Biênio 2008/2009
Deveríamos aprender a dissociar um resultado positivo da forma com que ele foi obtido. Quando a vitória vem, os defeitos, por mais que existam, tornam-se menos latentes, visto que o objetivo subentendido como três pontos foram alcançados.
E de fato os três pontos vieram em Cascavel e o que preocupa é que veio por um ato final de um único cruzamento certo vindo da direita finalizado pela coragem de Rhodolfo, que aos 45 do segundo cruza o campo e faz um belo gol.
Será que se fosse zero a zero deveríamos estar mais receosos? Acho que não, pois resultados magros contra times absurdamente inferiores passaram a ser naturais para nosso Atlético.
Quero dizer que a coisa está feia. Podem me chamar de abutre, pessimista, do que for, mas reitero: do jeito que está, vamos nos deparar com penúrias futuras bem conhecidas há uns 36 meses.
Me espanta termos chegado a 20.000 sócios e não termos um time melhor qualificado.
Me espanta ver Geninho atuar com um time onde as laterais esquerda e direita só funcionam com jogadores improvisados (Zé e Netinho).
Me espanta ver um meia armador lento, o Julio, longe de ser unanimidade, jogar fora da sua posição, recuado para exercer a função de segundo volante.
Me espanta ver que nosso ataque ainda não está definido.
Me espanta ver Ferreira não chegar sequer a sombra dele próprio há nove meses.
Me espanta ver Raul em férias, que mesmo claramente imaturo, é um lateral lateral.
E o que mais me espanta é ver a massa atleticana feliz com a tal base que não foi rebaixada por detalhes em 2008. Lembramos das gloriosas 9 últimas rodadas, mas nos esquecemos do restante do campeonato.
Tivemos sorte pelo fato do time ter reagido positivamente sobre a imensa pressão sofrida em 2008. Jogou mais, quando outros sentiriam o golpe e jogariam talvez menos. Méritos a Geninho.
Particularmente não acredito nesta base. E, embora parta meu coração, não concordo com o trabalho de Geninho no início de 2009.
Nosso time é vulnerável e bastará defrontar-se contra um time qualificado para vermos nossa defesa exposta. Não tomamos gols contra Rio Branco, Coritiba e Cascavel pela absoluta ineficácia de seus atacantes.
Se jogaremos com apenas um volante, Julio não pode ser o meia recuado. Não tem esta característica, não faz o que Kléberson fazia, não tem cacuete de marcador e não tem velocidade pra sair jogando, fundamental nesta posição, em minha humilde opinião.
Meus caros, creio que o esquema de um time deva ser aquele que melhor aproveita as peças do elenco.
Temos Zé Antonio, um volante que notabilizou sua carreia por gols e fortes chutes da intermediária e o improvisamos na lateral.
Reclamamos durante anos por não ter um meia veloz pra fazer dupla o Ferreira, agora temos Marcinho e não usamos.
Pelas caracterísricas de nossas peças hoje, sou favorável a um 4-4-2 com dois zagueiros e dois laterais (Raul e Alex), um quadrado no meio com Valencia, Zé, Ferreira e Marcinho com Lima e Rafael na frente.
Já que os reforços vieram à míngua, creio serem estas nossas melhores peças.
O que acho incoerente é termos jogadores com certas características positivas, mas insistimos em improvisações que em 40 dias não tem provado retorno. Já estamos em fevereiro, com a Copa do Brasil batendo à porta e um Brasileirão que promete ser muito acirrado. Precisamos definir o esquema, as peças, e os reforços ainda claramente necessários.
Meu maior medo é que a política do com o que tem dá faça 2009 ser parecido com 2008.
O esquema de Geninho seria perfeito se tivesse ele as peças que teve em 2001.
Seu corporativismo com aqueles que ajudaram o CAP no final de 2008 pode estar sendo bom para o ambiente do grupo, talvez não para o time.
Com este esquema, sem mais reforços e com nossas peças dispostas como estão, não vamos a lugar algum.
Mas, continuemos apoiando, sempre cantando!
Aos desesperados céticos de plantão, digo que cobrar e criticar não são nem nunca serão sinônimos de torcer contra.