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28 jan 2008 - 11h51

A verdade de cada um

O torcedor de futebol cria sua própria verdade. Especialmente quando seu time perde um clássico. Por mais normal que tenha sido a arbitragem e não tenha influenciado no placar. Por mais que se soubesse mesmo antes do jogo que seu time é inferior e o resultado era esperado seu ego fica estraçalhado. Pois não só perdeu, mas perdeu pro adversário que tanto odeia. Muitos mesmo aborrecidos em um segundo momento voltam à razão, e compreendem os fatos que levaram a derrota. Mas têm aqueles que não a aceitam de maneira nenhuma e criam sua própria leitura de jogo, sua própria verdade. O pênalti supostamente não marcado, o gol mal anulado. Mesmo que os lances sejam incansavelmente repetidos em vários ângulos, por câmera lenta, imagem congelada que comprovem o contrário. E se em uma próxima partida lances semelhantes acontecerem, mas a favor de seu time, seu ponto de vista gira em 180°. É da natureza do torcedor.

O problema é o torcedor travestido de comentarista, colunista, repórter, radialista, que criam suas próprias verdades a fim de atingir e influenciar o público. A fim de atingir seus desafetos ou aquele clube que ele tanto odeia. A fim de enaltecer o seu clube e diminuir a competência do adversário. Dizem-se e se acham competentes no que fazem, mas se portam iguais ou pior que o mais cego fanático torcedor. Não são todos longe disso, mas está se tornado cada vez mais comum dentro da imprensa paranaense. Profissionais incompetentes e tendenciosos assim como aqueles que os empregam.

A cada clássico temos um exemplo desse pessoal. E basta puxar um pouquinho pela memória de jogos passados e seus comentários para comprovar esta verdade.

Os exemplos são muitos, lances polêmicos que são analisados de maneira diferente dependendo o time que favoreça. E quando não tem lance polêmico eles criam outra máxima. “O clube tal não merecia a derrota, pois teve um maior volume de jogo”.

Foi o que mais ouvimos e lemos dessa gente nos dois últimos clássicos disputados pelo Atlético. E se fosse o contrário?

Ano passado tivemos um Atletiba na Baixada onde o Atlético dominou o jogo, criou as melhores chances ficou a frente do placar, houve a possibilidade de marcar mais e liquidar, mas acabou cedendo o empate no final. Disseram eles, “o Atlético foi superior e merecia a vitória?” Claro que não! Eles disseram: “O Atlético teve mais posse de bola, mas o coritiba foi mais competente”.

Nos dois últimos clássicos o Atlético deu campo para os adversários jogarem. Tocaram pra cá e pra lá sem objetivo e sem oferecer grande perigo. Iludidos com a maior posse de bola quando pensaram ser superiores tomaram o primeiro e desmoronaram. Veio o segundo e poderia ter vindo mais. Simples assim. O Atlético foi mais competente.

Mas o que mais se ouviu nos dois últimos clássicos foi um show de lamúrias por conta do maior volume de jogo dos adversários e que por conta disso não mereciam a derrota.

Numa tentativa fanática, doentia de diminuir um e engrandecer outro a fim de diminuir a dor de perder para aquele que está anos à frente e distanciando. Este sim o pior pesadelo desta gente.



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