deixou a impressão de que se trata daquele tipo de atleta que necessita de confiança e apoio para render o melhor de seu futebol. Ao contrário daqueles que crescem com as cobranças, Cristian parece precisar de incentivo. Ele acha, aliás, que esta pode ser uma das chaves para o Atlético conquistar o título da Copa do Brasil. "Se a torcida apoiar do jeito que está apoiando a gente não perde nenhum jogo na Arena, pode ter certeza", garante.

Confira abaixo a entrevista exclusiva da Furacao.com com o volante Cristian:

Você começou a carreira nas categorias de base do Paulista de Jundiaí atuando como zagueiro, depois passou a jogar como volante e agora tem jogado como meia em alguns jogos. Como foi essa trajetória?
Quando eu cheguei ao Paulista eu era zagueiro. Mas como eu tinha muita facilidade de jogar mais pra frente, o Baroninho, técnico que depois virou meu sogro, me colocou para jogar de volante. Depois, o Biasotto voltou a me colocar de zagueiro. Eu joguei no profissional do Paulista com o Zetti como zagueiro, mas nunca gostei de jogar nesta posição. O Vagner Mancini me deu a oportunidade de jogar de volante novamente. Eu vim para o Atlético como volante e agora o Vadão está me usando como meia. É bom porque você joga em várias funções, isso é importante para qualquer jogador.

Mas em qual função você se sente mais confortável?
Ah, como volante. Eu me sinto mais à vontade, sem dúvida. Mas de meia eu também jogo sem problemas. No ano passado, vínhamos jogando eu, o Erandir e o Marcelo Silva. A gente praticamente jogava com dois volantes, porque um deles fazia a função de zagueiro. Mas eu me sinto bem jogando no meio-campo, em qualquer função.

Antes de vir para o Atlético, você também recebeu proposta do Vasco e quase ficou acertada sua ida para lá, mas você recusou a transferência. Por que você preferiu o Atlético em detrimento do Vasco?
Eu tive várias propostas, mas a do Vasco foi a que me tentou mais. Eu sempre converso com o meu sogro, Baroninho, que foi jogador, e a preferência dele era que eu fosse para o Vasco. Mas eu já tinha dado a minha palavra ao Petraglia que vinha pro Atlético. E aqui no Atlético você recebe em dia. Para quem está começando agora como eu e tem uma família, o Atlético é melhor porque dá mais segurança. É complicado você ir para um clube que não paga. Qualquer jogador que vier para o Atlético só pensa em jogar porque não precisa se preocupar com outras coisas.

Uma de suas principais qualidades é o chute forte de fora da área. Como é realizado o treinamento deste fundamento?
Eu treino diariamente, batendo falta com o Gersinho. Os jogadores que batem falta continuam treinando depois dos treinos até pegar a batida. Se você não treina você não estará preparado para o jogo. Por isso a gente procura melhorar.

Na época do Paulista, você marcava muitos gols em cobranças de falta. Por que isso não tem ocorrido no Atlético?
No Atlético a gente tem vários jogadores que batem falta. No Paulista era só eu e às vezes o Amaral. Então, a confiança era maior. Aqui surge uma falta, tem muita gente para bater e quem tiver melhor bate na hora.

Logo que você chegou ao Atlético já assumiu a posição de titular. Depois, ficou um tempo no banco, mas voltou a ter uma chance com o Vadão no ano passado. Agora, é reserva novamente. Como você encara essas mudanças?
Acho que isso é normal. Todo mundo quer jogar. A gente tem de respeitar o companheiro que entra, mas ninguém gosta de ficar no banco. Tem de trabalhar para ficar preparado quando tiver um chance. O futebol hoje em dia é muito disputado. Hoje você está titular, amanhã não está mais. É um pouco complicado.

Você tem recebido críticas pesadas da torcida, a ponto de o Vadão ter reclamado publicamente desta cobrança exagerada. Por que você acha que é vaiado por alguns torcedores?
Eu acho que é normal. Em todo time grande tem cobrança. Alguns torcedores criticam bastante, mas não vêem o jogo em si. Às vezes escutam comentaristas e o comentário de pessoas maldosas e que não sabem o que estão falando e acabam sendo influenciados por aquelas pessoas. Mas a torcida do Atlético fanática sempre apoiou a gente. A minoria é que critica. Isso é normal. Se a gente não souber levar isso é complicado. A gente tem de correr pelo Atlético e esquecer as vaias. Eu sei que não é possível agradar a todos, mas o torcedor tem de entender que quem está ali é o Atlético, não é o Cristian.

Esta cobrança da torcida afeta o seu rendimento em campo?
Qualquer crítica atrapalha e não só no futebol. Em qualquer serviço se alguém te criticar você se sente mal. Algumas vezes a gente aceita porque está jogando mal mesmo. Mas outras vezes você não está mal e há críticas. Eu acho que o time todo fica numa situação complicada quando os torcedores vaiam.

