Análise
Começo abordando a entrevista coletiva concedida a imprensa pelos senhores Mário Celso Petraglia e João Augusto Fleury da Rocha, na última sexta-feira, 14 de março. Concordo com Petraglia. O grupo liderado por ele assumiu um Clube falido em 1995, fadado a um futuro de sofrimento ao torcedor, com esporádicos títulos estaduais e sobe e desce de divisão no Campeonato Brasileiro.
Em sua gestão, o Atlético foi Campeão Brasileiro 2 vezes (1995 e 2001), não foi campeão em 2004, mesmo tendo o melhor elenco do campeonato, por influência da imprensa do eixão. Vice-campeão da Libertadores em 2005 (não ganhou porque o São Paulo fugiu do Caldeirão no primeiro jogo). Ganhou 5 campeonatos estaduais e, é claro construiu a Arena e o CT do Caju. Porque essa ingratidão repentina? Se não estão satisfeitos, associem-se ao Clube para terem direito a voto e a candidatar-se para eleições futuras.
Falando nisso, ano passado iniciou a campanha Sócio Furacão. Este ano, buscando ampliar o número de sócios além de reduzir o valor, ampliou as categorias. Gostaria de agradecer pela inclusão da categoria Sócio do Interior, pois assim pude me associar. Mesmo tendo poucas oportunidades de assistir a jogos (cerca de 5 ao ano), o importante é saber que estou colaborando com o meu amado Atlético.
Lendo a seção Fala, Atleticano, da Furacao.com, encontrei o texto do atleticano Paulo César da Silveira, intitulado Coxarada Enrustida de 17 de março. Como ele, também não consigo admitir que a torcida vá a campo torcer contra o seu time do coração e a falta de respeito com a diretoria. Paulo César também deixou um mensagem muito legal: Chega, ou vão para o campo torcer pelo Furacão, ou fiquem em casa. O Atlético precisa de sua verdadeira torcida, precisa de sócios, não de enganadores que nunca fizeram nada pelo clube e se acham donos dele. Chega de sentar a bunda na cadeira e achar que porque paga por ela, tem o direito de escrachar a tudo e a todos. Chega de ser torcedor de adversário, de ir a campo somente quando o time vai bem.
Não lembro de ter escutado gritos de Ei, Petraglia, vai tomar… na inauguração da Arena em 1999 e, principalmente, na decisão do Campeonato Brasileiro de 2001. E em 2002? Após aquela derrota de 3×2 para o Internacional na Baixada, dirigentes do Clube ouviram ofensas morais e torcedores foram ao estacionamento do estádio quebrar vidros de carros dos jogadores. E 2004? Após o Clube atender normas da FIFA e instalar cadeiras nas arquibancadas da Arena, vândalos as depredaram após o empate que tirou o nosso título estadual.
Para encerrar, recorro a uma edição da Revista Placar, de agosto de 2000. Segundo André Fontenelle o brasileiro só torce na boa. Quando seu time, ou a Seleção, mais precisa de apoio, cadê ele? Abandona os ídolos à própria sorte. Mais alguns trechos:
O torcedor brasileiro é um torcedor canalha. Só torce na boa. Basta ver seu comportamento nos jogos da Seleção Brasileira. É só o time estar em dificuldade e pronto: ele passa a vaiar os brasileiros e gritar olés de incentivo aos adversários. Se a Seleção faz um gol, porém, na maior cara-de-pau a torcida volta a gritar Brasil! Brasil! e agitar bandeirinhas, aplaudindo aqueles mesmo que xingava um minuto antes. Quando foi que ficamos tão cínicos? (…)
Após citar vários exemplos Fontenelle conclui seu texto:
‘(…) Elas ilustram uma verdade que alguns jogadores já começaram a constatar, com uma ponta de desgosto: que a maioria dos torcedores não vale o suor de uma camisa.
Quando li este texto, há 8 anos atrás, nunca imaginei que um dia poderia se aplicar a Nação Atleticana, que sempre foi considerada diferenciada, etc. E espero que nunca se aplique! Claro que ser desclassificado por uma equipe da terceira divisão na Copa do Brasil e perder para um timinho retranqueiro da segunda divisão em casa dói, mais não é motivo para tanto. São coisas do futebol…