Os verdadeiros atleticanos
Estive lendo atentamente todos os textos escritos pelos colaboradores deste conceituado espaço do torcedor atleticano. Principalmente aqueles que se referiam à entrevista do Dr. Mário Celso Petraglia; muitos a favor do Petraglia e tantos outros contra.
Então, para não parecer um tanto quanto precipitado, tentando achar quem estava com a razão – os seguidores do Dr. Mário ou aqueles contrários – parei um pouco o que estava fazendo e voltei um pouco no tempo, mais precisamente entre 1979 a 1983, época esta que eu trabalhava numa distribuidora de bebidas da Brahma, localizada em frente a Praça Afonso Botelho (praça do Atlético). Já contei esta história aqui, mas vou relembrar.
Neste período fomos campeões paranaenses em 1982/1983; tínhamos nas nossas fileiras jogadores como Roberto Costa, Rafael, Jair Gonçalves, Bianchi, Sérgio Moura, Detti, Lino, Nivaldo, Capitão, Washington, Assis, Ivair, Augusto, Cristovão, Joel e Renato Sá, entre outros que agora não me recordo.
Senhores, perguntem a qualquer um destes como era o nosso Atlético nesta época. Garanto que todos vão responder: não tínhamos onde treinar, um dia se treinava no campo da Antarctica, outro no do Flamenguinho e, muitas vezes, no campo de areia que até hoje existe na praça e assim por diante.
Não havia uma condução digna. Tinha um velho ônibus apelidado de “Jabiraca”, que hora ou outra tinha que ser empurrado para pegar no tranco; material de treino precário; salário…este então era complicado. Geralmente pagava-se os jogadores nas sextas-feiras após o coletivo. A diretoria emitia cheques sempre após as 16:00 horas, quando o Banco já estava fechado. Então, o que fariam com os cheques? Onde trocar? Então, muitos deles corriam até a distribuidora de bebidas, sabedores que tanto eu, que exercia a função de tesoureiro e, principalmente o gerente, o Sr. Locatelli, éramos torcedores fanáticos pelo nosso Atlético e sempre dávamos um jeitinho para trocar os cheques, (colocando nossos empregos em jogo). Só assim para ver a cor do dinheiro. Mas a troca do cheque não era nada: ainda tínhamos que torcer para que o jogo seguinte fosse no sábado ou domingo e a renda fosse suficiente para cobrir os referidos cheques. Muitas e muitas vezes a renda não era suficiente. Sem contar quando Oficias de Justiça, por ordem judicial, confiscavam a referida renda…
É, amigos, não era fácil. Outras épocas; épocas de vacas magras; nada era fácil para o nosso Atlético. Quando tínhamos uma equipe melhor sempre a arbitragem, comandada pelos então poderosos verdes da época, dava um jeito de nos operar.
Graças a Deus que surgiu um Mário Celso Petraglia no caminho do nosso Atlético, goste uns, não gostem outros. Mas o cara fez. Veja o que somos hoje e o que éramos a vinte e poucos anos atrás. Claro que hoje nossa torcida cobra e cobra muito, quer títulos a toda hora. Quando que eu imaginaria, lá nos anos 80, que seríamos campeões brasileiros, vice da Libertadores? Quando se falava em Atlético fora de Curitiba, naquela época, as pessoas davam risada. Hoje todo mundo nos conhece; somos respeitado e temido; nossos grandes advessários são São Paulo, Grêmio, Flamengo, Corinthians…
O que precisamos mesmo é nos unir. Os torcedores da Getúlio Vargas Superior, os Fanáticos, o pessoal da Buenos Aires ou da Madre Maria… Somos todos atleticanos, brigamos pelos mesmo ideais.
Vamos a campo, vamos nos associar! Só assim estaremos ajudando o nosso Atlético.