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2 jul 2008 - 10h30

Contos atleticanos

Das palavras de MCP, ou dos seus ao torcedor atleticano, as que mais me doeram foram àquelas que nos resumiram a bêbados vagabundos, do tipo que tem que se drogar para assistir um jogo, como as faladas em bom português por Fleury há pouco tempo atrás.

Digo foram, por que os discursos de agora suplantam – e muito – os já inúmeros atos de desrespeito e afronta a torcida atleticana intensificados desde 1999, mais precisamente há partir de 2002.

Pergunto-lhes, nobres atleticanos leitores deste espaço:

Onde há coerência neste projeto?

Ou melhor: há de fato um projeto em andamento?

É aí que MCP esbarra em suas maiores contradições.

Ele fala há mais de uma década em um Atlético forte, temido, um dos grandes das Américas, porém seus atos à frente do clube só refletem o contrário.

De inovador, inteligente, pioneiro, passou a acreditar em seus próprios sofismas e hoje mais parece um professor Pardal.

Fala-se em se obter mais receita, mas se joga fora um patrocínio internacional conseguido a duras penas sob a alegação de que a iminência da copa no Brasil torna necessário um aporte mais generoso de patrocinadores, diferentes dos patamares atingidos pela Kyocera.

Falou-se durante alguns dos últimos anos que a montagem de um grande time esbarra na pouca participação da falácia que é a torcida Atleticana, mas a participação da torcida hoje que ocupa quase todo o espaço à ela destinada sob a tão sonhada forma societária parece estar sendo ignorada pela diretoria, que insiste na velha e duvidosa forma de apostas.

Mas, cadê a coerência?

Não posso pedir coerência a diretoria quanto ao seu projeto, pois de fato a essas alturas não sei definir qual é, mas este quadro diretivo deveria ter ao mínimo bom senso em relação às próprias falas e dar a torcida atleticana – ou aos seus sócios – um time de futebol ao menos competitivo.

Os sofismas da diretoria, que parecem fruto de brainstorm , precisam acabar, pois de fato não se pode mais criar factóides para adiar um investimento decente no departamento de futebol, investimento que já tarda, que se não é de fato prioridade para esta diretoria- como já está claro há anos – que se faça para alentar os sócios do clube e toda a nação atleticana, que é bem maior do que os poucos mais de 20.000 que hoje cabem na Baixada.

A torcida atleticana não pode se contentar com Rafael Moura, com escavadeiras que parecem só trabalhar em vésperas de jogos, na contratação de kamali sob a alegação de que nos abrirá portas, em sorteios de camisas oficiais nos intervalos, com o vice estadual, em perder para o Corinthians alagoano, ou para o Volta Redonda.

A nação atleticana não pode se contentar com aquele que nos prometeu nos tornar o maior das Américas, cujo compromisso aparente de hoje com o futebol parece resumir-se a realização da copa em Curitiba.

Precisamos do agora, e temos este direito, afinal este projeto está em andamento há mais de uma década e parece que, desde 2001, estacionamos, e o pior, parece que o estacionamento está pago até 2014.

O que acontece com o Atlético? Por que o futebol fica para segundo plano?

Porque nossa receitas, nosso status, nossa torcida, nossos sócios não são respeitados? Porque não temos um time para voltarmos a mídia, e, principalmente , para ganharmos algo que não seja um honroso vice estadual?

Os feitos de Petráglia até aqui não podem e não devem lhe dar indulgência eterna em relação aos erros grotescos no trato com o futebol que ocorrem há anos.

Como disse um grande colunista deste site, o Atlético não deve mais enganar o Atlético.

E o pior: parece que de fato precisamos de um novo “1995”.



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