Valorização
Antes de qualquer coisa, gostaria de esclarecer que não voltei a escrever colunas, como fazia no furacao.com desde 2005 e no rubronegro.net desde 2002. A minha decisão de abandonar as colunas em razão do cargo que passei a exercer na diretoria atleticana, de primeiro secretário do Conselho Deliberativo, impede por razões éticas de manter-me como colunista periódico. No entanto, resolvi escrever uma coluna de caráter excepcional, na véspera da decisão do Campeonato Paranaense.
O motivo que me fez voltar a escrever é a preocupação com a tendência de desvalorização dos nossos atletas por nós mesmos, torcedores atleticanos. Se os jogadores não forem o mais importante patrimônio de um clube de futebol, certamente são dos mais valiosos. Um elenco campeão é valorizado, todos os atletas, inclusive aqueles de menor destaque, agregam um valor aos seus contratos, seja para futura negociação ou mesmo numa eventual renovação. Assim acontece com qualquer clube do mundo, exemplos não faltam, dentro do próprio Atlético observamos recentemente uma valorização enorme dos nossos garotos VICE-campeões da Copa São Paulo. Ou seja, pode-se afirmar, sem medo de errar, que uma boa campanha já é suficiente pra valorizar aqueles que dela participam.
E esta valorização não é só financeira, por mais fundamental que seja negociar jogadores para um clube sobreviver no futebol brasileiro, por mais doloroso que isto soe. Afinal, nenhum atleticano fica feliz quando nossos craques são negociados. Esta valorização também é psicológica e pessoal. Um grupo vencedor é muito mais forte do que um grupo que nada ganhou.
Vejamos o Sport Club do Recife, campeão da Copa do Brasil em 2008, tido por muitos como um dos mais fortes do país neste início de 2009. Depois da conquista o time se auto-afirmou, ganhou moral, como dizem na gíria do futebol e tornou-se quase imbatível, no Campeonato Pernambucano e na Taça Libertadores (até quarta passada era a sensação do torneio). Este celebrado Sport tem no time titular nossos conhecidos Igor e Durval, o veterano lateral Dutra que sempre foi um jogador mediano, os volantes Sandro Goiano e Andrade que não servem mais ao Grêmio e ao rebaixado Vasco da Gama, respectivamente, e os meias Luciano Henrique e Paulo Bayer, ambos com mais de 30 anos e carreiras de altos e baixos. Este time é forte? No papel não é, mas em campo tornou-se forte, valorizado, temido pelos seus adversários. Os jogadores têm respaldo da torcida, da diretoria, da comissão técnica e da imprensa, aumentando a auto-estima do grupo.
O Atlético sofre do contrário há um bom tempo. Sem ganhar nenhum título há quatro anos e com poucos jogadores no elenco que já conquistaram alguma coisa em suas curtas carreiras (a maioria tem menos de 25 anos de idade), o Atlético não vem conseguindo se afirmar neste início de ano, repetição daquilo que vimos em 2008. Tenho certeza de que campeão estadual, este time teria outro rumo no Campeonato Brasileiro do ano passado. Papel que coube ao rival que saiu fortalecido de um título no Joaquim Américo e navegou por águas mais calmas no nacional. Não diria que chegaríamos à zona de classificação para a Libertadores, como o Coritiba também não chegou, mas um resultado muito melhor seria obtido.
Este grupo precisa incorporar o espírito de vencedor e isto não se compra, conquista-se. O Atlético precisa ser campeão paranaense, voltar ao topo do futebol estadual para então arrancar novamente no cenário nacional. Duas vitórias nos dois próximos jogos e um empate do Jota Malucelli garantem o título paranaense ao Atlético. Parece simples, próximo, mas só tornar-se-á real se na prática os resultados vierem. E neste momento nossos atletas precisam ser valorizados por nós mesmos, apoiados, conduzidos para o título! De nada adianta vaiarmos aqueles que defendem nossa camisa, pois sob vaia, nenhum “perna de pau” vira craque, pelo contrário, um bom jogador pode se abalar e cair de rendimento. Além de que uma depreciação de nossos próprios atletas é uma desvalorização do clube como um todo.
Outrora, bons jogadores como Fabrício, Kleber, Ilan, Rodrigo Souto, Evandro, Cristian entre outros, foram xingados, vaiados por nós mesmos, atleticanos. Talvez com um pouco mais de paciência todos teriam sido mais valorizados por aqui e quem colheria estes frutos seria o próprio Atlético, ou melhor, nós atleticanos que somos a personificação do clube.
O papel do torcedor é muito mais importante do que podemos imaginar e qualquer ato pode ter uma consequência enorme, pro bem ou pro mal do clube. Acho que todo atleticano quer o bem do Furacão, então vamos dar nossa parcela de apoio. Isto legitima até uma eventual cobrança futura, depois dos noventa minutos, pois sua contribuição positiva foi dada.
Saudações rubro-negras a todos.