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25 ago 2008 - 11h20

Amor acima de tudo

Passamos hoje por um momento difícil. Isso não é novidade no Clube Atlético Paranaense. Antes de 1995, era muito comum, nós torcemos para não cair para a segunda ou a terceira divisão. Ser campeão paranaense, sem dúvida nenhuma, já era um grande feito.

Mas como todo brasileiro, esquecemos do passado e deixamos de acreditar no futuro. Preferimos criticar os erros, do que reconhecermos os feitos. Sou torcedor apaixonado desde que nasci, e já passei por momentos muito dolorosos. Que também gosto de esquecer.

Confesso que nunca imaginei que veria meu furacão campeão brasileiro, que um dia disputaríamos a Copa Libertadores da América, muito menos ser vice-campeão desta competição. Ou ser vice-campeão brasileiro, em apenas três anos após ter ganho o maior titulo nacional. Em 1982, lembro-me muito bem quando fomos campeão paranaense depois de 12 anos sem um titulo.

Tudo isso é passado. E sabem por quê? Por que um empresário bem sucedido, rico como dizem no popular, e um dos donos de uma das maiores empresas do Paraná e do Brasil, resolveu mudar a história do Furacão. No começo olhávamos com certa desconfiança, e eu mesmo achei que era mais um que queria aparecer e que no máximo colocaria uma iluminação nova na baixada e todos nós iríamos lá para aplaudir e nos contentar com o feito.

Mas isso não aconteceu, pelo contrário, começamos a ganhar título paranaense, e fomos para Libertadores. Em 2001 o tão sonhado título nacional e novamente fomos para a Libertadores. O tempo passa e ganhamos o vice-campeonato nacional e o vice da Libertadores. Isso em menos de 10 anos, e vejam em 84 anos de história. Não quero com isso, desmerecer os feitos do passado, ao contrário, acredito, que muita gente bem intencionada, fez sacrifício financeiro e da vida particular, mas infelizmente não conseguiu atingir os objetivos que o nosso furacão merecia.

E ainda há o fator extra-campo, não podemos esquecer o que foi feito pelo Atlético desde a sua fundação, mas seria ignorância não lembrar os problemas que tivemos. Quando jogávamos contra os grandes clubes brasileiros, ou decisão de campeonato paranaense, era no estádio dos verdes que tínhamos que ir, eles várias vezes encheram o bolso com dinheiro dos torcedores atleticanos; depois fomos para o Pinheirão, que “maravilha”. Mal dava para assistir o jogo, era um desconforto total.

É voltamos a ser pequeno, mas não o clube e sim a torcida. Calma! Posso explicar minha opinião. Hoje aceitamos passivamente as criticas recebidas por boa parte da imprensa, e não é somente agora que isso está acontecendo. Já faz muito tempo que a imprensa paranaense, que quando o Atlético traz um novo técnico, antes mesmo de acertar com o clube, cronistas esportivos criticam fortemente o novo contratado. O incrível é que isso não acontece com outros clubes da capital, por exemplo os verdes trouxeram um argentino que até agora não jogou, e tudo que eu ouço da imprensa que é um grande jogador.

E isso é só um exemplo, acho que ninguém da imprensa tem moral ou qualificação para criticar o meu furacão. Pense você aceitaria que alguém falasse de sua namorada, mãe ou esposa. Não. Por que? Porque não gostamos que critiquem quem nós amamos.

Outro grande problema, é o xingamento aos jogadores. Ouvi várias entrevistas de vários atletas que disseram ser ruim ouvirem ofensas. Imagino que sim! Sei que o time não é grande coisa, mas eu não dedicaria meu suor para uma empresa onde os “donos” ficassem gritando antes mesmo do inicio do trabalho, palavras de cobranças ou ofensas, afinal eu ganho meu salário, não sou torcedor.

Li neste espaço que devemos ir ao estádio para cobrar e ofender jogadores e o presidente. E fiquei me perguntando, em que isso mudaria? O que isso ajudaria? Recentemente tivemos exemplos da importância da torcida na virada de situações difíceis. Os verdes só subiram para a primeira divisão, quando a torcida deles, parou de xingar o presidente e vaiar jogadores e deu um belo exemplo, lotando o estádio e apoiando o time. O Atlético Mineiro, na segunda divisão, teve o Estádio do Mineirão com mais de 50 mil torcedores apoiando e aplaudindo jogadores.

O time está longe de ser um time de futebol. Os jogadores demonstraram ontem uma falta de vontade e apenas assistiram o jogo. (acho que os jogadores deveriam pagar o sócio torcedor, e com um valor maior do que pagamos, afinal eles assistem os jogos dentro do gramado) Mas não vai adiantar ir ao estádio e ficar dizendo palavras, que não sejam para apoiar. Acredito que a diretoria deveria dar chance aos jogadores juniores, porque se for para cair para a segunda divisão, pelo menos iremos dar bagagem a novos atletas.

Mas não vamos cometer erros. Amar não é só criticar, e sim, ajudar. Vamos torcer acima de tudo e contra todos, menos contra nós mesmos.



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