Trinta e cinco anos de rivalidade crescente
Jogos decisivos, equilíbrio, estádios lotados, troca de acusações, conflitos judiciais, guerra de bastidores e muita provocação, esse é o clima que rodeia a relação entre Atlético e São Paulo desde a primeira partida realizada entre os dois times no ano de 1973.
O Rubro-Negro paranaense e o tricolor paulista já se enfrentaram 33 vezes na história. O Furacão venceu 11 partidas contra o rival paulista e perdeu 12. Completam os números mais 10 empates, comprovando o equilíbrio do confronto.
Os primeiros encontros decisivos entre os dois clubes foram em jogos válidos pelas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1983. Na ocasião, o Atlético surpreendeu o país pela primeira vez. Comandado pela dupla Washington e Assis, o Furacão mostrou a sua força e venceu o tricolor paulista nas duas partidas. O jogo de ida, disputado no Estádio Couto Pereira, foi vencido pelo Atlético por 2 a 1, com gols de Déti e Washington para o Atlético, e Renato para o São Paulo
Na partida de volta, realizada no Morumbi, o Rubro-Negro voltou a vencer, dessa vez por 1 a 0, gol do craque Assis. A classificação diante do São Paulo credenciou o Atlético a disputar a semifinal do Campeonato Brasileiro contra o Flamengo de Zico, um dos melhores times da história do futebol brasileiro. Apesar do grande elenco e da força da torcida atleticana, o Furacão foi eliminado e acabou não chegando à final.
No ano de 1999, Atlético e São Paulo voltaram a se enfrentar em confrontos mata-mata, desta vez válidos pelas semifinais da Seletiva brasileira para a Copa Libertadores da América do ano 2000.
A primeira partida foi disputada no Couto Pereira (a Arena da Baixada estava fechada para um evento). Contando com a inspiração do trio Kelly, Adriano e Lucas, o Furacão passou por cima do poderoso tricolor paulista e venceu por 4 a 2 (gols do Atlético: Adriano, Adriano, Gustavo e Kelly; gols do São Paulo: Jacques e Wilson). No jogo de volta, realizado no Morumbi, o Atlético perdeu por 2 a 1 (gols do SPFC: França e Leonardo (contra); gol do CAP: Lucas), mas mesmo assim garantiu a vaga na final da competição devido à vantagem adquirida na primeira partida.
Após passar pelo São Paulo, o time rubro-negro conquistou o título da seletiva contra o Cruzeiro e carimbou o passaporte para disputar no ano 2000 a primeira Copa Libertadores da história do clube.
A caminho do título brasileiro
Em 2001, dois anos após o confronto pela Seletiva, Atlético e São Paulo se encontraram novamente pelas quartas-de-final do Campeonato Brasileiro, repetindo a história de 1983. O regulamento da competição previa que, nos jogos de semifinal e quartas-de-final, o mandante da partida seria o time que tivesse feito melhor campanha na primeira fase do campeonato.
Sendo assim, o Furacão recebeu o São Paulo na Arena da Baixada em um jogo que ficará marcado para sempre na história do clube. Além de fazer parte da campanha do primeiro título brasileiro do rubro-negro, a partida foi repleta de fortes emoções. Jogando embalado pela nação atleticana, o Furacão partiu para cima do tricolor e abriu o placar ainda no primeiro tempo com o atacante Kléber. Na segunda etapa, o São Paulo foi para o tudo ou nada e empatou a partida em um pênalti cobrado pelo meia Adriano.
Após o gol paulista, a partida ganhou ares de drama e desespero. A equipe que fizesse um gol praticamente mataria a partida e foi isso que aconteceu quando, aos 36 minutos do segundo tempo, o zagueiro Gustavo disparou em direção do gol tricolor, chutou uma bola rasteira e o goleiro Rogério Ceni rebateu a bola nos pés do matador Alex Mineiro, que só teve o trabalho de empurrar a bola para o fundo da rede e correr para festejar o gol. Estava dado ali mais um passo rumo ao título mais importante da história do clube.
Fugiu do Caldeirão
No ano de 2005, os dois times se encontraram na partida mais importante da história do confronto entre paranaenses e paulistas, a final da Copa Libertadores da América.
O São Paulo iniciou o campeonato e chegou à final como favorito ao título. Já o Rubro-Negro foi o azarão da competição e contava principalmente com a força da torcida. A final da Copa Libertadores parou o país. Pela primeira vez na história, o título seria decidido entre dois clubes do mesmo país. O espetáculo estava pronto e todos acreditavam que a taça seria disputada apenas dentro das quarto linhas.
A esperança de uma final limpa e sem jogadas extra-campo foi por água abaixo antes mesmo da primeira partida decisiva. Sabendo que teria que jogar na Arena da Baixada, a diretoria são-paulina se mobilizou para tirar o jogo do Caldeirão. Os paulistas alegaram que o estádio mais moderno do Brasil não teria condições de sediar o jogo. O receio de enfrentar a fanática torcida atleticana era tanto que a direção do São Paulo perdeu a esportividade e partiu o jogo de bastidores. O clube se aproveitou da forte influência que exercia dentro da CBF e conseguiu afastar o Furacão de sua casa. A imprensa nacional se calou e o Atlético foi obrigado a mandar o primeiro jogo da final em Porto Alegre, bem longe de sua temida torcida.
