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13 out 2008 - 11h55

Meu tio e o Petraglia

Eu tive um tio, já falecido, que Deus o tenha. Em certa ocasião, ele teria ido a uma loja comprar um par de tênis. Por ser conhecido na região como homem de posses, a vendedora lhe mostrou, inicialmente, um par de tênis mais caro. Ao vê-lo, meu tio disse: “Quero um mais barato.” A vendedora, então, lhe trouxe outro par, menos caro. Novamente meu tio retrucou: “Quero um mais barato.” E assim a situação progrediu, até que a vendedora lhe trouxe um par de tênis de qualidade duvidosa, mas de preço irrisório. Meu tio saiu da loja satisfeito, com a sensação do dever cumprido e um par de tênis novos. No dia seguinte, meu tio estreou os novos tênis. Conta minha tia, ao caminhar, já no primeiro ou segundo quarteirão, meu falecido tio deu uma topada no meio-fio e um dos tênis já abriu a frente.

O Petraglia não é meu tio (graças a Deus). Se fosse, eu certamente teria mais dinheiro, trabalharia menos e teria assento em algum departamento importante – e talvez inoperante – de nosso (nosso?) Clube Atlético Paranaense. Ainda assim, prefiro manter distância de nosso imperador (Imperador? Coincidência ou não, Roma cresceu enquanto República e ruiu como Império). Pois bem, há anos venho dizendo para quem se dispõe a ouvir, que o Petraglia (nosso Presidente de Clube, Imperador, Diretor de Marketing, Presidente de Conselho Gestor, Presidente de Honra, Chefe de Serviços Gerais, Patrono etc.) tem se limitado a preferir frases-padrão, tal qual aqueles bonecos de brinquedo que encontramos nas Lojas Américas e outros estabelecimento similares. Não importa a época ou a situação, ele se limita a afirmar: “O mercado de jogadores está inflacionado”, “Não faremos loucuras”, “É hora de pisarmos no freio”, “O futebol nacional anda a passos de cágado”, etc. Desse modo, assim como meu falecido tio fez na compra dos tênis, o Petraglia fez na compra de jogadores, prezando sempre aqueles mais em conta.

Deu no que deu. O mercado continua inflacionado. Pisamos tanto no freio, que já paramos e engatamos a marcha ré, iniciando o período de retrocesso. Ah, sim. O futebol nacional continua andando a passos de cágado, notadamente se comparado aos grandes centros mundiais, mas nós, graças ao Petraglia, estamos rumando a passos largos ao modesto funeral do rebaixamento.



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