O Coliseu e o Povo
Petraglia é um investidor, um empresário. A empresa Atlético poderia ser um mega store de roupas, uma rede de fast-food ou uma escola chinfrim de bairro que converge esforços menos para a formação de seus profissionais do que para um lay-out arrojado que faça frente aos seus clientes. Aplausos para ele! Qual seja, certamente, engordaria os polpudos cofres do investimento: o homem tem o dedo de Midas. Aplausos para ele! Todos reverenciam a grande Arena, onipotente em sua construção monumental fazendo sombra a outros estádios com bem menos predicativos. Aplausos para ele! Pese lembrar que um verdadeiro Coliseu não é só tijolos: é preciso verdadeiros gladiadores, é preciso público, é preciso sangue, é preciso paixão. Hoje, nós temos tijolos: belos tijolos pretos e vermelhos erigidos em bairro nobre da fria Curitiba. Hoje, nós temos público: lutadores, tímidos, humildes, apaixonados que juram amor atracados aos seus radinhos de pilha, conformados à abstenção das imagens televisionadas das guerras; temos público que chora vitórias e derrotas resignado à impossibilidade de sangrar valiosos R$50,00 mensais do orçamento da prole numerosa; temos público que, mesmo não podendo pagar a valorosa quantia da associação e também – não podendo pagar o irretratável valor de R$30,00 do ingresso, ainda assim, mantém-se fiel, incólume às intempéries e em consignação permanente com suas paixões. Onde está a Arena para esse público?
Aplausos para ele! A Arena é realmente um colírio aos olhos mortais, numéricos ou apaixonados: monumental, grandiosa uma eloqüência visual – mas faltam portas maiores, faltam acessos, falta democracia! Os gladiadores foram-se para outras masmorras onde está Spartacus? Os Imperadores postam-se em seus camarotes salve César! não há quem o saúde, pois os aplausos morreram antes de entrar, morreram com seus radinhos nas portas cerradas do Coliseu…
Onde estão os verdadeiros leões dessa guerra?
Aplausos para eles!