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19 ago 2008 - 10h49

Quem dá crédito espera retorno

A mente humana é algo sensacional. Mais impressionante ainda são os efeitos que algumas ações e situações exercem sobre ela.

Mário Sérgio parece ter feito mágica.

Apenas aparenta, mas na prática, pudemos claramente notar que como antídoto para o veneno de Bob, fez exatamente o contrário que seu antecessor: prestigiou, e muito, este elenco.

O combalido elenco atleticano, criticado pelo ex-técnico, pela imprensa, por grande parte dos torcedores, enfim, por quase todo globo terrestre, ressurge, parecendo estar cheio de vida, renovado.

De time meia-boca, em um passe de mágica parece ter passado a ter a cara da vitória, visto esta goleada transmitir, inerente a lógica, uma sensação de bem-estar.

Mário Sérgio deu um voto de confiança ao elenco numa época que até mesmo ele próprio parecia não acreditar ser possível uma reação.

E por isso, simplesmente por isso Mário Sérgio terá retorno, na medida em que a técnica limitar, é verdade, mas terá certa resposta de seus comandados. Até porque, de fato é a última cartada que lhes é ofertada.

Ocorre que precisamos ponderar sobre esta vitória e até outras que virão.

E não se trata de ser pessimista, ou abutre que só vê o mal. Muito pelo contrário, são temores de quem quer vencer de novo, mas teme que as coisas demorem a serem colocadas nos devidos lugares.

É preocupante ver Mário Sérgio dar deixas que nenhum reforço virá e que confia nos que aqui estão.

Também foi preocupante ver Mário Sérgio dar deixas que seus esquemas malucos continuarão a confundir as cabeças adversárias. E as nossas também.

E, enfim, Mário Sérgio falou que veio para salvar o investimento, ou seja, fazer este time jogar para que o mínimo de peças sejam trocadas para o ano que vem.

Petráglia sempre acha que “com o que tem dá”. Para dar sequencia em seu projeto, encontrou um técnico que pensa o mesmo.

Se terminarmos entre os treze primeiros, para o ano que vem teremos esta mesma base, com um ou outro “reforço”, como já estamos acostumados.

Ou seja, de fato, nada mudou.

E nada mudará enquanto nossas aspirações sejam sair da zona de rebaixamento e buscar classificação para a sul-americana.

Nada mudará enquanto tivermos que reforçar elencos em abril, maio, junho.

Nada mudará enquanto a diretoria não visar títulos.

É isto que me preocupa no Atlético.

O pior em ver ano a ano uma mobilização para escapar da segundona é não ter a certeza de que algo esteja de fato sendo feito para que tais situações não mais se repitam no ano seguinte.

Às vezes penso que a paixão deveria por poucos instantes confundir-se com paciência. Talvez assim, o apaixonado e fiel atleticano aprendesse a exercer seu direito de consumidor.

Agora já sabemos que este é o Atlético que veremos o resto do ano. Pergunto-lhes se é este o Atlético que queremos em 2009?

A cabeça dos jogadores parece ter realmente mudado. Bom para o Atlético.

Agora o que precisa mudar, igualmente para o bem do Atlético, é a cabeça do torcedor. Exigir um Atlético forte é não somente um direito, mas uma obrigação daqueles mais de 18.000 sócios que fazem do Atlético um clube grande.

Na prática temos sido um clube que tem porte de arma para carregar uma “45”, mas insistimos em levar uma “22”.

Há de se pensar em ganhar títulos. Já está mais que na hora.

O projeto de Petraglia, por mais formoso que seja, precisa de conquistas, embora pareça que elas de fato não importem a esta diretoria.

Para o torcedor, um titulozinho de vez em quando, não faz mal.

Nossas aspirações já foram mais agudas. Até em outros tempos mais difíceis.



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