E o Uruguai?
O Uruguai, aquele país que, em termos de futebol, só está nos livros de história.
Mas eu já tinha escrito outro texto informando do novo sistema tático do tal clube Defensores e ontem eu vi o jogo do terceiro colocado das Eliminatórias, o Chile, não conseguindo jogar nem 5 minutos contra o fraco e jovem Uruguai, que errava gol como eu erro o português.
O Uruguai tem um excelente preparo físico, isto permite que todos os jogadores corram muito.
Todos os jogadores optavam pelo drible, todos os dribles com bola sendo alçada a 10 metros. A seleção uruguaia teve muitos lances que a bola ia para lateral ou se perdia muito à frente e o uruguaio não desistia, sempre alguém se colocava taticamente no seu lugar de origem.
Apresentava duplos laterais, isto, duplos laterais, e era notável que se a dupla lateral esquerda ia ao ataque, a direita estava operando o meio campo.
Quando era atacado, o Uruguai deixava 4 jogadores próximos ao circulo central (os dois atacantes, que não eram homens de área, acompanhados de dois armadores), só acompanhando a bola, oferecendo uma marcação amena aos volantes e zagueiros do Chile que por ali estavam. Mas, às vezes, no decorrer da produção e toques dos chilenos, que não conseguiam penetrar a marcação uruguaia, era dado o bote, que era realizado com os 4 jogadores correndo em direção à bola como se fossem 4 bobos. Corriam também dois jogadores desesperadamente, um atrás do outro, em direção a uma possível linha de toque da bola e, em um momento, eu percebi que era dada uma brecha ou espaço pela linha de 4 jogadores uruguaios, os 4 ‘bobos’ ofereciam este espaço, ou o chileno acertava este espaço ou perderia a bola para os ‘4 bobos’, ou lateral. Se o toque saísse pelo espaço, era interceptado pelos dois jogadores que se adiantaram. Estes dois jogadores sempre corriam em direção a um jogador chileno que estivesse na linha de toque, e este nem recebia a bola e se recebesse, o jogador chileno teria que driblar o primeiro, mas tinha a bola roubada pelo segundo uruguaio. A bola era tomada e surgia um contra-ataque com 6 jogadores.
O técnico do Uruguai fez um sistema tático que transformou a seleção no clube mais tático que eu vejo jogar em tempo real.
E daí?
Dai que o Uruguai é só quinto das Eliminatórias, mesmo ganhando do líder e quase dominando 75% do jogo na casa do visitante.
Daí que agora somos o Uruguai sem credibilidade alguma, mas podemos nos organizar como os uruguaios.
O Atlético, quando sai com a bola, é toquinho para lá, toquinho para cá. Às vezes o Rhodolfo conduz a bola e dribla um, dois, fazendo aquilo que o Fransérgio fazia na Copinha. Os uruguaios fazem isto toda hora. Os zagueiros conduzem a bola até o meio campo, ninguém do Chile marcarcavam os zagueiros, e o zagueiro uruguaio ganhava a cobertura inicial dos demais zagueiros. Depois, ao chegar ao meio campo, o zagueiro tinha a opção de tocar para um volante ou para um lateral para correr.
O Atlético tem um meio-campo fraco e Uruguai não tinha criação nenhuma, ele dava chutão para lateral e ficava esperado o Chile tentar atacar e errar.
Laterais. É, o Uruguai tem 4 laterais, os 4 correm muito. Às vezes a bola era alçada a 30 metros, a um metro da lateral. O zagueiro do Chile ia um metro atrasado e tomava o drible também na corrida, e se o zagueiro chagasse antes, colocava para lateral. Se ele dominasse a bola, acontecia uma disputa e ele poderia perder a bola.
Erro do Uruguai: demasiadas bolas mal cruzadas na área, objetivando o erro dos zagueiros, para que ela sobrasse para alguém. Ou seja, os cruzamentos sempre eram a um metro do chão, saindo o cruzamento da linha da grande área. Mas isto é o técnico que manda fazer. Deu resultado. A maioria das bolas era rebatida fracamente, sobrando sempre no quarteto que ficava fora da área uruguaia, composto por um dos laterais do lado que não foi apoiar o ataque, um volante e mais um meio-campo.
Devemos observar o Uruguai. Se conseguirmos um esquema tático como os deles, teremos resultado mesmo não tendo um plantel de qualidade individual. Temos que treinar muito, os zagueiros têm que apreender a não dar chutão para lateral, mas alçar a bola a 10 metros na frente. Se der errado, é lateral ou fica longe. Se der certo, temos a posse de bola.
Os laterais duplos tem que ter pensamento rápido, tabelas rápidas, e alternar com o atacantes que ficam fora da área. Temos que ter um volante que seja especialista em roubar a bola e treinar para que este seja acompanhando por mais um jogador para garantir o sucesso quando tomar a bola.
Treino… Ensaios.