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14 jul 2008 - 17h37

O time

Ah, eu me lembro de 2001. Ano de conquistas, onde tivemos, talvez, o melhor Atlético deste século. Um bom time, formado por jogadores de qualidade e que honraram a camisa atleticana numa campanha perfeita e nos deram o maior título de nossa história.

Um time que contava com Flávio; Rogério Corrêa, Nem, Gustavo; Alessandro, Cocito, Adriano, Kléberson, Alex Mineiro e Kleber, e ainda contávamos com um banco com jogadores Souza, Ilan que podiam a qualquer momento desequilibrar uma partida.

Mas este não era um simples time, com alguns nomes que nos trazem boas lembranças e que ganhou o título brasileiro de maior expressão. Todos lembramos das jogadas de velocidade, da grande movimentação de Adriano, da distribuição de jogadas de nosso segundo volante, Kleberson e de nossos bons alas, Alessandro e Fabiano. Na frente tinhamos nada mais nada menos que Alex, com sua movimentação e inteligência. E Kleber o nosso matador.

Mas não era só isso. Este time, acertava passes, se movimentava. Cada jogador sabia a sua função em campo. Alessandro, fazia boas jogadas pela direita, e Fabiano com suas arrancadas, levavam o time para frente com velocidade. Com esses ingredientes, criávamos contra-ataques perfeitos. Fazíamos jogadas inesperadas e imprevisíveis como o terceiro gol contra o São Caetanos na primeira partida das finais.

Ah, eu me lembro. E uma coisa esse time tinha, um excelente toque de bola e movimentação. Um espírito vencedor e jogadores inteligentes. Que não faziam lançamentos a esmo e valorizavam a posso de bola enquanto a tinham. E caçavam a bola em busca de um contra-ataque, que estava armado antes mesmo de recuperar a bola, pois os jogadores sabiam o que fazer com a bola.

Hoje, a torcida é a mesma, a camisa é a mesma, o campeonato também é o mesmo. Mas sofremos a falta de qualidade, ou será, a falta de preparo, a mesma que nos levou a desclassificação de uma copa libertadores em 2002. Com o mesmo time campeão.

Este time, está obviamente sem prepare. Não existe jogada trabalhada, não existe movimentação em campo, os passes são errados e os jogadores não sabem o que fazer com a bola em um contra-ataque. Precisamos de um meio campo com mais qualidade, e por mais que Nei e Alan Bahia tenham qualidades individuais e se destaquem, não tem ajudado o time coletivamente. Precisamos de um ala direito que além de raça, faça bons cruzamentos.

Precisamos de um segundo volante que além de marcar gols, de velocidade ao time. Que faça a distribuição da jogada para as laterais com rapidez, participe das tabelas e caia por estas posições, assim como Kleberson em 2001. Isso não é uma crítica ao Alan, que é um dos únicos jogadores que tem ajudado o time, com gols. Talvez mereça assumir o ataque do nosso time e quem sabe não se torne um excelente atacante, assim como excelente primeiro volante que é.

Não vejo nosso time, com participação de todos os jogadores, seja com o sem a bola, em busca do gol. Vejo um grande amontoado de jogadores desentrosados, sem função em campo, dependendo única e exclusivamente de suas qualidades individuais. E somente com elas nosso time não irá chegar a lugar nenhum.

Pois apesar de termos um bom elenco, e temos sim. Não existe bom futebol sem treinamento. Não existe time bom sem conjunto. Não existe time bom que tenha apenas estrelas se não há coletividade.
Não tem jogador no mundo que jogue sozinho. Ronaldinho Gaúchio não seria 2 vezes melhor do mundo se o Barça não fosse campeão. Ronaldo não teria sido o melhor jogador da copa de 2002 se não houvesse Kléberson e Rivaldo para criar as jogadas que resultaram nos gols do Brasil na final contra Alemanha.

O que eu gostaria de dizer, gostaria que chegasse aos ouvidos do nosso treinador e seu antecessor. Não por que entendo tudo de futebol, mas por que não vejo nesse time nenhuma característica de time vencedor. Não vejo jogadores inteligentes, com boa movimentação e passe com qualidade. E por isso não finalizamos a gol. Somos um amontoado em campo. Jogadores que podem render muito, se houver uma tabela ou se abrirem espaços para que possam jogar, mas que estão abusando do individualismo e de jogadas forçadas sem nenhum intuito.

Um time não pode ter jogadores em campo, somente pelo nome que carregam ou por sua história. Muito menos pelo seu salário ou cobrança da torcida. É preciso ter jogadores com funções específicas em campo. Jogadores que tem um padrão de movimentação, que executem as funções exatamente como elas requerem. Zagueiro que fazem a cobertura perfeita para o outro, que abrem nas pontas para sair jogando, que sabem que quando receberem a bola, o lateral vai passar e o volante vai se aproximar para receber e se estes estão marcados o outro zagueiro vai se apresentar mais atrás para receber a bola e distribuir para o outro lado, e então, este zagueiro faz um lançamento, mas por que um atacante abriu na ponta para receber e não um balão cruzado para o nada.

É preciso que quando o segundo volante receba a bola, ele saiba o que fazer com ela. Que receba, e se tiver espaço que leve o time ao ataque, atravesse a linha de meio campo, aguardando a presença dos meias para uma tabela ou então a passagem dos alas ou então a passagem dos alas. Que o meia tenha os atacantes invertendo posições para confundia a zaga e que se apresentem para receber e tocar de primeira, seja simplesmente para uma tabela ou para um toque de primeira para as laterais.

