Às escondidas
Tenho hoje 26 anos de idade. E é mais ou menos esse o tempo em que sou atleticano. Meu pai, outro fanático (e ainda esperançoso) torcedor, não perde um jogo do Atlético. Nossos ascendentes são todos atleticanos, estando minha família intimamente ligada à história do Furacão, sendo uma das que contribuiu com a fundação do clube. Posso dizer que meu sangue é rubro-negro. Posso dizer que amo o Furacão. Mas não posso dizer que esteja feliz com o que está acontecendo. O time do Atlético, que acabou de perder para o Vasco em um jogo medíocre, me deixa triste. A diretoria do Atlético me deixa triste. Torcedores absolutamente alienados com a história do Clube e com o que representa o Furacão me deixam tristes.
Muitos defendem a diretoria, dizem que tudo o que eles fazem lá em cima é para o bem da torcida. Discordo. Se tudo é feito para o bem, por que é feito às escondidas? A questão da denominação CAParanaense, por exemplo. Será que não encontraram um modo mais covarde de proceder nesse caso? Se a mudança é realmente benéfica (e eu até acredito que seja), por que não fazê-la de modo claro, com o apoio da torcida, em união com a torcida? E o grande projeto que vai levar o Atlético a ser um dos melhores times do mundo? Muito se fala nisso, mas nunca li ou ouvi uma linha sobre o que realmente é que está sendo feito. Se o clube tem lucros imensos e monta um time ridículo é por que algo está acontecendo. Qual a razão de isto NUNCA ser explicado ao torcedor?
Mesmo assim, muitos aplaudem incondicionalmente o que está sendo feito. A coluna do Juliano Ribas publicada há alguns dias, inclusive no site oficial (que só publica textos incondicionalmente favoráveis aos poderosos dirigentes) é, com todo o respeito, deprimente. Não se pode dizer que o que está sendo feito é certo, simplesmente porque não se sabe o que está sendo feito. O mais triste é que nada disso vai mudar. O Atlético deixará, se já não deixou, de existir. Restará apenas um nome, uma marca. Alguns torcedores irão se tornar apreciadores e consumidores, outros deixarão para trás aquele que já foi um dos mais vibrantes times do futebol brasileiro. Restará a saudade. Restará o amor. A paixão, esta já se apagou na frieza de empresários e “marqueteiros”.