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12 nov 2008 - 19h43

Ilusão, Respeito e o vocábulo ‘Corneteiro’

Já faz algum tempo que não dou o ar da graça por esses lados. O acesso continua sendo diário (por dezenas de vezes), mas não tenho palpitado aqui já tem meses. No entanto, tenho ensaiado o que escrevo abaixo há muito em minha cabeça… Vamos lá!

Desde logo, há que se mencionar que existe uma larga diferença entre a ilusão e a cegueira, caros amigos. ‘Mas como assim?’, indagaria um torcedor mais curioso. Respondo: o apoio incondicional a qualquer coisa, seja ela religião, crença ou até mesmo uma entidade futebolística, não pode fazer com que deixemos de enxergar o que de fato acontece simplesmente movidos por influências, principalmente de ordem sentimental.
Ainda não fui claro? Pois bem…

Em 30 rodadas, computamos cerca de 28 pontos, sendo que quatro treinadores passaram por aqui durante esse período (Ney Franco, Roberto Fernandes, Mário Sérgio e Eugênio Souto, o Geninho). Agora, passados mais 4 jogos, somamos 10 pontos e estamos deixando para trás tudo o que aconteceu durante esse ano inteiro (e que vem nos afligindo há tempos!). É visível que o time simplesmente “resolveu” se portar dentro de campo de acordo com as nossas tradições (e isso é louvável!), mas “nem tudo são rosas”.

Digo isso porque acabei de ler textos de alguns torcedores pregando a existência de uma tal “cornetagem”. Tal vocábulo deve ter surgido pelas épocas da nova baixada quando, sofrendo influências externas oriundas da “cegueira alheia” (com o máximo respeito), alguns torcedores começaram a se voltar contra os outros e “criticar a crítica”. A crítica exacerbada não leva a nada, concordo. No entanto, todos pagam ingresso e têm o direito de falarem o que pensam. Ressalto: “há uma larga diferença entre a cegueira e a ilusão”.

É claro que somos movidos pela paixão, pelo amor incondicional ao nosso clube. No entanto, passada a euforia do jogo, temos que ser conscientes para fazer uma análise mais fria da situação. Muito embora se fale muito em equilíbrio e ausência de superioridade de algum time esse ano, o Atlético está muito aquém dos que estão lá em cima. Isso é fato. Vencemos os últimos jogos, mas o time é limitado. De fato, por hora isso não importa. Temos é que escapar da degola. Mas então por que pensar assim? Porque já fazem anos que não montamos um time sequer “meia-boca”, estável, e que passe confiança aos torcedores. Sejamos honestos.

O que tenho notado, entretanto, é que parte dos torcedores não possui esse “feeling” e se mantém eternamente na empolgação de uma vitória, por vezes se iludindo. Mais do que justo. Ótimo. A discórdia é algo normal, ainda mais em se tratando de discussões futebolísticas. Só que sempre com respeito. E é justamente daí vem a segunda parte do título deste texto. Não se pode passar a ofender o torcedor que, tanto quanto os demais, paga seu ingresso e está enxergando a situação num contexto geral. Manifestando seu amor de forma diversa com a que o faz o outro ao lado. Isso é questão de respeito, no mínimo.

E aí palavras como “cornetagem”, que devem ter surgido pelos lados da Nova Baixada, começam a ser literalmente vomitadas. Quero deixar claro que não critico aqui a construção do nosso estádio, nem muito menos a paixão dos nossos torcedores, mas sim o falso “atleticanismo” que se criou nessa nova era. Pessoas dando pinta de “grandes e históricos atleticanos” começam a se mostrar adeptas à “ilusão”, tentando ser o que não são e falar o que não sabem. Explico: ninguém é mais torcedor do que ninguém porque se mostra iludido, achando sempre que está tudo bem e não vendo nada de errado. A crítica não é inimiga da perfeição, muito pelo contrário.

Considero-me um torcedor assíduo e fanático. Estou sempre em todos os jogos, inclusive viajando quando posso. Nem por isso torço mais que os outros. Nem por isso deixei de respeitar a opinião alheia. O problema (esse sim!) é falar sem fundamento, sem acompanhar, sem auxiliar o clube de qualquer forma.

O fato é que nosso time é ruim, especialmente jogadores intocáveis como o Netinho, que vive na mídia e na boca da imprensa. Odeio. Nem por isso deixei de respeitar quem dele gosta. E nem por isso deixei de reconhecer que fez um bom jogo contra o Figueirense, quando inclusive me propus a conversar com ele numa churrascaria no domingo.

Enfim, caros amigos atleticanos, vamos procurar olhar a situação com mais frieza, atentando para os nossos problemas e verificando que não é tudo às mil maravilhas. Temos de ter serenidade e calma nesse momento. Vamos nos respeitar! Ser cego não é ser torcedor; não é ajudar; não é ser mais do que ninguém. Ser cego é tentar fazer acreditar estar sendo algo que não se é.

“Como um anjo caído, fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo é sempre a pior mentira…
Mas não sou mais tão criança,
A ponto de saber tudo”.
(Legião Urbana – Quase Sem Querer)



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