O segredo atleticano
Muito apropriado o título da excelente entrevista feita com o atual comandante do futebol atleticano. Realmente, o futebol atleticano é um verdadeiro segredo. Como se fosse um segredo emprsarial guardado a sete chaves, mas que não dá resultado algum.
Quando o assunto é administração, venda de jogadores, receitas financeiras, patrimônio, marketing, planos mirabolantes, powerpoint com apresentações da Copa 2014, a diretoria atleticana é mestre, é insuperável. O futebol, claro, é relegado ao segundo plano. É apenas um detalhe. O importante é não ter dívidas, é vender bem, é negociar, é a caneta, é a gravata, é o cabelo impecável,etc.
Na entrevista, me chamou a atenção o conhecimento dos números e dos detalhes dos negócios a despreocupação com o futebol. A despreocupação com a situação crítica em que o time se encontra na tabela, como se a bela estrutura e imponente patrimônio, por si só, venham a livrar facilmente o Atlético da incômoda posição em que se encontra. Como se fosse um pormenor. Não vieram jogadores e agora sabe-se que jogadores poderiam ter vindo, mas o Atlético não quis. Na minho opinião, um grave erro.
Pelo visto o objetivo do Atlético não é conquistar títulos e tornar-se grande e respeitado por causa deles, mas sim ser uma empresa no azul, que dê lucros. ‘Não tem clube brasileiro que sobreviva sem vender…’Será? Os clubes vendem, talvez até mais que o rubro-negro, mas trazem também, repõem peças e trazem jogadores bons, que resolvem, que dão gosto de ver jogar e não jogadores que jogam (mal) uma, duas partidas e vão para um relax de semanas no departamento médico.
Aliás, que péssimas contratações o Atlético fez este ano. Jogadores que não mostraram para que vieram. O próprio entrevistado diz que o atual elenco é de ‘qualidade duvidosa’.
Quanto aos juniores, sr., vi todos jogarem, e nem de longe se comparam à safra do começo da década. E tenha a humildade de reconhecer que os rivais revelaram jogadores melhores e tente descobrir qual o segredo deles.
Gustavo é líder? Concordo. E tem história e títulos, coisa que o Danilo não tem. Não tenho nada contra a pessoa do Danilo, mas não entendo porque um jogador de poucos recursos técnicos como o Danilo, que faz um golzinho aqui, outro ali, mas que defende mal, é titular absoluto do time há anos. Não dá pra entender, não dá.
Pelo que entendo da entrevista o problema do rubro-negro é pior do que eu imaginava. O entrevistado disse que os diretores estavam ‘desgastados’ e saíram do futebol para tratar de outros assuntos. Mas o Atlético é o que, afinal? O que mais o Atlético tem para oferecer além do futebol para a sua torcida? Que outros assuntos são esses, além do futebol? Na minha limitadíssima visão, entendo que tudo no Atlético deve girar em torno do futebol, para bons resultados no campo e conquistas. A estrutura deve servir para isso e não o time e a torcida para a estrutura.
Da minha parte, fiquei bastante intranqüilo ao ler a entrevista, porque parece que nosso comandante de futebol não conhece o futebol em si, mas é expert nos números e nos negócios. Pelo visto, não o preocupa muito o fato do time cair para a segunda divisão. Parece até que ele encara isso com naturalidade, como se o Atlético pudesse voltar a hora que bem quisesse à primeira divisão. Mas e as cotas a que ele se refere se o tiem cair? Como ficarão? Pelo que entendi o Atlético tem um faturamento de R$22mi, oriundo de TV e dos sócios e que faltam R$18mi, para fechar um orçamento anual em torno de R$40mi.. Esses R$18mi devem vir de outras fontes, sendo a principal delas a venda de jogadores. Mas e os investimentos? E o retorno que traria um time campeão? Por que não se trabalha sobre essas bases?
Dá a impressão que o Atlético foi largado. E chovem desculpas: não temos dinheiro em caixa(????), não vamos contratar quem não venha para somar, etc.
A mim, como torcedor, só cabe mesmo torcer para que o Atlético, apesar de ter se convertido no que se converteu, ainda consiga escapar do rebaixamento e possa planejar com calma o próximo ano com uma orientação mais pró-futebol e menos pró-business.
Não acredito no ponto de vista do entrevistado, dando a entender que o futebol é apenas um negócio. E mesmo que fosse, o Atlético deveria ser mais competente nessa área e seguir o exemplo de times que apesar de não terem a mesma alardeada ‘saúde financeira’ conseguem dar alegrias às suas torcidas.