Minha avó
Gostaria de dedicar o título de campeão paranaense para a minha avó Emília, falecida no último dia 25. Uma pessoa que sequer gostava de futebol, mas a cada triunfo atleticano mostrava sua felicidade. Ainda me lembro de sua ligação para mim no ano passado, quando disse não entender muito bem o que havia acontecido, com o CAP ganhando do Coritiba na final, mas perdendo o título. Depois de eu explicar para ela a questão do saldo de gols nas duas partidas ela exclamou: Mas meu filho, é melhor ficar em segundo do que em terceiro.
Seus últimos dias de vida foram sofríveis, tanto para sua família, quanto para ela. No 1º dia de UTI, quando foi visitá-la, ela apertou meus dedos, e eu falei que estava aguardando sua volta para casa, para podermos assistir novela juntos, ela fazer seus tricôs. Disse que a mãe não sabia fazer café direito, e por último, que o Campeonato Paranaense estava no fim, e eu tinha certeza de que o CAP seria o campeão, mas sua única reação foi mexer a cabeça fazendo sinal de negativo.
Tenho vivo na memória lembranças do dia 23 dezembro de 2001, quando após a maior conquista atleticana ocorrida naquela tarde, liguei para ela para sairmos jantar, meio que já aguardando o seu rotineiro não para encontros familiares, mas naquela noite ocorreu o contrário, ela aceitou o convite, e disse que só iria se tivéssemos uma camiseta do Atlético para emprestarmos para ela vestir. Eu acredito que dei aquela camiseta para ela naquela ocasião, e quando soube de seu falecimento, fiz questão de procurar por aquela peça de roupa. Infelizmente não encontrei, mas dentro de seu caixão, deixei uma camiseta do Atlético, que não foi a usada naquela vez, pois já tinha a estrela bordada. Foi a maneira que encontrei de dar a ela um último presente.
Vó, mesmo sem ser atleticana, eu tenho certeza que hoje, onde quer que você esteja, você está vestindo vermelho e preto, comemorando mais esta conquista rubro-negra. Infelizmente dessa vez a senhora não está aqui para me ligar, mas tenha certeza que sinto sua falta.