Autofagia
Sou torcedor fanático deste time há exatos 41 anos. Ninguém fica mais feliz nas vitórias ou sofre mais nas derrotas do que eu. Não perdia um só jogo do time, mesmo quando passamos 10 anos jogando no horrível e desconfortável Pinheirão.
Sinto orgulho de dizer que fui uma das poucas testemunhas de um jogo amistoso no estádio do Tarumã contra a Seleção do Canadá. Noite, inverno, um frio desgraçado, muita chuva, mas eu estava lá. Aliás, perdemos o jogo por 1 x 2.
Porém, nos últimos anos, abdiquei de ir ao estádio. E sabem porque alguém fanático como eu não vai mais ao estádio, preferindo assinar o PFC e acompanhar o time pela TV? Porque nos últimos jogos que fui, acabei arrumando confusão.
Eu detesto, eu odeio os vaiadores. Não entendo como alguém pode ir ao jogo e vaiar o seu próprio time, seus jogadores, gritar olé para o adversário. Não, do meu lado não. Do meu lado ninguém vaia o meu time impunemente. Eu parto pra porrada.
Já vi muitas injustiças acontecerem com jogadores que eu gostava muito. Paulo Rink foi um deles. Era o cara pegar na bola e uns idiotas vaiando. Teve que sair, foi para o Chapecoense, onde se tornou o maior ídolo e artilheiro que aquele time já teve. Quando voltou, junto com o Oséas, fez o que fez. Onde estavam os vaiadores?
Agora, recentemente, alguns que por aqui não prestavam, eram insistentemente vaiados, fazem grande sucesso lá fora. Igor, Durval, Cristian, Moraes, Denis Marques, Jorge Henrique, Kléber Pereira e até, vejam só, o Alex Mineiro, que chegou a ter o seu carro apedrejado, entre muitos outros.
Acho que os idiotas vaiadores se influenciam com as opiniões nem sempre felizes dos cronistas esportivos. Nunca esqueço do Sicupira, comentando a saída do Washington do Paraná Clube, dizendo que não se perdia nada, que o cara não jogava nada. E o Carneiro Neto, que chegou a apelidar o Alex Mineiro de Alex Abraço, pois só servia para abraçar o Kléber. E continuam pegando no pé de muitos.
Não que eu ache que não devemos cobrar, mas cobrar de quem tem culpa, cobrar da Diretoria, cobrar de quem contratou. Não do jogador, principalmente quando está em campo lutando por uma vitória. Se ele não tem a qualidade necessária, a culpa não é dele. E o pior é que quando começa esta crise, esta caça às bruxas, muitas injustiças serão cometidas. Muitos bons jogadores se perderão porque não terão a tranquilidade necessária para jogar.
Mas os idiotas vaiadores continuarão lá, vaiando, xingando, se puderem, agredindo.
É, acho que vou continuar não indo aos jogos, senão vai dar confusão.