A Janela
A notícia de hoje no jornal Gazeta do Povo causou-me surpresa. Dizia algo assim: a janela do Atlético está aberta e vai ser difícil resistir aos assédios que os jogadores sofrerão a partir de agora. Eu, dentro da minha ignorância, fiquei pensando por um bom tempo qual seriam os jogadores que sofreriam esse tal assédio… Sim, porque, com exceção de Alex Mineiro, desculpem-me os que discordam, mas não existe uma criatura que mereça sofrer qualquer tipo de assédio profissional, visando uma mudança de clube. A não ser que sejam equipes da segunda e terceira divisões deste tão fenomenal e maravilhoso Campeonato Brasileiro (campeonato que sofre mais desfalque pela convocação da Seleção Sub-20 do que pela Seleção principal).
Ainda estou tentando achar alguém que mereça qualquer tipo de proposta decente no atual plantel atleticano. Além de Alex Mineiro, somente Ferreira parece ter algum apelo comercial. Assim sendo, que assédio é esse que pode ou deve acontecer nas próximas semanas? Penso que não deveria ser muito difícil tentar segurar os atletas lá das bandas do CT do Caju, no caso (extraordinário) de algum deles vir a sofrer algum assédio.
E se invertermos a questão: qual o atleta, com um pingo de reconhecimento, que o Atlético irá assediar para efetiva contratação nas próximas semanas? Perdoem-me a ingenuidade, mas por que somente saem os bons nomes, nunca alguém decente vem para cá? Vale a pena pagar muito bem para o Alex Mineiro (que merece, diga-se de passagem, ótimo jogador que é) ficar mais essa temporada aqui, se seus coadjuvantes não estão no nível nem de suas chuteiras? Alex Mineiro parece ser encarado como o novo Sassá Mutema, o salvador da pátria, só que ele não é. A pressão, ou a insatisfação com a qualidade reinante, pode estar começando a se fazer sentir, o que poderia explicar sua expulsão no jogo contra o Náutico.
Assistir aos jogos de futebol e acompanhar o Campeonato Brasileiro tem sido uma experiência frustrante nos últimos anos. Jogos medíocres, times medíocres, árbitros e auxiliares medíocres, jogadores medíocres, cartolas medíocres e torcedores medíocres. Pelo menos no quesito mediocridade, o índice do futebol brasileiro tem sido muito elevado. Some-se a esse triste fato a hipocrisia com que todos encaram o negócio futebol: especulação. Os “fins” (vencer competições) já não são justificados, muito menos alcançados, já que se desmontam os times nos meios do campeonato. E encaramos isso com a maior naturalidade, lamentando a tal Lei Fulano, Estatuto Sicrano ou poder econômico de tal ou qual clube. Mas não se toma nenhuma atitude para solucionar o suposto problema. É o padrão brasileiro na mais pura acepção.
Discursos de modernidade ecoam nos quatro cantos e aos quatro ventos, denunciando reacionarismos e falsos-profetas-do-apocalipse, como se esses não tivessem o direito de discordar do modelo atual. Para mim, esses discursos repetitivos parecem soar como táticas de encobertamento, manobras dispersivas visando justificar os erros, cometidos e recometidos à farta na condução do que realmente deveria contar: o futebol.
Pelo andar da carruagem rubro-negra, esse Campeonato Brasileiro de 2007 vai ser mais um em que ficaremos felizes quando chegarmos aos 40 e poucos pontos. Essa tem sido a maior satisfação do torcedor atleticano. E aí é esperar o início da nova temporada, para ver quais serão os desconhecidos que chegarão e quais os desconhecidos que sairão sem deixar saudades.