Atletibas memoráveis: a supercampanha de 1998
Na quinta reportagem da série "Atletibas memoráveis", chegou a vez de relembrar a brilhante campanha atleticana no Campeonato Paranaense de 1998, quando brilhou a estrela de um time de guerreiros, comandados pelo incansável técnico Abel Braga.
Depois de retornar à elite do futebol brasileiro, com a conquista da Série B em 1995, e surpreender no cenário nacional com uma belíssima campanha no Brasileiro de 1996, faltava ao Atlético retomar a hegemonia no futebol do estado. Por dois anos consecutivos (1996 e 1997), o grito ficou engasgado, por tropeços nas fases decisivas. Mas em 1998, o Atlético montou um time consistente, sob o comando forte do técnico Abel Braga e que desde o início da competição deu mostras de que dificilmente o título daquele ano sairia da Baixada.
Naquela época, a política vigente no clube era de investir o mínimo possível no time de futebol, canalizando todos os recursos nas obras de construção da Arena da Baixada. Em virtude disso, comparado ao time do ano anterior, o Atlético perdeu jogadores importantes, como o lateral-direita Alberto e a dupla de poloneses Nowak e Piekarski, trazendo como reforços alguns jogadores até então desconhecidos da torcida, como o zagueiro Gustavo, o meia Adriano e o atacante Warley, além do meia Kelly, que já tinha brilhado em outros clubes mas vivia um momento em baixa no futebol.
O regulamento do Campeonato Paranaense daquele ano previa disputa em turno e returno entre os 12 clubes participantes, classificando-se os melhores quatro para um quadrangular semifinal. Neste quadrangular, o vencedor de cada turno se classificava para a final, disputada em melhor de três jogos.
O Atlético começou o campeonato de maneira arrasadora. No primeiro turno, os comandados por Abel Braga foram brilhantes: o time terminou a fase invicto, com nove vitórias, dois empates e 29 pontos, garantindo a classificação para o quadrangular e assegurando um ponto extra no primeiro turno da fase semifinal. O segundo turno praticamente manteve a toada: oito vitórias, dois empates e apenas uma derrota, assegurando a primeira colocação geral, com 10 pontos na frente da segunda melhor campanha. Mais um ponto extra, desta vez para o segundo turno do quadrangular.
No início do quadrangular semifinal, a torcida ficou preocupada, relembrando traumas dos anos anteriores. Nesta fase, o time sofreu dois desfalques importantes: primeiro, o zagueiro Wilson, vítima de tuberculose. Depois foi a vez do atacante Tuta, que numa jogada desleal sofreu uma séria contusão na perna e não pôde mais jogar no campeonato daquele ano.
No primeiro turno do quadrangular, nem mesmo o ponto extra conseguiu garantir o Rubro-negro na primeira colocação, posição conquistada pelo Coritiba, que com isso garantiu a primeira vaga para a final. No segundo turno, empate no Atletiba, e duas vitórias, sobre Paraná e Iraty, garantiram ao Atlético a segunda vaga na final.
Mais uma história de Atletiba decisivo
Como diz o velho ditado, a história é contada pelos vencedores. E é por causa disso que os atleticanos relembram com carinho os feitos do time no Paranaense de 1998. Dono da melhor campanha do campeonato, o Furacão chegou nas finais contra o Coritiba com a vantagem de dois mandos de campo (na decisão disputada em melhor de três jogos). Recordes e uma irretocável festa em vermelho e preto deram um tom a mais na cidade nos dias que intercalaram os três Atletibas decisivos daquele ano.
Nélio calou os coxas nos Atletibas decisivos de 1998 [foto: arquivo]
No primeiro encontro , no Couto Pereira, 33.930 pagantes viram Nélio abrir o placar para o Atlético no primeiro tempo, com o Coritiba empatando o jogo aos 42 minutos da etapa final. O segundo jogo foi uma verdadeira festa rubro-negra: o Atlético, empurrado pela sua torcida, que compareceu em um ótimo número no Pinheirão, abriu o placar no primeiro tempo com um gol de cabeça do meia Adriano. A equipe perdeu muitos gols na etapa inicial, e acabou sendo punida por isso. O Coritiba empatou no início do segundo tempo, aos 8 minutos. O empate durou exatos 60 segundos: Nélio, com um golaço olímpico, colocou o Atlético novamente na frente. Luizinho Netto marcou o terceiro e Alex fechou o placar. O Atlético vencia por 4 a 1 e praticamente garantia o título estadual.
O título ficou com o melhor
Após a vitória por 4 a 1 no segundo jogo, a confiança virou companheira dos atleticanos na decisão. No dia 11 de junho de 1998, o Atlético e os atleticanos fizeram história. No total, 44.475 pessoas compareceram ao Pinheirão para o duelo decisivo, recorde de público no estádio.
O jogo teve todos os ingredientes de uma verdadeira decisão, em que a rivalidade, a angústia e a explosão tomam conta do cenário. No primeiro tempo, aos 35 minutos de jogo, a apreensão ganhou a cor rubro-negra. Edinho Baiano fez falta dentro da área pênalti para o Coritiba. E naquelas explosões de sentimentos antagônicos que só o futebol é capaz de proporcionar, a angústia com a penalidade ganhou uma explosão de felicidade segundos depois. Tudo começou com o goleiro Régis, que decidiu ser o cobrador do pênalti e, para alegria da massa atleticana, a bola foi para fora. Quatro minutos depois, a felicidade foi total: aos 39 minutos, o lateral Dedé cobrou uma falta com perfeição e marcou o primeiro gol rubro-negro na partida, deixando todos que estavam presentes no Pinheirão com uma certeza: o título estava muito próximo.
Depois de oito anos, Atlético voltou a conquistar o Estadual [foto: arquivo]
O segundo tempo começou com o Atlético segurando o jogo, o que enervou os jogadores do Coritiba. Várias faltas foram cometidas pelo clube verde e branco, próximas de sua área. Em uma delas, aos 7 minutos, o lateral Marcelo levantou a bola na área e o zagueiro Wilson, de cabeça, marcou o segundo gol do Atlético, trazendo a certeza do título para a torcida. O restante do jogo foi marcado por uma pressão desordenada do Coritiba, enquanto o Atlético apenas aguardava o apito final. O Coritiba ainda diminuiu com Sandoval, aos 41 minutos, mas a reação foi tardia. O título era do Atlético, e novamente em um emocionante Atletiba.
Depois de oito anos na fila, o Furacão voltou a ditar o ritmo do futebol paranaense, numa festa que saiu do Pinheirão, ganhou as ruas de Curitiba e foi terminar em frente à Baixada, na Praça do Atlético. Naquele dia, a Arena que estava sendo construída pôde sentir pela primeira vez o calor e a emoção de toda a nação atleticana, que no mesmo ritmo gritava numa única voz: é campeão!!!
Clique aqui e relembre toda a trajetória do Atlético no Campeonato Paranaense de 1998.