A convicção é algo maravilhoso. Como é bom estar convicto de algo, transbordar a certeza de que o que pensamos ou o que fazemos é realmente o certo. Quando fazemos algo com convicção temos uma inerente certeza de que a coerência está sempre do nosso lado.

O Atlético está vivendo há alguns anos um período de convicções. Seus dirigentes, convictos em ter um estádio de primeira peitaram tudo e todos e nos deram um moderno palco. Convictos que a formação de atletas será o único ganha-pão dos times em um futuro que já beira as nossas portas, ergueram um referencial centro de treinamentos.
Convictos que futebol se faz com dinheiro, buscaram patrocínios e cessões que dão hoje ao clube uma grande arrecadação.
Convictos que a estrutura montada atrairia bons investidores, e que bons investidores querem retorno através de bons consumidores, majoraram o preço do ingresso para dizer em alto e bom som que os que freqüentam a Arena realmente terão condições financeiras de comprar tudo que lá dentro será anunciado e vendido no futuro.
Convictos, estão preparando o clube para um futuro de primeiro mundo.
Convictos, ignoram toda a história de um clube como o Atlético para valorizar sua gestão.

Quando ouço entrevistas ou declarações desta diretoria, dá a entender que eles também nasceram em 1995, junto com o caparanaense. É sim, o caparanaense, que veio compulsoriamente substituir o Clube Atlético Paranaense, o velho Atlético do caldeirão do diabo.
Convictos, excluem a maior parcela de torcedores atleticanos que se concentram nas camadas mais baixas de renda. Hoje, o estádio Joaquim Américo, que tanto quanto o Atlético já não existe mais, na visão deles, é mais bem freqüentado. Ignoram a história de uma torcida que por muito tempo foi o único e verdadeiro patrimônio deste clube.
Convictos, exigem maior participação do torcedor na compra de títulos de sócios como prova de comprometimento. Mais até, como prova de gratidão por tudo que já foi feito até aqui. Chega a ser aviltante como somos obrigados a ouvir esses discursos de cobrança sendo que na mesma moeda, nenhuma declaração de culpa pelos grosseiros erros no planejamento do futebol dos últimos anos é feita aos torcedores, como se as conquistas em ferro e tijolo da diretoria desses a eles indulgência eterna sobre a descabida forma de gerenciar o futebol.

Ano após ano assistimos os preços aumentarem em R$5,00, 10,00 e 20,00, e vemos nossa colocação nos campeonatos que disputamos decrescer, contradizendo com nossa arrecadação cada vez maior.
Eles acharam que aumentando gradativamente o preço dos ingressos iriam expurgar gradativamente da Baixada alguns indesejáveis torcedores, convictamente classificados pela direção como bêbados, vândalos e drogados.

Fizeram muito mais que isto.

Expurgaram também nossa alma! A alma de guerreiro de uma torcida que nada tinha a não ser o orgulho pelo vermelho e preto, cores de um certo time que nada tinha, exceto o orgulho de ser empurrado por esta torcida.
Havia sintonia. Não havia muitos títulos, as vitórias eram menos freqüentes que as derrotas, mas um tinha ao outro, Torcida e time sabiam que se chovesse ou fizesse sol, um estaria lá, fazendo sua parte pelo outro.
Sinceramente, não vejo outra opção para o Atlético voltar a ser Atlético que não seja a retomada da alma da Baixada.
Os consumidores e colaboradores, que sejam bem vindos, mas, por favor, não ignorem os torcedores atleticanos.

Do contrário lhes digo, convictamente, que o Atlético não existirá mais.
Não aquele com alma que eu conheci um dia, e que estou com saudades.

Espero que a direção do caparanaense esteja realmente convicta que toda esta transformação, todo este rasgo na identidade do Atlético realmente o faça ser muito maior, e que nos dê títulos, como historicamente merecemos.

Volta, Furacão!!