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7 jan 2009 - 9h12

Afinal, como estamos?

O ano que passou foi um ano de sofrimento para os atleticanos: incertezas sobre a permanência na Série A custaram, pelo menos para mim, alguns fios de cabelos brancos a mais numa cabeça onde cabelos, sejam pretos ou brancos, já são uma minoria em decadência, sem trocadilho. Puxando pela memória, imagino que, na história recente do Atlético, só os anos de 92-93 encontrem eco como “anos de horror”.

Após o retorno à primeira divisão, em 96, o desempenho foi num crescendo (com a exceção de 98), que culminou com o título de 2001. Depois do título de 2001, o que se viu foram alternâncias e oscilações de desempenho, sendo que, ao contrário da fase anterior, as exceções é que foram momentos positivos, como o doído vice de 2004 e o inesperado vice na Libertadores. Fora esses dois momentos, o que se viu foram desempenhos fracos, sendo que nos últimos três anos esse passou a ser pífio. Talvez cause maior revolta o fato de que, mesmo com esses desempenhos fracos, o Atlético ficou na 12º ou 13º posição no campeonato. A impressão que fica é que, se houvesse tido um pouco mais de qualidade, nos torcedores não teríamos de sofrer tanto. Outra impressão que fica é que o campeonato brasileiro é uma piada, em que os clubes de futebol parecem buscar somente negociar jogadores com o exterior, ou seja, o campeonato brasileiro é como uma grande feira, nada mais que isso.

Que o desempenho fraco do Atlético tem sido causado por experiências de marketing e erros de estratégia, até meu pé de arruda já sabe, de tanto que arranquei seus ramos e justifiquei meus atos em nome de ajudar a tirar as ojerizas do Atlético. Imagino que outros milhares de torcedores tenham realizado suas mandingas, da mesma forma como eu fiz, buscando salvar o Atlético de uma queda para a segunda divisão. Então eu fico em dúvida se, de fato, foi o Geninho ou foram as rezas e promessas generalizadas quem salvou o Atlético. Pensando melhor, creio que foram os dois juntos…

Depois de ter suado sangue naquele domingo do jogo contra o Flamengo, suspirei sonoramente ao apito final e somente então fui à geladeira pegar uma cerveja: minha mão ainda tremia forte quando abri a garrafa. Depois de um gole bem dado, pensei: “finalmente acabou”. Inevitável recordar de dezembro de 2001, em que o nervosismo foi parecido, mas os motivos tão diferentes! Dessa vez não havia a explosão de alegria, mas o alívio contido. E depois não veio o orgulho, mas sim a revolta.

Na segunda após aquele jogo, a revolta já se transformava em esperança, e esse é talvez o maior mal dos que usam o coração para julgar. Esperava que as lições tivessem sido aprendidas e que as coisas mudassem de forma definitiva. Mais uma vez, o mesmo erro.

Já é começo de janeiro e o Atlético-sob-nova-direção parece um herdeiro de velhas heranças. Já começaram os mesmos discursos, o principal sendo “não vamos entrar em leilões para contratar novos jogadores”. A coisa é simples assim: ou entra nos leilões ou não contratará ninguém. Se fosse uma maravilha jogar no Atlético, imagino que não haveria necessidade de leilão, o sujeito viria aqui bastando uma proposta decente. Não parece ser o caso, afinal o Moracy Sant’Anna preferiu um clube do Uzbequistão ao Atlético e o fato é que, por aqui, a coisa anda tão ruim que o sujeito prefere jogar o campeonato paulista no Guaratinguetá do que o paranaense no Atlético. Então sempre surge alguma sumidade justificando a ausência de contratações com a velha ladainha da “realidade do mercado”. Essa “realidade do mercado” é que permite ou justifica vender em vez de comprar, sendo essa tal “realidade” que empurra o Atlético cada vez mais para o grupo dos times coadjuvantes, nesse circo que é o futebol brasileiro. Só que o torcedor já está de saco cheio de ser palhaço.

Não estou nem um pouco interessando se os coxinhas querem comemorar seu centenário ou seja lá o que for. Gostaria de torcer pelas vitórias e conquistas do Atlético, e não pela derrota dos porqueiras. Mas para colocar água no chope deles é preciso melhorar a qualidade do grupo, senão lá se vai mais um paranaense de bandeja.

Quanto ao plantel, sai Alan Bahia e daqui a pouco irão sair outros. Entrar que é bom, somente o tal do Preá. Ele que me desculpe, mas se fosse ao menos regular, o Palmeiras não o liberaria, carente que está de atacantes de qualidade, com a saída do Alex Mineiro e o “imbroglio” com o guri coxinha. E “investir em pratas da casa” parece mais soar com “não conseguimos absolutamente nada”. Talvez a gurizada venha a desempenhar bem, mas não foi o que vimos quando eles tiveram chance. É esse o plantel que a nova diretoria vai oferecer aos milhares de torcedores atleticanos? Ou a estratégia será a mesma dos últimos anos, em que se espera o fim do paulista para ficar com as sobras, as xepas, a rapa da panela e os supostos craques da Ponte Preta, do Ituano, do Noroeste, etc.? Isso é o melhor que o Atlético consegue? Se for, a coisa está feia.



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