O saldo positivo das eleições: a criação de um movimento oposicionista
Passadas as eleições, mas mantido o ambiente de um combate para o qual não podemos esmorecer – qual seja aquele que devemos lutar para ver o nosso Atlético sempre maior, mais vitorioso, mais popular – permanece em mim uma sentimento de ORGULHO, não por ter sido, mas por SER OPOSIÇÃO ao mandarinato (na brilhante expressão cunhada pelo Professor Faria) que tem exercido o poder em nosso amado Furacão há décadas.
E esse orgulho – que obviamente tem base principalmente na convicção que tenho que as coisas podem ser muito melhores no Atlético, se mudadas as premissas que vêm balizando a sua administração – lastreia-se também em outros dois fatores: a) na oposição sinto-me coerente, porque ali situam-se pessoas que sempre admirei pelas opiniões expressas sobre o nosso Clube, a saber (correndo o risco de cometer injustiça por esquecimento): o Professor Faria, o Binho, o Juarez Villela Filho, a Fernanda Romagnoli, os companheiros que mais respeito na Fanáticos, além de inúmeros atleticanos ‘anônimos’ que se movem unicamente pela paixão desinteressada pelo Furacão; b) a certeza que tenho de que a manutenção de um movimento de oposição sério, responsável, firme e permanente só fará bem ao nosso Atlético e, a depender de nossas ações, fatalmente será vitorioso (e o Atlético também), como já vi acontecer em inúmeros clubes brasileiros.
Para mim essa oposição não tem como papel o exercício indiscriminado da crítica ou a prática detestável de apedrejar toda e qualquer iniciativa da Diretoria eleita, que são as atitudes que o senso comum geralmente liga a um movimento oposicionista. Não, se trata de mantermos a vigilância aos atos da diretoria e cobramos coerência em relação aos compromissos assumidos na campanha, de modo que sejamos mais um fator a garantir e a exigir o bom andamento da gestão do nosso Atlético.
Gostei muito de uma fala do Malucelli, novo presidente do Atlético, que ouvi outro dia desses na Band News: ‘Sou o presidente de todos os Atleticanos: da situação, da oposição, das torcidas organizadas, dos sócios, dos torcedores…’ Essa frase me soou alvissareira e me fez sentir incluído novamente na grande nação dos fanáticos torcedores atleticanos. De alguma forma me aliviou das feridas que faltamente um processo eleitoral como o que vivemos deixam na alma da gente, principalmente quando sabemos (e poucos têm coragem de negar) que o poder econômico foi decisivo – em vários sentidos – para o resultado do pleito.
Do novo presidente atleticano eu espero, além do cumprimento das promessas de campanha (ou ao menos que se empenhe ao máxima para cumpri-las), que respeite o direito à alteridade e à manifestação de pontos de vista diferentes. Porque essa foi – ao lado de outras relacionadas mais estritamente à gestão do futebol – uma das mais graves falhas do grupo que vem se perpetuando no poder: a intolerância às críticas e ao questionamento por parte dos atleticanos.
Desejo à toda a nação atleticana, após o sofrimento passado em 2008, um excelente Natal, inspirado nos verdadeiros valores que ele deve nos fazer recordar, e um Ano Novo que realmente mereça esse nome, embalado por grandes conquistas rubro-negras.