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15 maio 2009 - 19h14

Síndrome pituitária

Doença descoberta em meados do século passado, mas muito prevalente em nossa sociedade nos dias de hoje, consiste numa exacerbação (aumento) de sintomas que relacionam-se à uma importante diminuição na produção de GRH (hormônio do crescimento) – antes própria do Nanismo, no qual a glândula hipófise sofre alterações congênitas que acarretam diminuição na formação estrutural do corpo humano. Como diagnóstico diferencial desta, aquela patologia em questão somente vem a ocorrer após os 20 anos, ou seja, depois de completado o desenvolvimento do organismo, então exclusivamente para adultos.

Síndrome porque é um conjunto característico de sinais e sintomas. Pituitária porque é a hipófise, neste caso, que altera sua síntese hormonal a ponto de afetar consideravelmente o raciocínio, trazendo modificações severas quanto ao animus, ao arquétipo neoplatônico, agindo diretamente no ego, dali exteriorizando-se por interferências na persona, abalando por conseqüência o inconsciente social, para outros, inconsciente coletivo, no sentido de repreensão das necessidades e potencialidades dos afetados.

Deixando a Acondroplasia de lado – mesmo porque temos grandes nomes na sociedade brasileira como Nelson Ned, Maxuel Santana, Tatiane Laia, o casal de Curitiba que é o menor do mundo e até mesmo o anão pornô do Pânico, além dos nossos vários rubro-negros e também dos anônimos, todos com extremas dificuldades de inclusão social, tanto pela tolice do preconceito quanto pelo despreparo da sociedade em lidar igualitariamente com as minorias, direcionando muitos destes à atividade circense, comédias televisivas ou fetiches cinematográficos, como última alternativa profissional – vamos tratar de nossa “alusão”.

Particularmente à Síndrome em questão, redução mental, dificuldades de concentração e perda da memória, ligeira depressão, artralgias neuropáticas, “transferências freudianas”, aumento do mau colesterol, tendência à obesidade central (formação da típica “pança de cerveja”), alterações humorais, distúrbios da psique, crises de identidade e de autoconfiança, até mesmo elucubrações sexuais como o “complexo de corno”, são as principais particularidades que se agrupam nesta cumulante modalidade doentia.

Longe de ser um processo contagioso, este mal atinge apenas (e graças a Ele) pessoas que são adeptas da concepção do “Paradigma grande-pequeno”.

-“Sim, pode você não crer em paradigmas, mas que eles existem, existem.”

Estes, pacientes candidatos em potencial, são aqueles maniqueístas que tratam o seu way of life na base do “oito ou oitocentos”, do “Deus/Diabo”, “água/vinho”, “yin/yang”, “positivo/negativo”, “bem/mal”, e como não poderia deixar de ser, na base do “grande/pequeno”. Sincréticos dualistas, só acreditam no “ver para crer”, renegando toda e qualquer espécie de diferentes alternativas, que não coadunem com seu pensamento bipolar.

No mundo do futebol – não lido aqui com os outros mundos da vida – sua crença funda-se em que só é possível viver se for “grande”, que só o que é “grande” presta, apenas o “grande” aduz qualidade. Quando há falta de resultados (leiam-se títulos), ou até a perda da primeira partida, o complexo de inferioridade toma conta e faz reprimir, abaixando-se a cabeça na rua, pedindo água com gás no bar, fechando as cortinas da casa, falando baixo ao telefone, rejeitando emails, imaginando o brotamento de galhos occipitais e até mesmo broxando…

Paradoxalmente, aqueles que vencem campeonatos por sua vez também se acham os “grandes”, conferindo pequenez a todos os outros. Formam um elo entre clube, torcida e jornalistas marrons, disseminando a ilusão de sua eterna catingoria. Ambos vomitam a máxima “este time é time grande, aquele time é time pequeno”, sem mesmo sequer conseguir fazer idéia quiçá explicar o que seja esta concepção de “tamanho”; perguntem a eles:

-“Onde está a sua “grandeza”, meu caro?”

As respostas virão, na sua maior variedade possível, pois cada um raciocina como pode. E cada qual valoriza o que quer. Analisando-as, poderá você mensurar graus de cultura, inteligência, educação, sociabilidade, presença ou não de princípios, inclusive nível de valoração de sentimentos.

Minha linha de raciocínio, sinceramente não permite limitar-me á esta fútil e vã concepção paradigmática (o dualismo do “grande/pequeno”), a qual necessita urgentemente ser superada (por isto é paradigma), antes que mais afetados pela síndrome referida despontem nas arquibancadas, jornais, tevês, sites e mundo afora.