Mesmo com a presença de milhares atleticanos na capital gaúcha, os jogadores do Furacão sentiram a falta do calor e da magia da Arena da Baixada. Jogando mal, o Atlético conseguiu abrir o placar com um gol marcado pelo atacante Aloísio. A vantagem atleticana durou pouco tempo e com um gol contra do zagueiro Durval, o São Paulo empatou a partida e pôde decidir com mais tranqüilidade jogando a segunda final dentro do Morumbi.
Na partida de volta, o Atlético foi valente, mas somente a raça não bastou para reverter o placar. O São Paulo marcou o primeiro gol logo no primeiro tempo. O Furacão teve a chance de empatar no pênalti desperdiçado pelo meia Fabrício e daí por diante o tricolor tomou conta da partida e fez mais três gols, conquistando então o seu terceiro título da Libertadores.
Outras disputas
Depois da decisão, a relação entre os clubes estremeceu. Ainda em 2005, pouco tempo após a final da Libertadores, o Furacão recebeu o São Paulo na Arena da Baixada em partida válida pelo Campeonato Brasileiro e mostrou porque o tricolor tinha tanto medo de jogar no caldeirão rubro-negro. Em uma partida perfeita, empurrado por sua inigualável torcida, o Atlético venceu por 4 a 2 (gols do CAP: Alan Bahia, Ferreira (2) e Jancarlos; gols do SPFC: Christian e Amoroso), comprovando que se a primeira partida da final da Libertadores 2005 não tivesse sido roubada de seus domínios, a história final da competição seria outra.
Mesmo sem se enfrentarem em jogos decisivos desde 2005, a relação entre os clubes só tem piorado, principalmente nos tribunais. A primeira briga judicial envolvendo as duas equipes começou no ano de 2005. Após a final da Copa Libertadores, os paulistas demonstraram interesse no atacante Aloísio. O Atlético cedeu o atacante por empréstimo para o tricolor, inicialmente para que ele pudesse disputar o Mundial Interclubes no Japão. Após o término do empréstimo, Aloísio não se reapresentou ao Atlético, dando início à primeira guerra nos tribunais.
Se não bastasse o caso Aloísio, em 2006 o São Paulo resolveu entrar em mais um conflito contra o Furacão. Desta vez, a briga era pelo atacante Dagoberto. Em litígio com o Atlético, Dagoberto foi procurado antes do final de seu contrato pelo tricolor paulista. O Atlético tentou exercer o seu direito, mas foi vencido pelo tempo. O time paulista depositou a multa rescisória do contrato e ficou com o atacante.
Mais recentemente, no início de 2008, uma nova briga judicial se iniciou e mais uma vez Atlético e São Paulo estão envolvidos. O lateral Jancarlos abandonou o CT do Caju e correu para se alojar no CT do tricolor. Mesmo com contrato assinado com o Rubro-Negro, a Justiça do Trabalho deu uma decisão provisória favorável ao jogador, que pôde assinar um novo contrato com o time do Morumbi. O Atlético recorreu, mas o caso só deve ser resolvido em 2009; até lá, o lateral seguirá atuando pelo São Paulo.
No domingo, mais um capítulo desta história digna de novela das oito será escrito e mais uma vez os privilegiados serão os torcedores que estarão presentes na Arena da Baixada vivendo todas as emoções de uma grande partida.
Confira abaixo todos os jogos na história entre Atlético e São Paulo (incluindo confrontos pelo Campeonato Brasileiro, Libertadores e Seletiva):
1973 – Atlético 0 x 0 São Paulo
1974 – São Paulo 0 x 0 Atlético
1976 – São Paulo 0 x 2 Atlético
1982 – Atlético 1 x 3 São Paulo
1982 – São Paulo 1 x 0 Atlético
1983 – Atlético 2 x 1 São Paulo
1983 – São Paulo 0 x 1 Atlético
1988 – Atlético 1 x 1 São Paulo
1989 – Atlético 0 x 0 São Paulo
1991 – São Paulo 2 x 1 Atlético
1992 – São Paulo 5 x 0 Atlético
1996 – São Paulo 3 x 3 Atlético
1997 – Atlético 1 x 1 São Paulo
1998 – São Paulo 2 x 0 Atlético
1999 – Atlético 4 x 1 São Paulo
1999 – Atlético 4 x 2 São Paulo
1999 – São Paulo 2 x 1 Atlético
2000 – Atlético 2 x 1 São Paulo
2001 – São Paulo 2 x 1 Atlético
2001 – Atlético 2 x 1 São Paulo
2002 – Atlético 1 x 1 São Paulo
2003 – São Paulo 2 x 0 Atlético
2003 – Atlético 4 x 3 São Paulo
2004 – São Paulo 1 x 0 Atlético
2004 – Atlético 1 x 0 São Paulo
2005 – Atlético 1 x 1 São Paulo
2005 – São Paulo 4 x 0 Atlético
2005 – Atlético 4 x 2 São Paulo
2005 – São Paulo 3 x 1 Atlético
2006 – Atlético 0 x 0 São Paulo
2006 – São Paulo 1 x 1 Atlético
2007 – São Paulo 2 x 0 Atlético
2007 – Atlético 2 x 1 São Paulo