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1 jun 2008 - 17h28

Seleção Atlético

Faz algum tempo que o presidente do Vasco, sr. Eurico Miranda, disse que para onde quer que ele olhasse ele via um garoto formado pelo Vasco.

É que na época que ele declarou isso, muitos bons jogadores formados pelo Vasco não conseguiam lugar no time principal devido o excesso de bons jogadores e então muitos saíam para outros clubes onde acabavam se destacando.

Parodiando o presidente cruzmaltino, podemos tranqüilamente hoje dizer que para onde quer que olhemos veremos um ex-atleticano se destacando em outras equipes.

Não só nos times mais importantes, mas nos principais torneios que estão sendo disputados pelas equipes brasileiras.

Desde logo, excluímos os ex-atleticanos que estão brilhado no exterior como o Ilan na França, o Lucas, Denis Marques e Claiton no Japão, o Fernandinho e o Jádson na Ucrânia e outros. Vamos nos concentrar apenas no Brasil.

Em São Paulo, os ex-atleticanos são destaques nos grandes times que disputam o campeonato brasileiro da série A. Comecemos com os destaques negativos: Jancarlos, Dagoberto e Aloísio. Quando mencionamos esses nomes nos vem um sentimento de contrariedade, de traição, de jogadores que nunca sentiram nada pelo rubro-negro e que estavam desesperados para trocar o Atlético pelo primeiro clube que aparecesse com um punhado de notas a mais. Brigas jurídicas, expulsões forçadas, medo de jogar na Arena, covardia, dissimulação, o pior e o que de mais podre existe no mundo do futebol. Jogadores que beijam um escudo hoje e com a maior naturalidade beijam outro escudo no dia seguinte. Ingratidão. Falsidade. Coincidentemente os três estão hoje no São Paulo. E o futebol dos três decai a olhos vistos. No Palmeiras, atual campeão paulista, brilha Alex Mineiro, artilheiro do campeonato e herói do título de 2001. Agora vem Evandro, a quem Luxemburgo, talvez o técnico que mais conhece futebol no Brasil, simplesmente colocou como o eventual substituto do mago Valdivia. E ele sabe o que está dizendo. No Santos, a regularidade de Rodrigo Souto e o oportunismo de Kleber Pereira.

No Rio de Janeiro o Flamengo tem Cristian, que no Atlético alternou boas e más apresentações (mais más que boas) e Kleberson, que em 2002 surpreendeu o Brasil sendo o motorzinho do meio-campo da seleção penta. No decepcionante Botafogo vemos brilhar no ataque a estrela solitária de Jorge Henrique que pouquíssimas chances teve de mostrar seu talento por estas bandas. Na lateral-direta do alvinegro carioca, Alessandro, campeão em 2001 e que nunca teve um substituto à altura desde que saiu (exceto Fernandinho que jogou naquela posição em 2004, improvisado).No Vasco, comandando o meio campo, titular absoluto, Morais, reserva no grupo de 2004, que também não teve muitas chances e que depois da sua apagada passagem pelo Atlético, voltou para o Vasco e chegou até à seleção brasileira.

Do Fluminense então, o que dizer? Seguramente todo atleticano que se preza está torcendo pelo sucesso do Washington e deve ter ficado contente com o milagre que ele fez no jogo contra o São Paulo. Dupla alegria: pela eliminação do time dos mercenários ingratos e pela vitória do Washington. O triunfo do bem sobre o mal. Na reserva, discretamente sentado e apenas participando das comemorações, nosso saudoso ex-goleiro titular Diego.

No sul do Brasil, na lateral-esquerda do Internacional, o artilheiro Marcão, que igualmente nunca teve um substituto à altura desde que saiu. Digo mais, os substitutos são uma pálida sombra do futebol técnico e de raça do incansável ala colorado.

Copa do Brasil. Mais uma vez o Nordeste está presente na final de um torneio que um time paranaense nunca conquistou e sequer chegou a uma final. No rubro-negro de Recife, a defesa é composta por jogadores que tiveram relativo destaque em outros tempos no rubro-negro de Curitiba: Luisinho Netto, Igor e Durval.

Poderíamos montar um verdadeira seleção só com os ex-atleticanos que estão no Brasil – Diego, Alessandro, Durval, Igor e Marcão, Kleberson, Rodrigo Souto e Morais, Washington, Kleber Pereira e Alex Mineiro, fora os outros citados que formariam um respeitável banco. Esse time está a anos-luz de distância do atual time titular (qual?) do Atlético versão campeonato brasileiro de 2008.

Alguns jogadores saem por boas propostas. Boa para o clube e boa para eles. O que fazer? É o capitalismo. Não cobre a proposta, vai mesmo.

Mas existe um grupo dos jogadores citados acima que quando saíram do Atlético davam a impressão que não se encaixaraiam mais em nenhum clube e no entanto acabaram se firmando e tendo destaque fora. Por quê?

Será que a torcida cobra demais e deveria ser mais paciente com o jogador? Realmente, parece que tem torcedor que vai para o estádio apenas para pegar no pé de algum jogador e se delicia com isso (lembram-se de Fora Denis Marques?). Será que apesar de toda essa conversa de estrutura de Primeiro Mundo, o Atlético, com toda a sua invejada organização, não teria se convertido num lugar chato de trabalhar para um boleiro? O que acontece, que muitos jogadores não conseguem mostrar todo o seu potencial no nosso rubro-negro?

Olho para o nosso elenco atual de quarenta jogadores. Pelo que fizeram até agora no time, poucos destaques, pouco a se esperar. Mas, espera um pouco…Será que qualquer um deles, se sair, não se converteria em destaque no time para o qual fossem? Pode ser. Muitos jogadores têm potencial. Creio que o que falta é trabalho técnico, de fundamentos com alguns jogadores, que em sua maioria são jovens e ainda tem muito a assimilar. Fora isso, um trabalho tático sério, para definir o melhor posicionamento de cada um, onde cada um poderia render melhor.Além disso, mas isto é uma mera suposição, melhorar o ambiente de trabalho, pois nos dá a impressão que o Atlético não é um lugar muito agradável para o trabalho de um jogador de futebol apesar de toda a excelência de sua estrutura. Também poderia se pensar em melhorar a parte psicológica dos jogadores. Contratar algum profissional ou profissionais que elevassem o moral do time, a auto-estima, aquela velha conversa de família,etc.

Como não me iludo e sei que craques e bons jogadores não virão, apenas torço para que o Roberto Fernandes consiga montar um bom time com o que tem à sua disposição para esse campeonato, e que, pelo menos, consiga nos livrar da suprema vergonha do rebaixamento. Quem sabe até buscar algo mais…Os outros times não estão tã melhores assim. Isso nos daria alguma mínima alegria, porque, no fundo, ver os ex-atleticanos brilharem com outras camisas nos dá é uma imensa tristeza.



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