Ora, caras-pálidas, o Couto Pereira é “grande”, nem por isto significa que é um estádio que possua QUALIDADE. Quem conhece Vila Belmiro e São Januário, descobre que são arcaicos e nojentos elevados de cimento velho cheirando a mijo (tal aquel’outro), e sem QUALIDADE alguma, mas para aqueles torcedores, são “grandes” estádios. A seleção brasileira tem um “grande” respeito a nível internacional, pois lá fora consideram-na “time grande”: pelo amor de Deus, quem conhece futebol sabe no que virou a “seleção” depois de 1982. O Atlético foi campeão brasileiro em 2001 sem “grandes” contratações. A Rede Paranaense de Comunicação tem uma “grande” audiência, tal qual a Globo no Brasil: sabemos pois dos motivos que movem estes veículos na direção de seus interesses, sem medir escrúpulos. A Gazeta do Povo conta dia a dia o “grande” dia do centenário da agremiação tribal “pele-rosada”. Datena é um “grande” repórter ou um repórter “grande”? Ricardo Prado tinha quanto mesmo de altura quando se consagrou recordista mundial nos 400 medley?

-“Ah, mais óia o tamanho do Michael Phelps…” – disse o derrotado sindrômico, ajeitando suas viseiras laterais.

Isto é, o que importa realmente, não é o “tamanho” das coisas e sim a QUALIDADE delas. Coisa tão simples compreender, que parece como ensinar criança que tomada dá choque. Mas quando o paciente põe na cabeça esta ideia dicotômica do mundo, fica órfão do próprio pensamento, empobrecendo seu vocabulário, limitando seu espírito, impedindo o propósito da vida que é a evolução.

-“Ora novamente, troquem as palavras, energúmenos da língua portuguesa!”

Cada um no seu quadrado, mas todos corretamente adjetivados: Petraglia FOI um ÓTIMO administrador. A Arena É o MELHOR estádio do Brasil. O Geninho É um BOM técnico, mas É o MELHOR que há pra nós hoje. MALUCELLI ESTÁ sendo um ESFORÇADO dirigente. Os juniores SÃO EXCELENTES jogadores, todavia para que “grandes” contratações? Querem “grandes” “nomes”? Contratemos jogadores soviéticos então.

Ah, os inferiorizados dizem que Inter, Cruzeiro, Fluminense, São Paulo, Grêmio e pasmem, Corinthians, são os “favoritos”, porque são “grandes” pois fizeram “grandes” contratações…

-“Vão tomar no esfíncter, seus complexados!” – digo eu.

Larguem de serem filhotes adotivos da mídia formadora de opinião para anarfas e ASSISTAM os jogos dos referidos times acima e vejam, está explícito: eles estão jogando normalmente, sem nada de mais, ora recuados, ora no contra-ataque, tal qual o padrão dos clubes das 2 divisões principais! Se não fosse isso, Criciúma, Paulista e Santo André nunca teriam sido campeões da Copa do Brasil! Por que não reconhecer que está tudo nivelado, e somente alguns clubes têm uma LIGEIRA condição de menor vulnerabilidade? Os gambás tomaram de 3×0 aqui até os 41’ do 2º tempo, não fosse a ARBITRAGEM comprada, que a mídia nem comenta e nem repete o pênalti no Márcio Azevedo aos 3’ do 1º tempo no jogo de lá!

Então fica aqui registrado o meu repúdio àqueles portadores da Síndrome da Pituitária, que acham também que o futebol europeu tem um nível insuperavelmente excelente. Que acham que os inventados Wagneres Love da vida são as soluções ideais. Traz um time destes pra jogar aqui no Brasil, ou põe a legião estrangeira do Dunga pra jogar com um time brasileiro e vê no que dá.

Falta vergonha na cara de certos torcedores, que infundadamente xingam nosso técnico, desdenham a atual Diretoria e antecipadamente sentem-se derrotados com o time que aí está. Ou têm interesses escusos ou não entendem porra nenhuma de bola ou são alienados à podridão midiática.

O atual elenco, com mudanças no setor defensivo, tomando conjunto, tem plenas condições de no mínimo pegar uma vaga na próxima Libertadores. O CT maravilha tem que justificar-se existencialmente, servir para alguma coisa, para tanto é só não desviarem o curso da meninada ao time principal. A história prova que os clubes que investiram nos juniores se deram muitíssimo bem (Flamengo, São Paulo, Cruzeiro etc). Perdeu-se a opção de lapidar este conjunto no Paranaense, mas ninguém é perfeito. Nem eu, nem você nem os pré-derrotados.

Esqueçam os erros e mirem-se no exemplo. No exemplo da vontade. Vontade de viver e torcer pelo Atlético.

Chega de doenças. É muita influenza para tamanhas potencialidades (erro: onde se lê “tamanha”, leia-se “tais”). E vamos tomar umas gotas de otimismo, mesmo que homeopáticas. Porque agora, vai. Se deixarem, vai.

-“Mas quem haveria de não deixar, nobre lunático?”

-“A mídia, a arbitragem e os doentes, caro incrédulo!”

-“Então vamos para a Libertadores, seu visionário?”

-“Claro! Restam 3 vagas. Uma é do Corinthians. Assim como Ronaldo teve que jogar a final contra a França, terá que ir para a Libertadores.”

-“Por que ele é tratado assim como um rei, um “fenômeno?”

-“Porque ele é um jogador raro. É um verdadeiro “bolim-bolacho”.

-“Que é isso?”

-“Bolim-bolacho? Uma bola em cima outra embaixo.”

Fui.



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