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18 dez 2007 - 13h55

Biaxo quórum, por quê?

Tive cadeira em 2004 e 2005, quando os ingressos para os dois anos custavam R$ 500,00. Em 2006, quando fui renovar a minha querida e estimada cadeira, descobri que o valor havia subido para algo em torno de R$1.000,00 com validade de um ano e sem direito a pacote pra estudante. Havia o pacote família, super legal, que tornava os preços mais atraentes no caso do pai comprar junto com o filho. Mas e quem não tem um pai atleticano, fica como? Não é atleticano? Senti na pele os efeitos da política que dava preferência ao público “família”.

Revoltado, só me restou a seguinte indagação: esta política é mesmo vencedora? Tenho certeza que não. Pense: em que época da sua vida você se tornou um torcedor fanático? Quando jovem! Quando tinha disposição e não se preocupava com o valor do ingresso! Quando o que você queria era sentir que fazia parte do time! É nesta época que a paixão surge, vira fanatismo e se bem alimentada, transforma-se em amor incondicional.

Hoje, esta política acabou por criar um público esterilizado, que vai aos jogos somente quando o time está ganhando e bem de vez em quando. Nada mais previsível. Considere a seguinte situação: pagar R$20,00 pelo seu ingresso, mais R$20,00 para o da sua esposa, mais R$20,00 para o do seu filho, mais R$20,00 para o do seu outro filho, mais R$10,00 de estacionamento, mais R$7,00 das cervejas, mais R$7,00 das cocas-colas e mais R$6,00 das pipocas. Esta brincadeira exige desse programa no domingo à tarde o dispêndio de R$110,00! Uau! Que programão! Agora considere fazer isso quatro vezes por mês: R$440,00! Para uma família classe média, onde o casal em conjunto tem uma renda média de R$4.000,00, a quantia representa mais de 10% dos ganhos mensais! Isso, sem contar a lógica, já que os filhos provavelmente irão assistir ao jogo em outro setor com os amigos, e a sua mulher certamente não irá ao estádio em todas as partidas, o que mais uma vez acaba por tornar o programa “Família” nada família.

O público-alvo do futebol não são as famílias, são os torcedores fanáticos, que vão ao estádio independente do time da moda ou do resultado. As baixas médias de público do ano passado e da primeira metade deste ano, somadas à baixa participação dos sócios na AGE são conseqüências de uma política errada no relacionamento com os torcedores. Pra piorar, a solução não parece muito próxima. Há alguns dias, quando fui comprar os ingressos para o jogo contra o São Paulo, passei no Espaço Torcedor, convicto de que sairia de lá sócio, afinal o clima que pintava para 2008 era o melhor possível e qualquer decisão insensata seria recompensada. Porém, fui informado que os pacotes para 2008 só seriam comercializados em janeiro. Não satisfeito, resolvi dar uma olhada na internet. Nada sobre 2008. No site oficial havia um telefone, resolvi ligar. Número errado, o do espaço torcedor era outro. Liguei no certo e novamente a mesma resposta. Passou um tempo e aquela coceira na boca do estômago não passava, liguei mais uma vez. Após duas desligadas “na cara” por parte da musiquinha de espera, consegui ser atendido. Fui informado que amanhã estará disponível o pacote, e o melhor, com surpresas! Fica agora a dúvida: Conseguirei, após anos de exclusão, finalmente fazer parte do Clube que tanto amo?



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