Você costuma acompanhar as análises da imprensa especializada?
Confesso que quando eu cheguei ao Atlético eu olhava mais. Agora eu não olho. As pessoas não sabem o que está se passando no CT e falam que o time não está treinando, o que não é verdade. Então, eu não olho muito, não.

E com quem você conversa sobre as suas atuações?
Quando o meu sogro vem assistir ao jogo eu pergunto para ele o que preciso melhorar. Quando ele não está, eu pergunto para a minha esposa também, que é bem sincera e ela me diz quando eu fui bem e quando eu fui mal.

Desde o ano passado algumas modificações foram feitas com relação ao acesso da imprensa ao CT do Caju. Como ficou o clima? Os jogadores sentem falta do contato com a torcida e a imprensa?
Para os jogadores é ruim por um lado porque ninguém está te vendo. Mas isso é problema da diretoria com a imprensa e temos de acatar o que a diretoria está falando. A gente respeita e tem de fazer a nossa parte.

Você recebeu propostas de outros clubes, desde sua chegada ao Atlético, em 2005?
Eu já recebi propostas de outros times brasileiros, mas na oportunidade eu não estava jogando. Foi na época do Givanildo Oliveira. Eu não fui liberado pela diretoria.

Quem no Atlético serve de referência para você e para o grupo?
No ano passado, a gente recebeu muitas críticas porque o time era muito novo e porque não tinha um jogador experiente. O time do ano passado era de 22, 23 anos para baixo. Acho que os mais velhos eram o Marcelo e o Erandir. Hoje o nosso time está recheado de cara experiente e líderes, como o Alex, o Marcão, o Rogério Corrêa, o Alan Bahia, o Danilo, que apesar de ser novo é bastante respeitado pelos jogadores.

Qual foi o jogo mais emocionante em que você atuou na Kyocera Arena?
Eu posso citar dois. Um eu estava jogando, que foi na Sul-Americana contra o River Plate e outro foi agora contra o Vitória. Mesmo eu não tendo jogado, foi muito emocionante. Quando você ganha um jogo depois da dificuldade que foi é algo muito gratificante. Ninguém acreditava na gente depois da derrota por 4 a 1. Mas nós estávamos bem focados, sabíamos que tínhamos condições de reverter o placar, ganhamos e ganhamos bem.

Você é o único jogador do elenco a ter conquistado o título da Copa do Brasil – em 2005, pelo Paulista. O que mudou em sua vida profissional depois desta conquista e que experiência daquela campanha pode ser aproveitada agora pelo Atlético?
Mudou tudo na minha vida. Passei a ser reconhecido. Ninguém conhecia o Paulista e ninguém acreditava no time. Os outros times queriam ganhar da gente de qualquer jeito. Mas os jogadores estavam bem focados, bem concentrados. Nós éramos uma família e levávamos isso para dentro de campo. No Atlético, essas porradas que estamos tomando deixaram o grupo blindado. Nós estamos bem concentrados, sabemos que é difícil, mas que temos condições de chegar às finais da Copa do Brasil. Não é fácil virar esses jogos do jeito que nós viramos. A gente sabe que é difícil, que muitos não acreditam, mas a gente está avançando.

Como a comissão técnica trabalhou o aspecto psicológico dos jogadores para este jogo contra o Atlético Goianiense? Não houve um desgaste muito grande pelo fato de o time já ter disputado jogos decisivos com o Vitória e o Paraná?
É complicado. Vir de uma derrota como foi para o Paraná, sabendo das condições que a gente tinha, deixa você baqueado, triste, isolado. Mas a gente foi forte. Quando acabou o jogo do Paraná, todo mundo estava triste, mas sabia que tinha outra batalha na quarta-feira. Vencer esse jogo de quarta ia reanimar a todos e foi isso que aconteceu. Foi uma lição ruim, mas foi importante.

A torcida está calejada com o time do Atlético. Depois de passar pelo Vitória, todos os jogadores prometeram que iam encarar o jogo fora de casa com mais seriedade, mas o filme se repetiu. O que pode ser feito para a determinação não ficar apenas no discurso e ser colocada em prática?
A gente conversa todos os dias sobre isso. Perder dois jogos como foi e conseguir se classificar em casa é uma coisa muito boa. Se a torcida apoiar do jeito que está apoiando a gente não perde nenhum jogo na Arena, pode ter certeza. O professor Vadão fala isso para a gente porque ele já jogou com a Ponte aqui e sabe que é complicado. Estamos bem concentrados e esperamos não vacilar mais.

Como o grupo sentiu a transição do Cléber para o Guilherme?
O Guilherme é um cara que põe as suas opiniões, aprendeu bastante com o Cléber e os mais experientes dão tranqüilidade para ele jogar. Todo mundo está muito confiante nele.

O que a torcida atleticana pode esperar deste time?
A torcida pode ficar tranqüila porque apesar de a gente ter saído do Paranaense, a gente vai lutar para chegar às finais da Copa do Brasil. É um campeonato curto e difícil de disputar, mas que dá a vaga na Libertadores e o Atlético merece estar disputando campeonatos importantes como a Libertadores.



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