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12 abr 2008 - 11h31

Quem quer consumir tem que pagar

Confesso que também fui pego de surpresa com a determinação da diretoria do Atlético de que sejam cobrados os direitos de transmissão radiofônica dos jogos do Furacão.

E confesso ainda que de início fiquei contra, por todos os motivos expostos por aqueles que não concordam com a iniciativa: briga com uma mídia poderosa e importante para a divulgação da marca do clube, mais um fator a dificultar o acesso às notícias do Atlético e a própria antipatia que a medida gerou.

Mas, com calma, e como não entendo quase nada nem de futebol, nem de rádio, e muito menos de administração, resolvi ler o que foi escrito sobre o assunto. Li o que escreveram os especialistas em marketing esportivo, os cronistas veteranos da imprensa falada, escrita e televisionada, os boleiros, os empresários e o povão.

E, pela terceira vez confesso, mudei sim de opinião.

O Clube Atlético Paranaense (e, antes que os oposicionistas de plantão comecem com história de CAParanaense, queria lembrar que esse é o nome do time para qual eu torço, desde 1924, ok?) é uma agremiação esportiva, com fins lucrativos, que paga salários e impostos, voltada para o futebol profissional. Em mais de 80 anos de história consolidou uma marca forte, que conquistou a simpatia de gerações de torcedores. E, nos tempos atuais, marca é o que se vende. É com uma marca forte que se lucra.

E como lucrar com uma marca? Vendendo-a. Não está se vendendo o clube, nem seu patrimônio (e nem a alma ao diabo, meus amigos); está a venda essa história. E um aviso aos navegantes: o mundo é livre, compra quem quiser.

Não me julgo na capacidade de discutir valores; não faço nem idéia de quanto vale uma marca. Mas sei que, para se inserir uma campanha publicitária numa final de torneio nacional de futebol americano, ou num jogo decisivo de basquete da NBA, ou na final de Copa do Mundo, paga-se muito. E paga-se para o dono da mídia que está transmitindo o jogo.

Veja bem a palavra: transmitindo. A definição de transmissão é: ‘s.f. Ação ou efeito de transmitir: transmissão de um direito.’ Viram que beleza? Direito. Que direito é esse? O direito do clube à sua imagem, à sua marca. Ora, se os meios de comunicação ganham dinheiro através de patrocinadores para transmitir o direito que o Atlético adquiriu de jogar partidas oficiais de futebol, que repassem ao clube parte desses lucros. Afinal de contas, se não houvesse o Atlético, não haveriam partidas do Atlético, nem transmissão dos jogos e, o mais importante, ninguém pagaria para patrocinar nada.

A gritaria, embora não seja justa, será grande. Afinal, quem está ganhando uma bolada às custas de outros sem pagar nada, vai espernear se tiver que pagar. Mas, a partir de agora, ou paga ou pára de ganhar.

É óbvio que o futebol é um esporte de massa no Brasil (e no mundo), e movimenta milhões de reais a cada jogo; por atrair multidões, atrai também a imprensa (eu não vejo ninguém transmitindo o campeonato brasileiro de handebol ou pólo aquático, pensando apenas no torcedor desses esportes); então, não se desesperem com as ameaças de que ficaremos sem ouvir os jogos do Furacão. O dinheiro é muito grande prá ser deixado de lado. Tudo que ocorrerá a partir de agora seguirá a Lei de Darwin: só os fortes sobreviverão. As grandes redes acabarão por aceitar o ônus do pagamento em busca dos bônus financeiros; as menores deixarão de ganhar seus trocados, mas só os mais aptos sobrevivem. E, enquanto o lodo não baixar pro fundo do lago novamente, o cheiro de podridão vai empestear o ambiente, sim. E as vozes dos que hoje se sentem ameaçados vão tentar colar esse cheiro no CAP.

A pecha de antipáticos vai grudar, mas adorei quando li que simpático é o América do Rio. Que nos chamem de antipáticos. É o preço que pagaremos por estarmos na frente das negociações. Mas o Atlético não vai acabar por essas picuinhas.

Dois pontos apenas me preocupam: será que conseguiremos manter nosso direito de imagem quando jogarmos fora da Arena? Realmente acho difícil que, na casa de um clube que cede seus direitos às rádios, consigamos fazer valer os nossos; é aí o pecado da diretoria, de peitar sozinha essa nova empreitada. Seria mais fácil se tivéssemos outros clubes alinhados à essa luta.

O que nos leva ao segundo ponto: até onde essa atual diretoria está autorizada a tomar decisões unilaterais sem ouvir os donos do clube? Sim, o Atlético tem donos, mas que se acalmem aqueles que gostam de gritar que torcem para o Atlético, que o Atlético é nosso! Nosso de quem, caras-pálidas?

Eu, por exemplo, torço muito para a Petrobrás, por ser uma empresa brasileira de ponta na sua área. Torço muito e fico muito feliz quando são anunciadas novas descobertas de petróleo, gás natural, etc. Mas o fato de torcer não me permite abastecer meu carro de graça. Se eu quiser ganhar alguma coisa da Petrobrás, não basta ser simpático à empresa ou a seus produtos. Eu preciso desembolsar dinheiro para comprar ações que, se valorizarem, me darão lucros.

O Atlético é assim. Se você contribui com o time, sendo sócio, você tem direito a voto. Se não, não adianta dizer que foi no Pinheirão, que viu o Barra do Garça ou tem a camisa de 1975. Para influir no futuro do clube, você tem que pagar. É, igualzinho à rádio. Desculpe, amigo, mas vivemos num mundo capitalista, e não existe almoço grátis. No passado eu também gostava de assistir filmes no meu videocassete de quatro cabeças, mas agora tive que comprar um DVD, para ter imagem e som melhores. Assistir jogos na velha baixada era legal, mas agora pagamos por um produto melhor. Você não pediu por isso? Nem eu, mas ambos nos orgulhamos do que temos.

Acho que cabe apenas à diretoria do Atlético, por nós constituída, uma maior transparência nos atos e planejamentos para o clube. Que o dinheiro da rádio seja investido no futebol, e que sejam prestadas contas dele numa assembléia geral, que deveria ser no mínimo anual. Que as diretrizes futuras sejam aprovadas por maioria simples dos presentes a essas assembléias, e que a alternância no poder, princípio democrático fundamental, seja observada e respeitada.

Aos que cegaram ao fim desse longo texto, meus parabéns o obrigado pela confiança. Meu e-mail está aí, para trocarmos idéias. Opiniões contrárias, quando educadas, serão muitíssimo bem-vindas e respondidas. Àqueles que não sabem responder sem baixar o nível, nem percam seu tempo. Eu tenho o maravilhoso dom de não perder meu humor nem meu dia por causa de palavrões ou ataques pessoais de quem nem conheço.



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