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26 out 2007 - 13h17

Roberto, Ariovaldo, Jair Gonçalves…

Bianchi e Sérgio Moura, Jorge Luiz, Lino e Nivaldo, Capitão, Washington e Assis. Quem tem de 40 anos para mais, provavelmente deve ter se emocionado ao ler estes nomes. Esta era a escalação do Atlético, Campeão Paranaense de 1982. Um time sensacional, que enchia os olhos dos torcedores praticando um futebol de altíssimo nível. Na minha concepção particular, apesar da importância indiscutível que representou o título de campeão barsileiro de 2001, esse título de 1982, guardadas as devidas proporções, talvez tenha sido tão importante quanto, pois se não sabem, naquela época o Atlético completava 12 anos sem ganhar um título sequer e a torcida sofria cada vez mais a cada campeonato perdido. Aquele título de 1982 foi o fim do jejum e o início de um período vitorioso. Uma conquista inesquecível.

Durante o meio do ano, acompanhamos pela televisão o bom futebol da seleção de 82 na Copa da Espanha e vimos, estarrecidos, a derrota para a Itália.

Naquele mesma época, o Atlético ganhava, de modo invicto, o primeiro turno do Campeonato Paranaense apresentando um futebol de alta qualidade. Aquele campeonato foi disputado por 12 equipes que se enfrentavam em três turnos, sendo que se alguma equipe conquistasse os três turnos seria campeã. Se houvessem ganhadores diferentes seria disputado um quadrangular final.

Em 1980 o Atlético tinha atingido o fundo do poço. Um time medíocre que era surrado pelas equipes do interior em seus domínios e que escapou de ir para a segunda divisão do Campeonato Paranaense após disputar o Torneio da Morte. Em 1981 a situação melhorou um pouco, mas o Atlético não conseguia, ainda, superar os rivais do interior.

Em 1982 foi montado um novo time. No começo ninguém confiava muito. A equipe foi engrenando sob a batuta do Geraldo Damasceno e os resultados começaram a aparecer. Depois de ter vencido o primeiro turno, ganhou também o segundo turno.

No terceiro turno o time relaxou um pouco perdeu os únicos dois jogos da temporada para Paranavaí e Londrina, mas conseguiu e chegar à decisão com o Colorado. Se vencesse, seria campeão.

Lembro-me daquele dia como se fosse hoje. Dia 31 de outubro de 1982. 25 anos atrás. O estádio Couto Pereira abarrotado por cerca de 40.000 torcedores, a esmagadora maioria de atleticanos, confiantes de que o título seria ganho ali. Ninguém mais agüentava. Uma década de humilhações seria espanada e para isso bastava a vitória. E ela veio. Consagradora. Depois de um empate no primeiro tempo, o Atlético armou uma blitzkrieg no segundo tempo, marcaria três gols e fecharia o placar do jogo em 4 a 1. O mesmo placar da final do longínquo título de 1970. O quarto gol foi uma obra de arte do Washington que somente consegui ver depois, na televisão, porque naquela hora eu e tantos outros atleticanos já estávamos prontos para a invasão do campo. Ao terminar o jogo os portões foram liberados e a massa atleticana fez a festa no gramado e nos vestiários.

Logo após o time seguiu num carro de bombeiros até a velha Baixada e a torcida acompanhou fazendo uma festa pela a ruas. No antigo ginásio e pelos arredores da praça do Atlético jogadores e torcedores se confundiam. Me lembro de ter cumprimentado e abraçado o Assis, o Geraldino, o Roberto, o Lino, o Nivaldo, o Sérgio Moura, etc.

Tempos românticos aqueles. Imagine…liberar um ginásio de esportes com chopp gratuito para que os jogadores festejassem com a torcida.

Aquele time era uma máquina de jogar futebol. Roberto, uma muralha no gol. Ariovaldo e Sérgio Moura atuavam como os modernos alas de hoje em dia, se mandando para o ataque, Jair Gonçalves um beque clássico que jogava quase sem fazer faltas, Bianchi, o outro zagueiro, o capitão, que protagonizou um lance sensacional na decisão contra o Caxias do Colorado. Capitão, um ponta direita das antigas que driblava e cruzava como ninguém. No ataque a dupla Washington e Assis que detonavam as defesas com seu futebol de toques rápidos e deslocamentos que confundiam as defesas adversárias. No meio campo, a combatividade de Jorge Luiz e a categoria de Nivaldo, exímio cobrador de faltas. Com a camisa 8, Lino, o cérebro daquele time, com sua velocidade, habilidade, chutes precisos e garra. Um jogador completo.

Jogos que até hoje ninguém esquece. Na Baixada, ainda com os tijolinhos, o pinheiro atrás do marcador de madeira e o saudoso ginásio. 4 a 0 no Maringá na final do primeiro turno, 5 a 3 no Operário, 6 a 0 no Toledo. Contra os coxas, em três jogos, todos no Couto Pereira, um empate e duas vitórias. A terceira por 3 a 1, uma verdadeira aula de futebol.

Um time aplicado, que jogava como que por música. A bola fluía veloz da defesa para o ataque com toques rápidos, de primeira. Um time que sempre jogava buscando o gol. E não pensem que era um campeonato fácil, pois aquelas equipes do interior eram bem mais competitivas que as equipes do interior de hoje em dia.

Foram 39 jogos, com 15 vitórias, 22 empates e somente 2 derrotas.

Aquele time também contava com reservas de qualidade como o coringa Ivair, Tadeu, outro ponta habilidoso, a dupla de zagueiros Flávio Mendes e Oliveira, dois dos melhores que o Atlético já teve, o raçudo Detti e o carismático Rafael. O técnico era o Geraldo Damasceno e a preparação física era do então iniciante Luiz Carlos Neves.

No ano seguinte mantendo a base de 1982, o Atlético chegaria à semifinal do Campeonato Brasileiro. Bom lembrar que todos os times tinham craques, pois ainda não havia começado o êxodo para a Europa. O Flamengo de Zico, O São Paulo de Careca, o Corinthians de Sócrates, o Atlético Mineiro de Reinaldo e por aí vai… E o Atlético por muito pouco não chegou à final.

Nesse mês de comemorações pelo aniversário dos Fanáticos, quero então deixar registrado este texto como uma singela homenagem aos 25 anos desse título inesquecível que foi o de 1982.



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