Precisamos de laterais, que cruzem direito. Precisamos de meias que dominem e olhem o jogo quando possível e que toquem de primeira pois sabem o posicionamento dos jogadores de frente ou dos alas. Precisamos de um segundo volante que carregue essa bola a frente, que passe por traz da marcação e que se apresente para ajudar os laterais. Precisamos de atacantes que se movimentem, que toquem a bola e não exagerem no individualismo.

Para isso, é preciso medir o aproveitamento dos jogadores. Por suas funções. Não por que a torcida grita o nome de um, ou porque o outro fez história jogando aqui no passado. Digo isso, pois acho que Alan Bahia faz gols, mas não exerce a função de segundo volante com qualidade. Falo isso por que acho que Ferreira está for a de forma ou sem ritmo e exagera no individualismo. Falo isso por que Nei, nosso lateral. Não acerta um cruzamento, se embola com a bola muitas vezes e se perde, por não ter para quem tocar.

Observe, treinador, que o nosso time erra passes demais. Individualiza demais as jogadas e não possui tabelas. Nosso ala esquerdo toda hora tenta partir para cima do zagueiro e isso tira o imprevisível e o faz ficar facilmente marcado. Nossa zaga tem qualidade, mas na loucura, desorganizada para marcar gols, falha. Nosso goleiro, apesar de fazer excelentes defesas, falha na saída do gol. Não estou querendo escalar o time. Acho que o time só precisa de peças mais encaixadas.

Assim como você falou um dia que Piauí é lateral e Marcio é Ala, quero ver você aplicar isso em campo. Jogadores jovens podem assumir posições sem problema. Basta ver a excelente atuação de Douglas Maia na direita no ultimo jogo. Basta ver a excelente atuação de Rodolfo e Chico. Lembro que a falha do gol do Inter foi do Antônio Carlos que é um excelente zagueiro, mas se tivéssemos Vinicius no gol talvez não levássemos tantos gols de bola aérea, pois ele é excelente neste quesito.

Apenas acho que este time precisa de jogadores com características diferentes para o segundo volante e para os laterais. Ou avançamos os laterais ou seguramos o segundo volante o fazendo um volante extremamente marcador. Inclusive, colocando-o para marcar o melhor jogador do time adversário. Deixando o primeiro volante a cobrir os alas. Numa formação com três zagueiros é bem viável.

O time de 2001 tinha tudo isso. Basta analisar, a característica dos jogadores e ver quais estão rendendo naquela função e quais não estão. Perdemos um jogador, não apenas por sua falta de gols, mas também pela falta de coletividade de nosso time. Marcelo Ramos, apesar da má fase, não pode levar a culpa pela falta de gols, sendo que não criamos jogadas para nenhum atacante marcar gols.

Torço, para que este time se acerte, seja no esquema que for. Mas para isso, precisamos da mão do técnico. Não importa os jogadores que estão jogando, se houver esquema tático. Se houver funções pré-estabelecidas para cada um e chega de ver Alan Bahia decidindo partidas, chega de ver jogadores dando chutões achando que vão armar uma super jogada, chega de meias que não tem presença e de movimentação, alas que não conseguem cruzar na área.

Queremos meias jogando como Souza, Jadson. Queremos um segundo volante como Kleberson, Claiton. Queremos um volante como Cocito, Fabiano, Valencia, esse já temos. Queremos uma zaga bem postada, com três zagueiros de qualidade. Queremos um goleiro seguro, que seja pelo menos bom nas bolas aéreas, saídas do gol. Não excelente em um fundamento e terrível em outros. Acredito que podemos arrumar estas peças no elenco. Temos jogadores que podem facilmente suprir estas necessidades, mas eles precisam entrosar, precisam fazer treinos específicos. Que determinem a eles o que fazer.

E assim como no Futebol Americano, onde cada jogador faz treinos específicos de suas posições nossos jogadores precisam. Treinos de movimentação, treinos de contra-ataque, treinos de posicionamento para diversas situações. Treinos de 3 zagueiros contra 5 atacantes, mexendo o posicionamento destes jogadores.

Acho que são essas coisas estão faltando. Estamos muito focados na estrutura que avalia se a musculatura do jogador está ideal, se o jogador está fisiologicamente bem, se está nutrido e esquecemos de avaliar quantos passes ele errou no jogo, quantas arrancadas ele deu quantas cruzamentos ele acertou, como foi a movimentação dele em campo.

É necessário fazer estatística do aproveitamento de cada jogador e comparar com índices aceitáveis determinados pelo treinador. Não podemos errar tanto e ficarmos impunes. Nós torcedores, avaliamos emotivamente, mas na prática, quem está fazendo o que é determinado pelo treinador. Devemos ponderar e pensar se aquela jogada estúpida entre Ferreira e Márcio Azevedo na lateral foi determinação do treinador. Se nos treinamentos estes jogadores erram tantos escanteios quanto os que estão jogando, pois sem Netinho, ninguém parece saber bater nada.

Acho justo que cobremos do treinador, mas temos que cobrar dos jogadores que podem dar muito mais. Buscar mais o jogo, serem menos individualistas e antes de gritarmos Alan Bahia, precisamos ver se além do gol que o mesmo marcou se ele está cumprindo com o seu papel dentro de campo. Não sei qual é nesse momento. Pois ele parece mais um centro-avante a um volante.

Acredito nesse time. Sei que terá qualidade no futuro. Só não sei o tempo que isso pode levar.



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