Racismo no Couto Pereira
Creio que essa cena de racismo descrita em matéria da Furacao.com não vai ser divulgada pela imprensa e nem dará em nada, porque até agora só torcedores do Atlético que estavam lá relataram o que aconteceu. Só que ninguém filmou nada ou pelo menos nenhum vídeo foi divulgado, pois se tivessem filmado e mandado para as TVs locais, o ato racista tão escancarado certamente iria ao ar e a polêmica seria outra. Sem imagens, isso vai acabar ficando só no campo das acusações, principalmente se quem lançou os impropérios não for indentificado.
Vejam um exemplo:
Aqui na San Francisco Bay Area, mas especificamente em Oakland, na madrugada de Ano Novo deste ano, houve um confusão dentro do BART (o metrô local) e alguns dos supostos envolvidos (todos negros) foram retirados do trem pela polícia (todos brancos), agredidos dentro da estação, e em um determindado momento, quando um dos suspeitos, um jovem negro de 22 anos, estava rendido, desarmado e deitado com a cara no chão, um dos policiais simplismente saca sua arma e do nada dá um tiro nas costas do rapaz que morre na hora.
A versão da polícia é de que eles não teriam agredido ninguém e que o policial atirou porque o suspeito agiu de modo ameaçador. As câmeras da estaçao de metrô não mostravam claramente o que aconteceu e essa mentira estava sendo divulgada como a versão oficial dos fatos. Isso até começarem a pipocar nas estações de tv locais e nacionais vídeos, vários vídeos diferentes, gravados por outros passageiros com seus telefones celulares de vários ângulos, mostrando como realmente foi a mal-fadada ação policial, mostrando exatamente as agressões e seus autores e principalmente o momento exato do tiro, deixando claro que o rapaz estava no chão, de costas, desarmado e colaborativo.
Depois disso, o policial psicopata que até então estava limpo, responderá por assassinato. O nome do jovem assassinado é Oscar Grant. Os vídeos causaram revolta em toda a comunidade, principalmente em Oakland, onde a maioria da população é composta de pessoas negras. Protestos eclodiram nas ruas da cidade e eu aposto que se esse policial não for julgado e condenado exemplarmente, pode-se esperar por outra explosão de protestos e violência por parte da comunidade negra, como a acontecida em Los Angeles em 1992 no caso Rodney King.
E todo esse desenrolar só está acontecendo porque pessoas comuns tiveram a iniciativa de usar seus celulares para filmar os fatos como eles realmente aconteceram e isso literamente trouxe a tona a verdade.
No caso do racismo no Atletiba, não adianta muito apenas os torcedores atleticanos contarem o que viram, porque apenas outros atleticanos vão acreditar, os coxas vão negar o fato e a polícia vai fazer como se nada tivesse acontecido. E certamente devia ter muita gente com celulares equipados com câmeras nas arquibancadas do tremendão domingo passado.
Deixo aqui a sugestão para todos os colunistas da Furacao.com de escreverem uma ou mais colunas incentivando as pessoas a sacarem seus modernosos celulares e filmarem sempre que fatos alheios ao jogo ou à normalidade da lei, como brigas, confusões, vandalismo, racismo, atos de selvageria, abuso da polícia ou de seguranças, venham a acontecer dentro dos estádios ou fora deles, na vida cotidiana. Provas cabais podem ser produzidas, injustiças corrigidas e mentiras desmascaras. E tudo ao mero alcance da mão de uma fatia gigantesca da população.